Pessoa aplicando semaglutida

A semaglutida promove uma perda de 17% do peso corporal, em m�dia

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Nos �ltimos meses, uma "canetinha" com agulha na ponta virou uma febre entre as pessoas que desejam emagrecer.

Em postagens de redes sociais, celebridades e influenciadores digitais do Brasil e do mundo passaram a divulgar o Ozempic, rem�dio desenvolvido pela farmac�utica dinamarquesa Novo Nordisk.

 

A princ�pio, a semaglutida — o nome cient�fico da mol�cula — foi estudada e aprovada como um tratamento contra o diabetes. Mas logo os cientistas come�aram a observar um "efeito colateral" muito interessante dela: a perda de peso.

Foi assim que o Ozempic come�ou a ter o chamado uso off-label (fora das recomenda��es de bula) alardeado por algumas pessoas como uma forma de eliminar os quilos extras.

 

 

 

 

Mais recentemente, surgiram as vers�es do medicamento espec�ficas para o tratamento da obesidade — elas foram aprovadas no Brasil pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) em janeiro e devem chegar �s farm�cias do pa�s a partir do segundo semestre deste ano.

 

Mas, afinal, para quem a semaglutida est� realmente indicada? E quem mais se beneficia dessa e de outras terapias farmacol�gicas contra o excesso de peso?

 

Segundo m�dicos ouvidos pela BBC News Brasil, esse rem�dio simboliza o in�cio de uma "era de ouro" no tratamento da obesidade — mas o uso indiscriminado dele para fins est�ticos, sem orienta��o m�dica, preocupa.

 

Leia tamb�m: Entenda as diferen�as entre Ozempic e Wegovy, semaglutidas injet�veis

 

 

A BBC News Brasil entrou em contato com a farmac�utica Novo Nordisk, respons�vel por liraglutida e semaglutida, que enviou uma nota de esclarecimentos sobre v�rias quest�es relacionadas ao uso desses medicamentos.

 

No texto, o laborat�rio diz n�o endossar ou apoiar "a promo��o de informa��es de car�ter off-label de seus medicamentos, ou seja, em desacordo com a bula".

 

"O Ozempic, aprovado e comercializado no Brasil para o tratamento do diabetes tipo 2, n�o possui indica��o aprovada pelas ag�ncias regulat�rias nacionais e internacionais para o tratamento de obesidade", afirma.

 

 

"Com o intuito de evitar risco � sa�de com a utiliza��o de medicamentos ineficazes ou inapropriados, a Novo Nordisk recomenda que os pacientes adquiram os produtos em locais oficiais, atentando para as apresenta��es aprovadas pela Anvisa e o pre�o ofertado, regulado pelo Governo Federal", esclarece a nota.

 

Sobre os epis�dios de falta do medicamento, a Novo Nordisk diz que n�o � poss�vel rastrear a finalidade de uso da semaglutida comprada nas farm�cias, mas entende e lamenta "a preocupa��o e poss�veis transtornos que essa indisponibilidade tempor�ria poder� causar em pacientes com diabetes 2, seus familiares e cuidadores".

 

"Encaramos a situa��o de maneira extremamente s�ria e estamos trabalhando incansavelmente para superarmos esses desafios tempor�rios", conclui o texto.

Um rem�dio, tr�s a��es

A confus�o relacionada a essa medica��o come�a pelo nome. Como dito anteriormente, a alcunha cient�fica dela � semaglutida, a qual usaremos como padr�o ao longo desta reportagem.

 

Mas os nomes com que ela � vendida nas farm�cias variam segundo o objetivo terap�utico e a dosagem. O tratamento j� aprovado h� algum tempo contra o diabetes tipo 2 � o Ozempic. Ele � injet�vel e tem 1 miligrama (mg).

 

Uma segunda op��o contra o diabetes ï¿½ o Rybelsus, que vem na forma de comprimidos de 3,7 ou 14 mg.

 

Por fim, o medicamento espec�fico contra a obesidade � chamado de Wegovy. Ele � injet�vel e traz 2,4 mg.

 

Ou seja: falamos de tr�s produtos distintos, cuja semelhan�a � o fato de terem a semaglutida como princ�pio ativo.

 

Mas como essa mol�cula � capaz de reduzir o peso de uma pessoa? A m�dica Simone Van de Sande Lee, diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), diz que ele produz tr�s efeitos no organismo.

 

Isso porque a semaglutida "imita" a a��o de um horm�nio fabricado no intestino: o GLP-1.

 

"O principal mecanismo de a��o desse rem�dio, que pertence � classe dos an�logos de GLP-1, acontece no sistema nervoso central. Ele viaja pela corrente sangu�nea e chega �s regi�es do c�rebro que controlam a sensa��o de fome e o gasto de energia", explica ela.

 

"E isso gera um sinal de saciedade ao resto do organismo, o que faz o indiv�duo ter uma ingest�o menor durante as refei��es", complementa a endocrinologista, que tamb�m � professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O resultado pr�tico disso � justamente o emagrecimento.

 

Outro efeito da semaglutida � o de estimular a libera��o de insulina pelo p�ncreas. Esse horm�nio � respons�vel por retirar da circula��o sangu�nea o a��car obtido dos alimentos e coloc�-lo dentro das c�lulas, onde ser� usado como fonte de energia.

Por fim, o f�rmaco tamb�m retarda o esvaziamento do est�mago — como a comida fica nesse �rg�o por um tempo maior, a sensa��o de barriga cheia acaba se prolongando.

 

Como explicado mais acima, a semaglutida para tratamento da obesidade � injet�vel (ela vem numa esp�cie de caneta, com uma agulha fina na ponta), e deve ser aplicada uma vez por semana.

 

Nos estudos que serviram de base para a aprova��o do medicamento, a perda de peso m�dia entre os volunt�rios foi de 17% — porcentagem que supera o obtido com outras op��es farmacol�gicas dispon�veis.

 

"As medica��es que t�nhamos at� ent�o chegavam, no m�ximo, a 10%", estima o endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Associa��o Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso).

"Al�m disso, a semaglutida � bastante segura, com poucos efeitos colaterais conhecidos", acrescenta.

 

Pelo que foi descrito at� agora, os eventos adversos da terapia s�o classificados como transit�rios, leves ou moderados, e acometem principalmente o sistema digestivo: os pacientes podem experimentar sensa��es de n�useas e enjoos, al�m de quadros de diarreia ou constipa��o.

 

Nas pesquisas, tamb�m foram observados poucos casos de pedras na ves�cula e pancreatite — embora os n�meros n�o tenham sido suficientemente grandes para alcan�ar uma relev�ncia estat�stica.


Caixa de ozempic

O rem�dio ozempic, desenvolvido inicialmente para tratar o diabetes, tamb�m mostrou o potencial de reduzir o peso

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Quando ela � indicada?

Para saber quem mais se beneficiaria do tratamento com a semaglutida, � preciso antes conhecer uma das medidas mais utilizadas para diagnosticar quadros de sobrepeso ou obesidade: o �ndice de Massa Corporal, ou IMC.

 

Para chegar a esse n�mero, basta dividir o peso de um indiv�duo pela altura dele elevada ao quadrado. O n�mero obtido a partir dessa opera��o matem�tica se encaixa em uma das categorias a seguir:


  • Menor que 18,5 - abaixo do peso normal
  • Entre 18,5 e 24,9 - peso normal
  • Entre 25 e 29,9 - sobrepeso
  • Entre 30 e 34,9 - obesidade grau 1
  • Entre 35 e 39,9 - obesidade grau 2
  • Acima de 40 - obesidade grau 3

Vale dizer que o IMC � apenas uma medida de refer�ncia, e nem sempre ele reflete de modo absoluto a sa�de de uma pessoa ou as condi��es particulares de cada um — um atleta de alto rendimento muito forte, por exemplo, pode ter n�meros que ficam acima do "peso normal", mas mesmo assim ele n�o tem sobrepeso ou obesidade.

 

Em bula, a semaglutida est� indicada para todos os indiv�duos com obesidade (ou seja, com o IMC acima de 30).

Ela tamb�m pode ser considerada como uma op��o para pacientes com sobrepeso cujo IMC supera os 27 e h� a presen�a de alguma comorbidade (ou doen�a associada), como hipertens�o, colesterol alto, diabetes, apneia do sono…

 

Em ambos os casos, a aplica��o dela deve estar sempre associada com as mudan�as no estilo de vida, que incluem dieta e atividade f�sica regular.


Homem erguendo peso

O IMC � apenas um indicador e nem sempre reflete a sa�de de um indiv�duo

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Arsenal ampliado

"Historicamente, o tratamento da obesidade � cheio de decep��es", lembra Halpern.

 

No passado, foram aprovadas medica��es que at� funcionavam, mas traziam eventos adversos graves e potencialmente fatais.

 

Antes da chegada da semaglutida, os rem�dios dispon�veis para regular o peso corporal eram poucos: a sibutramina, o orlistate, a liraglutida e alguns antidepressivos.

 

"Falamos de op��es que s�o razoavelmente eficazes, com uma perda de peso que varia entre 5 e 10%", estima o endocrinologista.

 

"Por�m, na maioria das vezes, os pacientes precisam eliminar mais do que isso", complementa.

"O avan�o no conhecimento cient�fico e o desenvolvimento de novos tratamentos permitem a gente viver essa era de ouro no tratamento da obesidade", classifica o cirurgi�o Ricardo Cohen, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz, em S�o Paulo.

Segundo Cohen, a disponibilidade de tantas op��es permite escolher melhor o tratamento para cada paciente, segundo as necessidades dele.

"Na pr�xima d�cada, vamos conseguir individualizar cada vez mais os cuidados. Com o avan�o da gen�tica, inclusive, saberemos de antem�o se uma pessoa com obesidade vai se beneficiar mais de um medicamento ou da cirurgia bari�trica", antev� o m�dico.

Nesse contexto, os rem�dios mais antigos continuar�o a ter valor. Isso porque nem todo mundo responde bem � semaglutida.

De acordo com os especialistas, os antidepressivos tamb�m seguir�o valiosos para os casos em que o ato de comer envolve compuls�es e quest�es emocionais.

Cohen ainda aponta que a cirurgia bari�trica seguir� como uma alternativa importante, especialmente para os casos mais graves (quando o IMC supera os 35 ou os 40) ou para os indiv�duos que n�o respondem �s medica��es.


Mulher segurando cápsulas

Rem�dios contra a obesidade s�o usados por uma minoria de pacientes, mostram levantamentos

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Os novos pilares terap�uticos

O endocrinologista Walmir Coutinho, professor da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), observa que tantos avan�os cient�ficos modificaram at� a ordem de prioridade dos tratamentos contra a obesidade.

Tradicionalmente, as sociedades m�dicas costumavam prescrever mudan�as na dieta e pr�tica de exerc�cios f�sicos como a primeira linha terap�utica para lidar com o excesso de peso. S� quando essas estrat�gias falhavam � que rem�dios ou procedimentos cir�rgicos entravam em cena.

Mas isso come�ou a ser questionado com mais for�a em meados de 2020, com a publica��o das Diretrizes de Tratamento de Obesidade do Canad�.

Coutinho destaca que, pela primeira vez, um documento desse porte reconheceu que interven��es psicol�gicas, medica��es e cirurgia bari�trica formam os tr�s pilares terap�uticos b�sicos — e modifica��es na alimenta��o e est�mulo � atividade f�sica atuam como for�as complementares para a perda de peso.

"A ci�ncia j� comprovou que dieta e exerc�cio f�sico at� funcionam bem no curto e no m�dio prazo, mas perdem a efic�cia com o passar do tempo", cita Coutinho, que tamb�m � ex-presidente da Federa��o Mundial de Obesidade.

Para justificar isso, o endocrinologista cita os resultados de um estudo chamado Action IO, que aconteceu em 11 pa�ses e foi publicado em 2019.

Na pesquisa, a meta era perder at� 10% de peso em tr�s anos com mudan�as no estilo de vida. Ao final do experimento, 84% dos participantes n�o conseguiram, 11% at� enxugaram as medidas, mas recuperaram depois, e apenas 5% atingiram o objetivo estabelecido.

"J� sabemos, com um alto grau de seguran�a, que dieta e exerc�cio n�o s�o a solu��o definitiva para o tratamento da obesidade. Falamos de uma doen�a cr�nica que, assim como o diabetes, o colesterol alto e a hipertens�o, na maioria das vezes vai precisar sim de medicamentos", defende Coutinho.

Embora entrar com os rem�dios logo de cara ainda n�o seja um consenso no Brasil, Halpern aponta que muitas vezes eles s�o prescritos porque o indiv�duo com obesidade costuma passar por uma verdadeira jornada antes de buscar um m�dico.

"Em primeiro lugar, precisamos deixar claro que mudan�as no estilo de vida devem sempre estar presentes", esclarece o m�dico.

"Mas algumas estimativas apontam que o paciente demora cerca seis anos para consultar um especialista. Com isso, muitas vezes j� � preciso iniciar com a medica��o", complementa.

Por�m, apesar de todos os benef�cios observados nos �ltimos anos, as terapias medicamentosas contra o excesso de peso esbarram em pelo menos tr�s grandes obst�culos para deslanchar, como voc� confere a seguir.


Duas pessoas andando na rua

Obesidade causa cerca de 4 milh�es de mortes por ano em todo o mundo

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Preconceitos que n�o v�o embora

"Infelizmente, a obesidade segue cercada de estigmas", lamenta Cohen.

"Para muitos, esse problema ainda � visto como uma falha de car�ter ou falta de vontade, como se a pessoa s� n�o emagrecesse porque n�o se esfor�a ou n�o quer", observa o cirurgi�o.

"N�o se pode jogar a culpa da obesidade nos pacientes. Falamos de uma doen�a cr�nica progressiva que necessita de interven��o, como qualquer outra enfermidade", afirma ele.

Ou seja: pelo que se sabe hoje em dia, a obesidade n�o � apenas uma quest�o de comer demais ou gastar poucas calorias. Trata-se de uma disfun��o metab�lica muito complexa, sobre a qual h� uma influ�ncia de fatores gen�ticos e de estilo de vida.

Essa no��o distorcida sobre o que � obesidade e o que pode ser feito para combat�-la constitui, portanto, a primeira barreira na busca de uma solu��o para o problema.

Coutinho estima que, nos Estados Unidos, apenas 0,8% dos indiv�duos que poderiam se beneficiar dos rem�dios est�o fazendo o tratamento — no Brasil, um estudo antigo calculou que 3,3% dos pacientes com obesidade usavam a sibutramina.

"Temos ent�o cerca de 97% da popula��o que sofre de uma doen�a grave e mortal que simplesmente n�o toma nenhum medicamento", calcula.

O endocrinologista destaca que, segundo organiza��es internacionais e levantamentos recentes, todos os anos s�o registradas 4 milh�es de mortes associadas ao sobrepeso e � obesidade.

E a tend�ncia � que esses n�meros s� cres�am no futuro. "No Brasil, 55% da popula��o est� acima do peso, n�mero que deve subir para 88% at� 2060", projeta Coutinho.

"Em 2020, a obesidade custou R$ 190,5 bilh�es ao pa�s. Esse valor vai saltar para R$ 1,3 trilh�o em quatro d�cadas", complementa.


Mulher fazendo exercício

Na maioria das vezes, exerc�cio e dieta n�o s�o suficientes para manter o peso em longo prazo

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Usos est�ticos inadequados

A segunda barreira citada pelos especialistas � justamente a banaliza��o dos rem�dios mais novos, principalmente da semaglutida.

Como citado no in�cio da reportagem, ela virou uma moda nas redes sociais — e muita gente passou a utiliz�-la por conta pr�pria.

"Esse medicamento tem a tarja vermelha, o que significa que a venda dele depende de prescri��o m�dica", conta Lee.

"Mas, como a reten��o da receita pela farm�cia n�o � obrigat�ria, na pr�tica muita gente consegue comprar a semaglutida mesmo sem ter o pedido de um profissional de sa�de", aponta a endocrinologista.

Coutinho lembra que a semaglutida "n�o � cosm�tico" e ser� necess�rio desenvolver maneiras de inibir esse uso sup�rfluo.

"Tomar a medica��o com fins est�ticos � preocupante, porque isso gera um desbalan�o na rela��o risco-benef�cio", ressalta.

Ou seja, a pessoa que toma a inje��o sem necessidade ter� uma perda m�nima, de poucos quilos, e ainda sofrer� com os efeitos colaterais — ainda mais se o uso � feito por conta pr�pria, sem a orienta��o do m�dico, que busca justamente aumentar a dosagem aos poucos para observar as rea��es e lidar com poss�veis inc�modos.

"A semaglutida n�o � uma droga para voc� perder tr�s quilos e usar uma roupa no casamento de um amigo no final de semana", orienta Cohen.

Halpern aponta que a forma como o medicamento � retratado na m�dia e nas redes sociais contribui para essa no��o distorcida.

"Precisamos entender de uma vez por todas que n�o estamos falando de rem�dios para emagrecer. Eles s�o tratamentos contra uma doen�a", diferencia.

O endocrinologista acrescenta que esse uso est�tico tamb�m afeta os pacientes que realmente se beneficiariam do f�rmaco — nos EUA, por exemplo, foram registrados epis�dios de falta de doses em farm�cias pela alta procura dos �ltimos meses.


Canetinha de semaglutida

Pre�o, estigmas e uso est�tico s�o barreiras para novo tratamento contra a obesidade

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Pre�o salgado

Para fechar, n�o d� pra ignorar as discuss�es sobre o acesso aos rem�dios antiobesidade.

Por ora, nenhum deles est� dispon�vel no Sistema �nico de Sa�de (SUS) — existe at� um pedido de an�lise para a inclus�o da liraglutida, uma mol�cula de uso di�rio que � "prima-irm�" da semaglutida, na rede p�blica.

Isso significa que, at� o momento, os pacientes precisam pagar por conta pr�pria pelo tratamento — ou, caso tenham conv�nio, ver a possibilidade de o plano de sa�de custear essa compra.

Ainda n�o se sabe qual ser� o pre�o cobrado pela semaglutida contra a obesidade (o Wegovy) no Brasil.

Nas farm�cias, a vers�o injet�vel do medicamento que trata especificamente o diabetes (o Ozempic) sai na casa de R$ 800,00 a R$ 1.100,00 ao m�s.

"Ou seja, falamos de um rem�dio que ainda � extremamente caro para a maior parte da popula��o brasileira", constata Halpern.

E isso se torna ainda mais significativo quando consideramos o fato de que o tratamento contra a obesidade � cont�nuo, sem data para terminar.

Essa necessidade de seguir a terapia de forma indefinida, ali�s, n�o tem nada de novo. Ela tamb�m acontece em outras doen�as cr�nicas muito comuns, como o diabetes e a hipertens�o, em que o paciente precisa tomar os rem�dios na periodicidade indicada para manter a press�o arterial ou o a��car no sangue sob controle.

"Esses medicamentos n�o v�o modificar de forma definitiva as altera��es que a obesidade provoca no organismo", explica Lee.

"Na maioria dos casos, a tend�ncia � que a pessoa ganhe peso novamente se o tratamento for interrompido", complementa a endocrinologista.