mesa com vários pratos de comida

A fome � uma sensa��o fisiol�gica que nos faz procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades di�rias de nutrientes

jyleen21/Pixabay
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2023 h� um crescimento exponencial da incid�ncia de obesidade global. Somente entre os brasileiros, 41% da popula��o adulta conviver� com a condi��o em 2035. 

Se a condi��o cresce anualmente entre os adultos (2,8%), durante a inf�ncia a acelera��o est� ainda mais intensa. De acordo com a Federa��o Mundial de Obesidade, o crescimento anual, at� 2035, da obesidade infantil no Brasil � de 4,4%, o que � classificado como n�vel de alerta muito alto, e muito acima da taxa de aumento da obesidade em crian�as em nosso vizinho Argentina ou nos Estados Unidos da Am�rica (2,4%, em ambos os casos).

Atualmente 22,4% da popula��o adulta brasileira apresenta obesidade. Nas crian�as, j� s�o 6,4 milh�es com sobrepeso e 3,1 milh�es de crian�as com obesidade no pa�s. Essa alta preval�ncia acarreta diversas outras complica��es e doen�as.
 

Tassiane Alvarenga, m�dica endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica que a fome ï¿½ controlada por horm�nios que controlam o apetite e o metabolismo que a curto ou longo prazo agem predominantemente numa regi�o do hipot�lamo conhecida como n�cleo arqueado, o centro no qual reside o controle-mestre dos sistemas regulat�rios. Para o n�cleo arqueado convergem dois tipos de neur�nios que exercem a��es opostas: estimula��o e inibi��o do apetite. “A vontade de comer que sentimos resulta de um equil�brio ajustado entre esses circuitos antag�nicos regulados por horm�nios”. 

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Voc� conhece cada horm�nio que controla o apetite?

Tassiane Alvarenga, médica endocrinologista e metabologista

Tassiane Alvarenga, m�dica endocrinologista e metabologista, diz que quando o corpo est� funcionando corretamente, as c�lulas com excesso de gordura produzir�o leptina, o que estimular� o hipot�lamo a diminuir o apetite

Arquivo Pessoal


Tassiane Alvarenga apresenta cada um e desmitifica os seus mitos e verdades.

1-Comemos apenas quando estamos com fome. MITO!

De acordo com a endocrinologista a fome � uma sensa��o fisiol�gica que nos faz procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades di�rias de nutrientes. O ato de ingerir alimentos � causado por uma s�rie de est�mulos (ou sinais). Entre eles est� � diminui��o no organismo, da quantidade de nutrientes como glicose, amino�cidos, gordura ou mesmo a diminui��o da temperatura interna. O que estimula a produ��o de um horm�nio no est�mago chamado grelina que chega at� o c�rebro e ativa toda uma cascata endocrinol�gica que motiva o apetite.

“Tudo come�a com aquela sensa��o de est�mago vazio, a queda da glicose no sangue e a queda da temperatura corporal, est�mulos para a produ��o de grelina. Este � o �nico horm�nio perif�rico com fun��o de aumento do apetite. � muito importante para o controle do apetite - produzido no est�mago e intestino delgado, com um pouco dele sendo liberado no p�ncreas e no c�rebro. � chamado de "horm�nio da fome" devido ao seu papel no controle do apetite (uma das suas fun��es)”, dia a m�dica.

2-Temos apenas um horm�nio produzido no nosso trato intestinal que gera a fome- Grelina. Todos os outros geram saciedade. VERDADE! 

O GLP%u20111 � produzido pelas c�lulas L do �leo e c�lon diante da chegada de alimentos nessa por��o do intestino. O GLP%u20111 exerce diversas fun��es como: redu��o do esvaziamento g�strico e ativa��o das �reas do c�rebro relacionadas � saciedade, al�m de diminuir o paladar para alimentos de alta densidade cal�rica. “A meia%u2011vida do GLP%u20111 end�geno � de apenas 5 min. Existem no mercado atualmente os an�logos de GLP-1 que tentam imitar a a��o deste horm�nio promovendo saciedade, reduzindo gula, e reduzindo o apetite por coisas gostosas”, conta Tassiane Alvarenga.

O Pept�dio YY (PYY) � produzido pelas c�lulas L intestinais, presentes principalmente no c�lon e reto, a partir da chegada de alimentos gordurosos nessa por��o do intestino. De forma semelhante ao GLP-1, o PYY inibe vias da fome e estimula vias da saciedade.

Por fim, Colecistocinina (CCK) horm�nio produzido tamb�m pelas c�lulas L do trato gastrintestinal que diante da chegada de gordura e prote�na nessa por��o do intestino estimula a secre��o de enzimas digestivas pancre�ticas e a secre��o biliar, inibindo o esvaziamento g�strico e o apetite diretamente.

3-Pacientes obesos tem muita Leptina, que � um horm�nio da saciedade, mas ela n�o funciona. VERDADE!

A leptina � um dos horm�nios diretamente ligados � gordura corporal e � obesidade. � liberado pelas c�lulas de gordura e envia sinais para o hipot�lamo, ajudando a regular e alterar a ingest�o de alimentos em longo prazo e o gasto de energia. Se o indiv�duo engorda, os n�veis de leptina aumentar�o.

O que a leptina faz?
A leptina pode ser chamada de horm�nio da saciedade, pois ajuda a inibir a fome e a regular o equil�brio energ�tico, de modo que o corpo n�o desencadeia respostas de apetite quando n�o precisa de energia. No entanto, quando os n�veis do horm�nio caem (acontece quando um indiv�duo perde peso), os n�veis mais baixos podem desencadear enormes aumentos de apetite e compuls�o. Isso, por sua vez, pode tornar a perda e manuten��o de peso mais dif�cil.

“Quando o corpo est� funcionando corretamente, as c�lulas com excesso de gordura produzir�o leptina, o que estimular� o hipot�lamo a diminuir o apetite. Infelizmente, quando algu�m � obeso, apesar de ter muita leptina no sangue, pela inflama��o da obesidade, esta leptina n�o consegue agir direito, uma condi��o conhecida como resist�ncia � leptina: ou seja, a via da saciedade n�o funciona.” Explica Dra. Tassiane Alvarenga.

4-Comer vicia. PARCIALMENTE VERDADE!

Todos t�m outro tipo de apetite conhecido como apetite hed�nico que est� relacionado ao prazer de comer - ativa o sistema de recompensa cerebral (fome hed�nica) relacionado ao prazer e faz o individuo comer sem fome.

Neurocientistas conclu�ram que a sensa��o de felicidade tem origem no c�rebro mais especificamente nos centros do prazer. Uma complexa rede de neur�nios que � ativada ao praticar atividades que trazem felicidade.