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Em 2013, foi criado o Dia Mundial de Conscientiza��o Sobre o C�ncer de Ov�rio, por um grupo de l�deres de organiza��es de defesa da neoplasia em todo o mundo. A data, institu�da pela Coaliz�o Mundial em 8 de maio, � uma iniciativa de alerta e dissemina��o de informa��es, apoiada por cerca de 200 organiza��es.

A m�dica oncologista Ana Carolina Gifoni, membro do Comit� de Oncogen�tica da Sociedade Brasileira de Oncologia Cl�nica (SBOC) e presidente da Rede Brasileira de C�ncer Heredit�rio (ReBraCH), comenta sobre os principais mitos e verdades sobre a enfermidade.

 

C�ncer de ov�rio � f�cil de detectar

 

Mito. Com 7.310 casos novos esperados para o ano de 2023 e sendo a terceira neoplasia maligna ginecol�gica mais comum no nosso pa�s, o diagn�stico do c�ncer de ov�rio � ainda um grande desafio. Exames de rastreamento para c�ncer de ov�rio (aqueles realizados na aus�ncia de sintomas) t�m mais riscos do que benef�cios, e assim n�o s�o recomendados. Vale ressaltar que, apesar do exame de Papanicolau peri�dico ser fundamental para detectar tumores do colo uterino, ele n�o � um exame para detec��o de c�ncer de ov�rio.

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Al�m da falta de uma estrat�gia de rastreamento, o c�ncer de ov�rio � uma doen�a silenciosa e seus sintomas, assim como tardios, s�o inespec�ficos, fazendo com que sua detec��o precoce seja ainda mais dif�cil. Cerca de 70% dos casos s�o diagnosticados em fase avan�ada, o que contribui para que o c�ncer de ov�rio represente a maior mortalidade entre os tumores ginecol�gicos. Por isso, � muito importante conscientizar as mulheres a buscarem assist�ncia m�dica, caso apresentem sintomas persistentes como empachamento, sangramento vaginal, necessidade frequente de urinar, desconforto ou distens�o abdominal.

O c�ncer de ov�rio pode ser heredit�rio

Verdade. Aproximadamente 25% dos casos t�m associa��o com predisposi��o heredit�ria ao c�ncer, principalmente por variantes nos genes BRCA1, BRCA2, mas tamb�m por uma variedade de outros genes como RAD51C, RAD51D, BRIP1, MLH1, MSH2, MSH6. Assim, todas as pacientes com c�ncer de ov�rio devem ser submetidas a avalia��o oncogen�tica, independentemente da idade, do diagn�stico ou da hist�ria familiar de c�ncer. A presen�a de uma s�ndrome de c�ncer familiar pode impactar o tratamento e o cuidado p�s-tratamento. Por exemplo, pacientes com muta��es em BRCA t�m uma resposta significativamente maior a certas drogas como os inibidores de PARP (polimerase poli-ADP-ribose). Al�m disso, caso a paciente possua muta��o nos genes citados acima, existe um risco elevado de desenvolver outros tumores ao longo da vida, para os quais devem ser adotadas estrat�gias de redu��o de risco. Familiares de pacientes com predisposi��o heredit�ria ao c�ncer tamb�m devem ser encaminhados para avalia��o oncogen�tica. Independente da hereditariedade, � muito importante a orienta��o e o cuidado direcionado a outros fatores de risco modific�veis como obesidade, tabagismo e terapia de reposi��o hormonal.

N�o existe tratamento para o c�ncer de ov�rio

Mito. Muitas pacientes com c�ncer de ov�rio, mesmo quando diagnosticadas em est�gios avan�ados, podem ter uma longa sobrevida se adequadamente tratadas. O melhor tratamento deve ser planejado conjuntamente com o cirurgi�o oncol�gico e o oncologista cl�nico. Para algumas pacientes, a quimioterapia � realizada antes do procedimento cir�rgico. Para outras, a cirurgia � o procedimento inicial e a quimioterapia � realizada ap�s a retirada do tumor, com a inten��o de reduzir o risco de recidiva. Na �ltima d�cada, houve um imenso avan�o no tratamento do c�ncer de ov�rio, levando ao surgimento de novos medicamentos que entram na jornada de tratamento das pacientes ap�s a quimioterapia, como por exemplo, inibidores da angiog�nese, inibidores de PARP, imunoterapia, ou outras terapias-alvo. Esses avan�os t�m mostrado que, assim como em outras �reas da oncologia, a personaliza��o do tratamento � a grande chave para alcan�armos os melhores resultados.

Pacientes com c�ncer de ov�rio podem manter a vida sexual

Verdade. In�meros estudos estabelecem a import�ncia central da sexualidade na qualidade de vida e o impacto do diagn�stico e do tratamento do c�ncer de ov�rio na vida sexual. A morbidade psico-sexual associada ao c�ncer de ov�rio envolve diversos aspectos como ressecamento vaginal, dor durante a rela��o sexual (dispareunia), redu��o da libido, percep��o negativa da pr�pria imagem, depress�o e ansiedade. Todos estes aspectos devem ser contemplados no cuidado oncol�gico integral. A equipe multiprofissional poder� encontrar caminhos para contornar estas queixas e tentar preservar a m�xima qualidade de vida durante toda a jornada e, tamb�m, depois de conclu�do o tratamento.