Ellen e Rangel

Ellen e Rangel, juntos h� cinco anos, s�o rom�nticos assumidos: "Temos relacionamento leve, feliz em que cada um respeita o espa�o e as limita��es do outro", diz a educadora financeira

Alexandre Guzanshe/EM/D.A.press

 

A educadora financeira Ellen Silv�rio, de 42 anos, casada com o corretor de im�veis Rangel Embaixador, de 39, revela que, em tempos l�quidos, acabaram se conhecendo no Tinder. “O namoro come�ou em 2018 e depois de tr�s anos nos casamos. Somos chamados de casal ‘deu match’, inclusive, e at� j� tivemos um programa de r�dio com esse nome. Temos dois filhos, um meu e outro do Rangel, e para mim o amor � um sentimento quase inexplic�vel: s� vivendo para entender. E o amor verdadeiro precisa ser vivido por ambos, j� que � cuidado e exige a aceita��o do outro como ele. Por isso, para n�s, o amor � constru�do e desenvolvido todos os dias. O romantismo faz parte do amor porque, quando se ama de verdade, voc� procura sempre fazer o outro feliz. E quem n�o gosta de ser agradado com os detalhes do romantismo?”, questiona Ellen.

 

Rom�ntica assumida e defensora do amor rom�ntico, Ellen diz que o maior exemplo de amor � Jesus. “Ele espalhou amor sobre a Terra. O amor � constru�do e desenvolvido. Ent�o, estamos sempre evoluindo. Amamos nossos pais, nossa fam�lia, filhos, parceiro, mas somente quando amamos a n�s mesmos, quando temos amor pr�prio, somos capazes de amar de verdade todas essas pessoas.”

 

 

 

Para Ellen, o fato de o relacionamento com Rangel ter come�ado via aplicativo, a fez ter uma outra prova de que o amor rom�ntico � poss�vel. “Nossa rela��o se iniciou nas redes sociais e, com os cuidados e as medidas certas, podemos sim encontrar um amor com o melhor de toda essa tecnologia. O amor para n�s tem como base o respeito, ent�o, se voc� respeita e admira o seu parceiro, o amor entre voc�s vencer� as tenta��es e as facilidades da infidelidade.” 

 

Leia tamb�m: O amor rom�ntico ainda existe?

 

Hoje, comenta a educadora, s�o comuns os relacionamentos abertos e “respeitamos como cada um conduz a maneira de se relacionar. Mas n�o � nossa escolha. Com meu parceiro, o nosso ‘contrato’ � ter um relacionamento leve, feliz em que cada um respeita o espa�o e as limita��es do outro, refor�ando uma boa comunica��o e o cuidado pelo outro. O amor � algo eterno, porque fomos feitos para dar e receber amor”.

 

Os dois vivem o sonho do amor rom�ntico h� cinco anos. “N�s nos conhecemos, namoramos, aprendemos a amar o que o outro tem de melhor e hoje dividimos a vida, a casa, os filhos, as alegrias e desafios. Formamos uma fam�lia e buscamos sempre a felicidade um do outro. Para viver esse amor, l�gico, amadurecemos e entendemos que � importante ter ao lado uma pessoa que compartilha dos mesmos valores.”

 

A sexóloga e terapeuta sexual Bárbara Bastos

A sex�loga e terapeuta sexual B�rbara Bastos diz que acredita no amor, mas, para que seja verdadeiro e rom�ntico, os envolvidos precisam estar abertos de cora��o

Arquivo Pessoal

 

APLICATIVOS

B�rbara Bastos, sex�loga, terapeuta sexual e empres�ria, acredita que no s�culo 21 h� espa�o para o amor rom�ntico. “Amo o amor e sempre vou defend�-lo. Por�m, n�o podemos esquecer que vivemos em um s�culo no qual a tecnologia domina v�rias �reas da vida e isso influencia, sim, os relacionamentos. Desde que os aplicativos de encontro surgiram e foram ganhando for�a, mudando alguns padr�es de conex�es, tivemos um aumento de pessoas com um perfil mais livre no campo sexual e de relacionamento. Com isso, tamb�m tivemos um aumento de perfis de pessoas com uma certa resist�ncia na hora de entregar-se amorosamente para algu�m. Mas isso n�o significa que o amor rom�ntico tenha perdido espa�o. Temos hoje grupos de pessoas que ainda sonham e procuram esse amor, por�m t�m esse bloqueio interno por conta dessas variantes do s�culo.”

 

Mas a sex�loga destaca que sempre convida as pessoas a uma reflex�o. “Nos s�culos anteriores, ser� que o amor era rom�ntico e verdadeiro? Ou apenas uma uni�o “obrigat�ria”, for�ada para servir de status diante os outros? T�nhamos muitos tabus, limita��es, e quem estava fora dessa caixinha e dos padr�es, poderia n�o ser visto com ‘bons olhos’. Diante disso, o que consigo dizer como terapeuta sexual � que acredito sim no amor, independentemente do tempo, s�culo, mas para que realmente seja verdadeiro e rom�ntico, as duas pessoas precisam estar abertas de cora��o e queiram estar genuinamente juntas, com os mesmos objetivos.”

 

Por outro lado, B�rbara Bastos n�o cr� que o amor monog�mico esteja com os dias contados. “N�o acredito nessa possibilidade. Para muitos, pode parecer que n�o, mas a monogamia ainda � algo concreto na sociedade, at� mesmo para parte dos jovens. Com a globaliza��o, m�dias e redes sociais, cada vez mais descobrimos novas formas de se relacionar, mas isso n�o quer dizer que funcione para todo mundo. Cada casal sabe a melhor forma de resolver suas quest�es.” 

 

V�U E GRINALDA

A sex�loga avisa que ainda existem milhares de pessoas que sonham e vivem o amor rom�ntico, o subir no altar com v�u e grinalda, o sonho do pr�ncipe e da princesa. Com todas as mudan�as de comportamento, para a especialista, sempre h� espa�o para o amor. “Simplesmente porque esse � um sentimento comum do ser humano e nunca deixar� de existir. Pode ser que em certo momento da vida, a pessoa prefira viver experi�ncias mais superficiais e n�o se aprofundar, e em outro, ela pode vir a mudar e se entregar de corpo e alma.” 

 

Entre outros fatores, ela aponta que depender� de pessoa para pessoa, das experi�ncias de relacionamentos anteriores e da fase de vida. “O amor � um sentimento comum do ser humano, n�o importa a forma como ele decide se relacionar. N�o � porque a pessoa escolhe se relacionar de um jeito diferente do ‘padr�o’ que n�o existe amor. A quest�o � achar a melhor forma de se expressar e viver esse sentimento e, claro, � necess�rio que seja de forma clara com voc� e com todas as pessoas envolvidas.”

 

PARA LER... 

Mary del Priore, historiadora brasileira e ex-professora da USP e da PUC-Rio, se debru�a sobre a hist�ria do amor. Uma de suas pesquisas deu origem ao trabalho “Hist�ria do amor no Brasil”, pela Editora Contexto. O que � o amor? Sentimento imut�vel ao longo da hist�ria ou manifesta��o vinculada ao seu tempo? As pessoas namoram e se beijam hoje da mesma forma que faziam durante o per�odo colonial? A historiadora responde a essas quest�es percorrendo, com compet�ncia e leveza, 450 anos de ideias, pr�ticas e modos amorosos no Brasil. Da r�gida fam�lia patriarcal at� a “desordem amorosa” propiciada pela p�lula e pela revolu��o feminista, do amor-paix�o ao amor que leva ao casamento, do flerte � paquera, a autora aborda s�culos de vida amorosa no Brasil.  Mary faz uma reflex�o rica e documentada. A obra percorre o Brasil Col�nia, pelos s�culos 19 e 20, mostrando como a concep��o rom�ntica de amor � recente, apesar de ter nuances em formas liter�rias medievais, renascentistas e modernas. Em sua conclus�o, a historiadora assume posi��es instigantes, em defesa, por exemplo, de uma concep��o tradicional de amor, diagnosticando a ang�stia da juventude diante da liberdade sexual e denunciando uma ditadura moderna do gozo.