
Ondas de calor, dores nas articula��es, ins�nia... Os sintomas que podem acompanhar a menopausa s�o muitos, e por isso algumas mulheres passando por essa transi��o na vida reprodutiva fazem a chamada terapia de reposi��o hormonal (TRH).
A maioria dos especialistas recomenda iniciar a terapia assim que aparecem os primeiros sintomas da menopausa. As evid�ncias s�o mistas e limitadas quando se trata de inici�-lo com mais de 60 anos, embora algumas mulheres experimentem al�vio dos sintomas persistentes.
Como todo tratamento, a TRH pode trazer benef�cios e riscos. A BBC News traz um pequeno guia com estas e outras informa��es sobre a terapia.
O que � a TRH e quais s�o os benef�cios?
� medida que as mulheres se aproximam da menopausa, seus n�veis do horm�nio estrog�nio variam e diminuem.
Esse horm�nio tem muitas fun��es: faz parte da regula��o dos ciclos menstruais, contribui para a resist�ncia �ssea e influencia na nossa temperatura, entre outros. Por isso, quando os n�veis de estrog�nio ficam alterados, as mulheres podem ter v�rios sintomas.
A TRH eleva os n�veis de estrog�nio e, assim, ajuda a aliviar esses sintomas. As mulheres geralmente n�o usam esse tratamento para sempre, apenas na transi��o para a menopausa.
A terapia pode ter alguns benef�cios adicionais, como a preven��o � perda �ssea, a fraturas e ao c�ncer colorretal. Para mulheres com menos de 60 anos, a TRH tamb�m pode oferecer alguma prote��o contra doen�as card�acas.
Voc� pode j� ter ouvido falar sobre outros poss�veis benef�cios, como a prote��o � sa�de do c�rebro e melhoras na pele e no cabelo, mas at� agora as evid�ncias disso s�o limitadas.
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Por outro lado, alguns tipos de TRH est�o associados ao aumento no risco de alguns tipos de c�ncer (leia no t�pico abaixo).

Como �, na pr�tica, a TRH?
Essa terapia vem em muitas formas e tamanhos — de p�lulas e adesivos a g�is e an�is.
O ingrediente principal � o estrog�nio, mas uma das formas mais comuns � a TRH combinada, com o estrog�nio administrado juntamente com uma vers�o sint�tica do horm�nio progesterona. A adi��o de progesterona ajuda a proteger o revestimento do �tero, pois tomando apenas o estrog�nio pode aumentar a chance do c�ncer de endom�trio. Por outro lado, h� evid�ncias de que esta combina��o aumenta o risco de c�ncer de mama, em compara��o com a terapia contendo apenas estrog�nio.
O melhor tipo de TRH varia de pessoa para pessoa e depende dos sintomas e estilos de vida. Essas caracter�sticas, al�m dos riscos e per�odo de tratamento, devem ser parte da conversa entre pacientes e profissionais de sa�de.
A maioria das terapias funciona em todo o corpo, mas alguns s�o usados %u200B%u200Bpor via vaginal para aliviar os sintomas especificamente nessa �rea.
Quanto tempo leva para fazer efeito?
No in�cio, normalmente as mulheres recebem a dose mais baixa poss�vel de TRH.
Pode levar at� tr�s meses para que uma paciente tomando TRH sinta os efeitos completos. Nesse processo, algumas podem precisar tamb�m que sua dose e tipo de TRH sejam ajustados.
De acordo com o ginecologista Rog�rio Bonassi, presidente da Associa��o Brasileira de Climat�rio (Sobrac), a entidade e outras institui��es internacionais, como a Sociedade Internacional da Menopausa e a Sociedade Norte-Americana de Menopausa, n�o definem um prazo para o fim do uso da TRH, como se fazia no passado — determinando por exemplo um limite de tr�s ou cinco anos para interrup��o do tratamento. Bonassi acrescenta que tampouco h� uma norma sobre isso por �rg�os de sa�de brasileiros.
"N�o existe nenhuma normatiza��o para que se fa�a interrup��o da TRH de acordo com o tempo de uso. At� quando voc� pode usar a terapia de reposi��o hormonal? N�s costumamos falar para as pacientes: at� a pr�xima consulta: Ent�o ano a ano, caso a caso, ser� avaliado o quanto os benef�cios superam os riscos", explica o m�dico, que tem doutorado em medicina.
Entretanto, enquanto para muitos especialistas e sociedades, n�o h� limite de tempo para a TRH, a Ag�ncia Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Sa�de do Reino Unido recomenda o uso pelo menor tempo necess�rio e com a menor dose poss�vel.
Quais s�o os riscos?

Parece haver algum consenso entre especialistas de que a terapia de reposi��o hormonal tem mais benef�cios do que malef�cios, mas estudos continuam a ser produzidos buscando elucidar a quest�o.
Alguns tipos de TRH t�m sido associados a um risco ligeiramente aumentado de c�ncer, como j� mencionado em rela��o ao endom�trio e �s mamas.
A Sociedade Brit�nica da Menopausa, por�m, diz que no caso do c�ncer de mama, a terapia traz menos riscos do que estar acima do peso ou beber mais de duas unidades de �lcool por dia. E o risco diminui gradualmente depois que o medicamento � interrompido.
H� tamb�m um pequeno risco de surgimento de co�gulos ao se tomar a TRH. Mas isso depende de outras coisas tamb�m, como tabagismo, peso e idade. Os riscos diminuem se o tratamento for via adesivo ou gel, em vez de comprimidos. Ainda assim, o risco de surgimento de um co�gulo ap�s o uso da TRH � muito menor do que o de uma mulher gr�vida ou que toma anticoncepcional.
Quais s�o os efeitos colaterais?
Muitos efeitos colaterais passam dentro de tr�s meses ap�s o in�cio da medica��o. Eles podem incluir:
- Dor mam�ria
- Dor de cabe�a
- N�useas
- Indigest�o
- Dor no est�mago
- Sangramento vaginal
� comum ganhar peso � medida que se aproxima da menopausa, mas n�o h� evid�ncias de que a TRH esteja por tr�s disso.
Quem n�o deve fazer a TRH?
Pode n�o ser adequado seguir este tratamento se a paciente:
- Teve c�ncer de mama, �tero ou ov�rio
- Tem press�o alta n�o tratada
- Teve co�gulos sangu�neos
- Teve doen�a hep�tica
- Estiver gr�vida
Existem alternativas ou complementa��es � TRH?
Exerc�cios f�sicos podem melhorar o sono, o humor e as sensa��es de calor. Uma dieta saud�vel, a interrup��o do tabagismo e a redu��o do consumo de caf�, �lcool, alimentos condimentados tamb�m podem ajudar.
Outros medicamentos como a tibolona — que funciona imitando a atividade do estrog�nio e da progesterona — ou certos antidepressivos podem ajudar, mas tamb�m podem ter efeitos colaterais.
*Com reportagem adicional de Mariana Alvim, da BBC News Brasil em S�o Paulo
- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62976251
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