Gestante

A descoberta de um c�ncer n�o precisa ser um impeditivo para a maternidade

Daniel Reche/Pixabay


O diagn�stico de um c�ncer � sempre um momento assustador. Independentemente do tipo de tumor ou de onde ele est� localizado, tudo que o paciente conquistou ou sonha costuma passar como um flash diante dos olhos.

E, para muitas mulheres, o desejo de ser m�e parece escapar no momento em que recebem a not�cia alarmante. Mas a especialista em reprodu��o humana Simone Mattiello, da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, acalma as mulheres e afirma que o diagn�stico de um c�ncer n�o precisa ser o fim da linha quando falamos em gesta��o.

"O mais importante, nesse momento, � que as mulheres estejam informadas sobre essa possibilidade. O foco do oncologista vai estar em salvar a vida da paciente e esse aspecto pode passar batido, por isso � necess�rio falarmos sobre e divulgar bastante as possibilidades", destaca Simone.
 
 
Existem algumas alternativas que est�o dispon�veis para quase todas as pacientes. S�o procedimentos que podem ser feitos antes do in�cio do tratamento do c�ncer. Entre eles, destaca-se o congelamento de �vulos, de embri�es ou de tecido ovariano. Confira as possibilidades.

fertilização in vitro

Ap�s o fim do tratamento oncol�gico, os �vulos podem ser usados para fertiliza��o in vitro

Holding/Divulga��o


Palavra de especialista


Daniele Assad Suzuki, oncologista especialista em c�ncer e tumores femininos

 “Esses casos s�o um pouco mais delicados. No c�ncer de colo de �tero, o mais frequente em mulheres em idade f�rtil, nem sempre � poss�vel preservar o �tero, em fun��o da radioterapia, que, muitas vezes, � necess�ria e pode necrosar os tecidos. Mas, nesses casos, � poss�vel congelar o �vulo ou o embri�o e usar a barriga solid�ria. J� nas situa��es nas quais s�o necess�rias cirurgias no aparelho reprodutor, � sempre necess�rio discutir com os especialistas envolvidos no tratamento e avaliar a possibilidade de fazer uma cirurgia preservadora de fertilidade. Cada caso vai ser um caso e depende muito do organismo e dos riscos que o c�ncer traz de forma geral. Existe ainda a possibilidade da transposi��o do �tero. Quando o c�ncer est� pr�ximo da regi�o sacra, como o reto, � poss�vel colocar o �tero fora do campo da radioterapia. O �tero � realocado dentro do organismo, suspenso da pelve e, depois do tratamento radioter�pico, colocado de volta no lugar. � algo novo, uma t�cnica criada por um brasileiro e, no m�s passado, foi registrado o primeiro nascido vivo ap�s esse tratamento. Nos casos em que o c�ncer foi descoberto e tratado cedo e nos quais ainda existe a reserva ovariana, principalmente nos de mama, � poss�vel fazer uma pausa no tratamento para a gravidez.” 


Antes do tratamento oncol�gico


Congelamentos de óvulos, de embriões ou de tecido ovariano

Os congelamentos de �vulos, de embri�es ou de tecido ovariano s�o alternativas para quase todas as pacientes

Marcos Vieira/EM/D.A Press
>> Antes de congelar �vulos ou embri�es, segundo Simone Mattiello, especialista em reprodu��o humana, as mulheres s�o submetidas a um tratamento de estimula��o hormonal, que pode durar de 10 a 14 dias.

>> Em seguida, os �vulos s�o colhidos e congelados. No caso dos embri�es, os �vulos s�o fecundados com os espermatozoides do parceiro da paciente e, em seguida, congelados.

>> Ap�s o fim do tratamento oncol�gico, os �vulos podem ser usados para fertiliza��o in vitro e, ent�o, implantados na paciente, assim como os embri�es. Os dois procedimentos tamb�m precisam de uma prepara��o hormonal.

>> Normalmente, esse per�odo de espera para come�ar o tratamento do c�ncer n�o � um problema, mas a possibilidade � sempre avaliada com a equipe oncol�gica respons�vel pela paciente.

