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Hassan Ouajbir/Unsplash

Com m�ltiplas fun��es, os celulares se tornaram praticamente indispens�veis no dia a dia da popula��o. Os aparelhos m�veis s�o usados numa gama sem fim de atividades, que v�o de trocas de mensagens e realiza��o de movimenta��o banc�rias at� jogos e redes sociais. E cada vez menos, na verdade, para liga��es, principalmente entre os mais jovens. Um estudo divulgado pelo European Heart Journal mostra que essa pode ser uma boa op��o. De acordo com a pesquisa, conversas longas usando o aparelho pode acarretar problemas de sa�de, como, por exemplo, aumentar o risco de press�o alta.

De acordo com o trabalho, liga��es de meia hora de dura��o ou mais no per�odo de uma semana eleva em 12% o risco de press�o alta. "� o n�mero de minutos que as pessoas gastam conversando em um celular que importa para a sa�de do cora��o. Mais minutos significam maior risco", disse, em nota, o cientista Xianhui Qin, da Universidade de Medicina do Sul, na China, autor da pesquisa.

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De acordo com o artigo, os aparelhos celulares emitem baixos n�veis de radiofrequ�ncia, o que tem sido associado � hipertens�o ap�s um curto per�odo de exposi��o. "Nossas descobertas sugerem que falar ao celular pode n�o afetar o risco de desenvolver press�o alta, desde que o tempo de liga��o semanal seja mantido abaixo de meia hora. Mais pesquisas s�o necess�rias para replicar os resultados, mas, at� ent�o, parece prudente manter as liga��es telef�nicas ao m�nimo para preservar a sa�de do cora��o", declarou, em nota, o especialista.

Question�rio

A pesquisa analisou a rela��o entre fazer e receber chamadas telef�nicas por celular e o in�cio recente de hipertens�o. Para isso, foram examinados os dados de 212.046 adultos, com idades entre 37 e 73 anos, dispon�veis no UK Biobank, do Reino Unido. No in�cio da avalia��o, foram coletadas, por meio de um question�rio, informa��es sobre o uso de celular para liga��es, inclusive por viva-voz. Do total, 88% relataram realizar chamadas pelo menos uma vez por semana. Foram classificados, para efeitos do estudo, como usu�rios.

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Durante o acompanhamento, realizado por cerca de 12 anos, constatou-se que essa parcela teve um risco 7% maior de apresentar press�o alta em compara��o aos demais. Aqueles que falaram ao celular por 30 minutos ou mais por semana tiveram uma probabilidade 12% maior do que os que gastaram menos tempo em chamadas telef�nicas.

De acordo com Xianhui Qin, a quantidade de anos de uso dos aparelhos n�o impacta o risco de press�o alta. A utiliza��o da configura��o viva-voz tamb�m n�o influenciou negativamente.

O cardiologista Sanderson Cauduro, da Cl�nica Cardio e Sa�de, do Paran�, destaca a import�ncia do estudo para futuras descobertas sobre a patologia. "A pesquisa pode ser utilizada para identificar causas relacionadas � hipertens�o. Por exemplo, situa��es relacionadas � comunica��o por voz versus comunica��o por digita��o em uma �poca suscet�vel a mecanismos de intelig�ncia artificial", assinalou.

Conforme a investiga��o comandada por Qin, o risco de uma pessoa desenvolver press�o arterial alta se amplia na medida em que aumenta o tempo da conversa telef�nica. O uso semanal do aparelho entre 30 e 59 minutos pode elevar a possibilidade em 8%. Entre uma e tr�s horas de conversa, 13%. Mais de seis horas de chamadas, as chances de hipertens�o crescem 25%.

Fatores de risco

Componentes gen�ticos tamb�m foram levados em considera��o. Quem tinha predisposi��o para apresentar press�o alta mostrou uma probabilidade 33% maior de ser afetado pela hipertens�o em compara��o com os demais.

Sanderson Cauduro destacou que outros fatores podem impactar nesse risco aumentado, como "tabagismo, obesidade, priva��o do sono, excesso de bebidas alco�licas ou excesso de sal na alimenta��o, excesso de produtos processados usados na alimenta��o."

Para Fabr�cio da Silva, cardiologista do Hospital DF Star, o estudo chin�s pode abrir caminho para outros que analisem os h�bitos que a tecnologia criou na sociedade. "N�o apenas aborda sobre falar ao telefone, o que pode repercutir em problemas cardiovasculares, mas sobre a pr�pria rotina de estresse que tem efeito sobre o corpo e aumenta a press�o arterial", observou

Apesar de considerar os resultados s�lidos, Sanderson Cauduro apontou brechas no trabalho, que, segundo ele, n�o elucida e n�o aborda em que circunst�ncia as pessoas estavam falando ao telefone. Para ele, isso pode ser um fator crucial na hora de compreender o desencadeamento da hipertens�o. "Por exemplo, se falavam algo correlacionado com situa��o de estresse, trabalho, lazer ou outras atividades. Mais estudos s�o necess�rios para definir a causa em que o uso do telefone por voz est� associado � press�o alta", assinalou.

O cardiologista da cl�nica paranaense refor�ou ainda que, no geral, o excesso de exposi��o ao celular e telas pode fazer mal ao corpo e � mente. "Isso faz com que as pessoas diminuam a comunica��o tradicional ou se tornem mais reclusas. Dessa maneira, realizam menos atividades f�sicas, o que se torna prejudicial � sa�de", exemplificou.

J� Fabr�cio da Silva enfatizou que o uso dos telefones, sobretudo � noite, pode tamb�m prejudicar a qualidade do sono. "A press�o alta � muito prevalente, � a principal causa de doen�as cardiovasculares e o maior risco de acidente vascular cerebral do mundo. Tratar a hipertens�o reduz o risco de doen�as e prolonga a vida", concluiu.