Menopausa e qualidade de vida podem caminhar juntas

Embora seja um processo natural, a menopausa ainda � encarada como um tabu, sendo pouco discutida e atrelada a cren�as limitantes que podem atrasar a ida da mulher ao ginecologista para enfrentar essa fase com sa�de e qualidade de vida. Da� a import�ncia de entender suas etapas – perimenopausa, menopausa e p�s-menopausa –, sintomas e possibilidades de tratamento, sem esquecer de que cada experi�ncia � individual.

 

“As mulheres nascem com um estoque fixo e n�o renov�vel de �vulos, cujas quantidade e qualidade reduzem com o passar dos anos at� a �ltima menstrua��o, que marca o esgotamento desse estoque de �vulos e geralmente ocorre em torno dos 51 anos”, explica M�rcia Mendon�a Carneiro, ginecologista do Grupo Oncocl�nicas. 

 

"Como minha m�e teve c�ncer de mama, busquei m�todos mais naturais, como a pr�tica de atividades f�sicas e outros cuidados"

Laura Barreto, de 51 anos, coordenadora de marketing

  

 

As modifica��es que levam � menopausa podem come�ar at� oito anos antes, e se identificam como perimenopausa – o primeiro est�gio do climat�rio. A profissional esclarece que alguns sintomas como irregularidade menstrual, ondas de calor, altera��es do sono e do humor e ressecamento vaginal s�o comuns durante esse per�odo.

 

O diagn�stico da menopausa vem depois da aus�ncia de menstrua��o por 12 meses e a partir de ent�o vem a p�s-menopausa. Esse per�odo dura at� o fim da vida e em seus primeiros anos os inc�modos podem abrandar ou se intensificar. Os sintomas em geral est�o relacionados � queda dos n�veis de estrog�nio, horm�nio produzido pelos ov�rios, que desempenha importantes fun��es no organismo feminino.

 

“O principal tratamento para combater os efeitos do hipoestrogenismo na p�s-menopausa � a reposi��o hormonal, que pode ser usada desde que as particularidades de cada paciente sejam respeitadas e, na aus�ncia de contraindica��es, como ter tido c�ncer de mama ou no endom�trio. A reposi��o hormonal � segura, eficaz e apresenta v�rios benef�cios para a sa�de da mulher”, descreve Beatriz Rocha, ginecologista, obstetra e vice-coordenadora da Maternidade do Hospital Vila da Serra.  

 

As altera��es fisiol�gicas e emocionais advindas a partir da menopausa, conforme relatado pelas m�dicas, est�o ligadas ao hipo- estrogenismo. Beatriz Rocha esclarece que o estrog�nio orquestra uma variedade de fun��es vitais que podem mudar o equil�brio da sa�de feminina.

“A queda da sua produ��o na menopausa traz uma s�rie de consequ�ncias, que afetam a qualidade de vida e a sa�de, como pontuei anteriormente, j� que o estrog�nio � importante para o bom funcionamento do sistema cardiovascular, tem efeito neuroprotetor, e estudos recentes sugerem sua intera��o com as bact�rias intestinais (microbioma), protegendo de doen�as como a obesidade e s�ndrome metab�lica.”

IMPACTO

A coordenadora de marketing Laura Barreto, de 51 anos, sempre aceitou a menopausa com naturalidade, embora tenha sentido que as mudan�as impactaram mais do que esperava. “As ondas de calor durante a noite s�o um pro- blema. Algumas vezes, chegam a ser t�o intensas que preciso me levantar e tomar banho e, com isso, o sono fica prejudicado. Quando n�o se dorme bem, todo o resto, humor, produtividade, aten��o, ficam prejudicados.”

 

A profissional buscou alternativas � reposi��o hormonal para lidar com o per�odo. “Como minha m�e teve c�ncer de mama, busquei m�todos mais naturais, como a pr�tica de atividades f�sicas e outros cuidados”, declara.

 

De acordo com as ginecologistas, as principais queixas no consult�rio referem-se aos fogachos e � ins�nia, mas depress�o, cansa�o e dores de cabe�a podem ocorrer. Ambas as m�dicas destacam que com informa��o e orienta��o m�dica � poss�vel obter al�vio desses sintomas e ressignificar esse per�odo.

ESCOLHAS CERTAS

Em seu novo livro, “Menopausa – O momento de fazer as escolhas certas para o resto da sua vida”, publicado no in�cio de mar�o pela Editora Contexto, a jornalista e escritora Mariza Tavares retrata a menopausa como um per�odo importante para fazer as escolhas certas que impactar�o no resto da vida da mulher. “Entre a pr� e a p�s-menopausa, temos tempo para refletir e tomar decis�es cruciais cujo impacto far� diferen�a na sa�de f�sica, emocional e ps�quica nas d�cadas que temos pela frente”, diz a autora.

 

Para a jornalista, a menopausa � uma fronteira e, diante do cen�rio que se descortina, o risco de perder o poder de sedu��o que acompanha a mulher desde a juventude � perturbador. Ao longo de suas 128 p�ginas, o livro se divide em cinco partes: o corpo, as emo��es, as rela��es, o sexo e o segundo ato.

 Ao entrevistar 13 mulheres, al�m de m�dicos, Mariza aborda as mudan�as f�sicas, mentais e at� os desafios profissionais, mostrando como � poss�vel se preparar para ser protagonista desta segunda etapa da vida.  O livro n�o se restringe � �ltima menstrua��o e suas consequ�ncias, mas vai al�m, mostrando que � poss�vel se preparar para viver um ciclo diferente, com mais informa��o e liberdade, fugindo dos antigos tabus que sempre acompanharam a mulher nesta fase da vida.

N�O � BEM ASSIM. As mudan�as hormonais mudam a forma de deposi��o da gordura, mas associada a maus h�bitos alimentares e ao sedentarismo � que ir�o resultar em aumento de peso.

MITO. As principais queixas atingem boa parte das mulheres, mas algumas podem passar por 

esta fase sem apresentar nenhum dos sinais.

VERDADE. Uma boa alimenta��o junto � pr�tica de exerc�cio f�sico ajuda a manter o peso adequado e a ganhar massa �ssea, bem como libera endorfina, horm�nio respons�vel por promover sensa��o de bem-estar.

N�O. Considera-se que o grupo que mais poderia se beneficiar da terapia hormonal s�o as mulheres com idade inferior a 60 anos (ou at� 10 anos de menopausa) com fogachos (ondas de calor), respeitando-se as contraindica��es. No entanto, existem op��es n�o hormonais para combater alguns dos sintomas indesej�veis.

SIM. Cerca de 50% das mulheres sofrem de atrofia vulvovaginal, uma condi��o que causa ressecamento vaginal e dor durante a rela��o sexual. Mas existem hidratantes vaginais ou lubrificantes, estrog�nio para aplica��o local em creme ou tablete.

N�O � BEM ASSIM. O aumento de risco de c�ncer de mama associado � TH � estimado em menos de 0,1% ao ano. J� a incid�ncia estimada de trombose venosa profunda e embolia pulmonar (TEV) � de um a dois casos por 1 mil mulheres/ano. Alguns estudos sugerem que o uso de TH pode resultar em sete a 18 casos adicionais de trombose por 10 mil mulheres, com maior risco nos primeiros dois anos de tratamento. Portanto, � indispens�vel a avalia��o m�dica especializada e seu acompanhamento.

Fonte: Ginecologistas do Grupo Oncocl�nicas

*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram