
Sem qualquer diminui��o nos indicadores, institui��es e pesquisadores come�aram a propor iniciativas focadas na obesidade infantil, como forma de evitar a acelera��o da doen�a a longo prazo.
Em julho, o Fundo de Emerg�ncia Internacional das Na��es Unidas para a Inf�ncia (Unicef), em parceria com institui��es de sa�de vinculadas � ONU e � Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), assinou um documento alertando para o aumento dos �ndices de inseguran�a alimentar e desnutri��o apresentados em todo o mundo.
O cen�rio se tornou ainda mais problem�tico com a pandemia da COVID-19. � o que afirma Doralice Ramos, especialista em obesidade do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO).
“� um desafio gigantesco que estamos enfrentando. Fica claro o quanto a pandemia ainda � cruel com crian�as, impossibilitando que elas pratiquem atividade f�sica e construam h�bitos saud�veis em um per�odo t�o importante da vida”, pontua.
Frente ao problema potencializado pela pandemia, outras iniciativas surgiram. Em junho, o World Food Program (WFP) lan�ou um documento com estrat�gias para a preven��o da obesidade infantil no Brasil.
A Coordena��o Geral de Alimenta��o e Nutri��o (CGAN), do Minist�rio da Sa�de, tamb�m assina o documento que elenca diversas a��es sugeridas na preven��o e tratamento da condi��o, sobretudo em escala local e municipal.
"Fica claro o quanto a pandemia ainda � cruel com crian�as, impossibilitando que elas pratiquem atividade f�sica e construam h�bitos saud�veis em um per�odo t�o importante da vida"
Doralice Ramos, especialista em obesidade
Iniciativas em foco: o combate � obesidade infantil
Ambos os documentos, tanto do Unicef quanto da WFP, t�m como objetivo o trabalho em torno da conscientiza��o contra a obesidade em crian�as. Al�m da produ��o e divulga��o de novos estudos, as institui��es nacionais e internacionais envolvidas est�o investindo em uma comunica��o mais explicativa e did�tica em rela��o aos perigos da doen�a.
“A ideia � levar as pessoas a refletirem sobre o impacto da obesidade nas crian�as, em suas atividades cotidianas e seus reflexos na sa�de quando adultos, tanto em rela��o ao peso quanto ao estigma que tenham sofrido”, explica Guilherme Nafalski, coordenador do Painel Brasileiro da Obesidade (PBO).
Guilherme defende que a comunica��o alerta para os perigos da doen�a de uma forma similar ao que campanhas antitabagistas j� fizeram um dia: “� uma for�a-tarefa mesmo”.
No entanto, apesar do esfor�o proveniente de diferentes organiza��es, a desarticula��o dos atores que trabalham diretamente com a obesidade ainda � um empecilho para ado��o de medidas efetivas e integradas.
“Atualmente, existe uma grande preocupa��o em rela��o � publicidade infantil e ao marketing de alimentos voltado para faixas et�rias mais jovens. Sem propostas unificadas ser� complicado combater a doen�a em suas diversas frentes”, completa o coordenador.
Onde est�o os n�meros brasileiros?
M�dicos, especialistas e pesquisadores brasileiros questionam a escassez de dados confi�veis sobre a obesidade infantil no pa�s. Profissionais da �rea da sa�de aguardam a publica��o de outros documentos e dados para entender melhor o panorama da doen�a, sobretudo ap�s o primeiro ano de pandemia.
Em 2020, a principal pesquisa populacional anual que avalia o estado nutricional da popula��o sobre obesidade, a Vigitel (Sistema de Vigil�ncia de Fatores de Risco e Prote��o para Doen�as Cr�nicas por Inqu�rito Telef�nico), n�o foi realizada.
“Sem pesquisas como a Vigitel, fica dif�cil entender por onde seguir e quais medidas devem ser priorit�rias. A suspens�o desse estudo � dif�cil de se entender, uma vez que se trata de uma pesquisa totalmente realizada por telefone”, lamenta Guilherme.

Para o coordenador do PBO, sem articula��o intersetorial e esfor�o em conjunto n�o h� a��o efetiva contra a obesidade. “Nesse momento vemos n�o apenas uma falta de conson�ncia, mas tamb�m uma falta de informa��o que dificulta imensamente qualquer tipo de iniciativa eficiente. Se n�o existem dados, fica dif�cil escolher uma estrat�gia a ser tomada”, conclui.
A expectativa, no momento, gira em torno da efic�cia da Estrat�gia de Preven��o e Aten��o � Obesidade Infantil (Proteja), lan�ada no m�s passado, pelo Minist�rio da Sa�de.
A iniciativa do governo federal disponibilizar� R$ 90 milh�es em recursos a munic�pios para o desenvolvimento de a��es de combate ao problema e promo��o de h�bitos saud�veis.
*Estagi�ria sob supervis�o