Menino de máscara recebendo vacina

Menino de m�scara recebendo vacina

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Quest�o de Ci�ncia (IQC) apresentaram, nesta semana, algumas das conclus�es da pesquisa Hesita��o vacinal: por que estamos recuando em conquistas t�o importantes?, realizada com a inten��o de refor�ar junto � popula��o e aos pediatras a import�ncia das vacinas para prevenir ou impedir o agravamento de doen�as.

O estudo, in�dito no pa�s, colheu informa��es junto a cerca de mil pediatras brasileiros para compreender a vis�o dos especialistas a respeito da vacina��o e descobrir, ao mesmo tempo, as d�vidas mais comuns sobre o tema, relatadas pelas fam�lias durante as rotinas de atendimento pedi�trico. A �ntegra da pesquisa ser� conhecida no fim de maio, mas dados preliminares j� indicam uma relevante influ�ncia de "informa��es n�o confi�veis" sobre o comportamento das fam�lias.

Segundo a percep��o dos especialistas, esse conte�do � veiculado sobretudo por meio das redes sociais (30,95% deram essa resposta). Aplicativos de mensagens, como o WhatsApp (8,43%), e a internet como um todo (13,60%) aparecem com um poder de influ�ncia superior ao da TV (3,34%).

"H� d�cadas as vacinas previnem ou impedem o agravamento de doen�as. E � isso que n�s, da SBP, queremos deixar muito claro � popula��o e aos pediatras. O m�dico mant�m um contato bastante pr�ximo junto �s fam�lias. Isso o coloca num lugar privilegiado para entender as din�micas que t�m levado o Brasil a regredir em termos de coberturas vacinais. A partir da an�lise dessas informa��es trazidas pelos pediatras, nossa inten��o � propor novas estrat�gias de enfrentamento contra a desinforma��o e, consequentemente, a hesita��o vacinal", esclarece o presidente da SBP, Cl�vis Francisco Constantino.

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De acordo com a presidente do IQC, Natalia Pasternak, a hesita��o vacinal no Brasil n�o pode ser entendida como uma tend�ncia natural ou espont�nea. Ela surge a partir da coordena��o de movimentos antivacinas e � fruto de interesses financeiros, ideol�gicos ou pol�ticos. "A desinforma��o n�o � uma mentira 'inocente', mas pode ser combatida por meio de estrat�gias baseadas na ci�ncia e no melhor conhecimento atual sobre o assunto", diz. "O IQC, que tem entre suas miss�es trazer a ci�ncia para os grandes di�logos nacionais, tem muito a contribuir neste sentido."

Retrocesso


Os n�meros da pesquisa tamb�m apontam que o medo de poss�veis eventos adversos (19,76%) aliado � falta de confian�a nas vacinas (19,27%) s�o atualmente os principais motivos que levam pais e respons�veis a negligenciar a vacina��o de crian�as e adolescentes. Outras alega��es comumente ouvidas em consult�rio s�o o "esquecimento" (17,98%); a falta de vacinas no servi�o p�blico (17,58%); e o pre�o das vacinas nos servi�os privados (10,69%).

Muitas d�vidas e afirma��es falsas baseadas em desinforma��o t�m chegado at� os pediatras. Entre as principais, est�o frases como "Minha filha n�o precisa da vacina para HPV pois ainda n�o iniciou a vida sexual"; "Vacina para HPV pode gerar efeitos neurol�gicos graves"; e ainda "A doen�a por rotav�rus � leve em crian�as".

Segundo 81,29% dos pediatras entrevistados, a vacina contra a COVID-19 � a que tem gerado maior apreens�o nas fam�lias, seguida pelas vacinas contra o v�rus influenza (6,7%) e a febre amarela (6,09%), doen�as mais conhecidas pela popula��o. Os principais motivos alegados pelas fam�lias nos consult�rios para preterirem a vacina contra o coronav�rus s�o: "a vacina da COVID-19 com tecnologia RNA pode trazer riscos � sa�de das crian�as" (18,09%); "n�o aceitar correr riscos, uma vez que imuniza��es podem causar doen�as como miocardite e trombose" (16,58%); "as vacinas de RNA n�o s�o seguras no longo prazo" (13,07%); "crian�as n�o t�m COVID grave" (12,84%); e "n�o conhe�o nenhuma crian�a que morreu de COVID" (8,80%).

Na avalia��o do pesquisador e coordenador do estudo, o professor de psicologia social da Universidade de Bras�lia (UnB) e colaborador do IQC, Ronaldo Pilati, estudos como esse s�o de fundamental import�ncia para a compreens�o dos fatores sociais e comportamentais que est�o por tr�s da hesita��o vacinal. "O emprego de t�cnicas cient�ficas neste tipo de levantamento permite elaborar a��es para combater este perverso movimento de questionamento da vacina��o, por meio de a��es para preparar os atores da sa�de p�blica, bem como pela elabora��o de pol�ticas p�blicas baseadas em evid�ncias para a promo��o da vacina��o populacional", afirmou.

"� preciso deixar claro que as vacinas s�o seguras. O p�ssimo h�bito de compartilhar informa��es sem verificar a proced�ncia da fonte tem levado as pessoas, inclusive parte dos profissionais de sa�de, a conclus�es equivocadas. O movimento antivacina vem atuando h� anos para descredibilizar a import�ncia das imuniza��es em todo o mundo. Para reverter esse cen�rio, � fundamental restaurar a cultura brasileira da vacina��o. � preciso trabalhar insistentemente na conscientiza��o da popula��o, com o aux�lio do Estado e da sociedade civil organizada, passando inclusive pela atua��o da pr�pria comunidade cient�fica", conclui o presidente do Departamento de Imuniza��es da SBP, Renato Kfouri.