>> Os procedimentos s�o os mesmos na maioria dos tipos de c�ncer, salvo os que est�o localizados nos �rg�os do aparelho reprodutor e os hormonais.

>> Nos c�nceres hormonais, � necess�rio avaliar os receptores hormonais da doen�a, para adequar a estimula��o ovariana, com horm�nios que n�o v�o comprometer o futuro da paciente com rela��o ao tratamento ou � evolu��o do c�ncer em quest�o.

>> Essa � a t�cnica mais usada atualmente e pode ser feita em quase todas as pacientes. Existem alguns casos em que o congelamento � contraindicado, mas � sempre necess�ria uma avalia��o individual, com a equipe reprodutiva e a oncol�gica.

>> Em alguns tipos de c�ncer de mama, a depender do receptor hormonal do tumor, a estimula��o pode ser um risco um pouco alto demais para a paciente.

>> E nos casos de c�ncer de ov�rio, as chances de o congelamento ser poss�vel s�o ainda mais baixas.

Congelamento de tecido ovariano


>> Um pouco diferente das duas primeiras op��es,o congelamento de tecido ovariano costuma ser feito em meninas na fase pr�-p�bere, que ainda n�o menstruaram e n�o passaram pela ativa��o do eixo g�nada, hipot�lamo e hip�fise.

>> Costuma ser a op��o no caso de crian�as com leucemia e linfomas e tamb�m para mulheres com contraindica��o para a estimula��o hormonal necess�ria para a coleta de �vulos.

>> A vantagem � a aus�ncia da estimula��o hormonal e a principal desvantagem � que o processo envolve um procedimento cir�rgico, uma videolaparoscopia sob anestesia geral para a coleta de tecido.

>> Em alguns casos, al�m do tecido ovariano, o pr�prio ov�rio pode ser removido e congelado.

>> Depois do tratamento oncol�gico e havendo o desejo de a paciente ter filhos ou mesmo a necessidade de estimular a produ��o hormonal pr�pria, o tecido pode ser reimplantado.

>> O implante costuma ser feito na mesma regi�o em que o tecido foi removido e, assim, ele reassume suas fun��es.

>> A partir da�, a paciente pode come�ar a ovular novamente e passa a produzir horm�nios.

>> “S�o dois benef�cios para a sa�de da mulher, ela pode voltar a produzir os horm�nios e n�o precisar fazer reposi��es, mesmo que n�o queira engravidar”, acrescenta Simone.

>> Em alguns casos, a paciente pode precisar de t�cnicas de reprodu��o assistida, mas j� existem casos em que foi poss�vel a gesta��o espont�nea.
>> O procedimento � menos comum e feito por poucas cl�nicas no Brasil, mas � uma alternativa vi�vel.

Ap�s o tratamento oncol�gico


>> Simone explica que, ap�s a exposi��o do organismo � quimioterapia e � radioterapia, pode ser mais dif�cil que a mulher consiga engravidar de forma natural ou com os pr�prios �vulos, mas n�o � imposs�vel.

>> A primeira coisa que se avalia � o estoque de �vulos da paciente. Nas mulheres mais jovens, a quantidade de �vulos dispon�veis � muito maior e � poss�vel que parte deles sobreviva ap�s o tratamento oncol�gico.

>> Durante a quimioterapia ou radioterapia, a carga de medicamentos e interven��es no organismo para curar o c�ncer acaba matando muitos dos �vulos no processo, o que acelera essa diminui��o de estoque que j� ocorre naturalmente.
>> Em alguns casos, quando uma grande quantidade resiste ao tratamento, a paciente consegue retomar a fun��o ovariana naturalmente.

>> Quando a reserva ovariana n�o resiste ao tratamento, mas a paciente tem o desejo de passar pela experi�ncia da gesta��o, ela pode recorrer � doa��o de gametas ou �vulos.

>> “� como um processo de ado��o, mas da c�lula, que pode ser fertilizada com o s�men do parceiro. Assim, ela pode viver a gesta��o e a amamenta��o”, explica a especialista.