três mulheres obesas andando na rua

As c�lulas iNKT desempenham um papel regulat�rio no tecido adiposo, ajudando a controlar a obesidade

Tania Dimas/Pixabay
Um estudo recente publicado na revista Cell Reports, liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aponta que um tipo espec�fico de c�lula de defesa, conhecida como linf�cito T invariante natural killer (iNKT), pode ser fundamental para entender o desenvolvimento da obesidade e les�es no f�gado causadas por excesso de medicamentos ou ac�mulo de gordura no �rg�o. Presentes em todo o corpo, por�m em baixas quantidades, essas c�lulas t�m fun��es distintas nos diferentes tecidos em que est�o localizadas.

Cristhiane Favero Aguiar, primeira autora do estudo e bolsista de p�s-doutorado da Fapesp no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, explica que as c�lulas iNKT desempenham um papel regulat�rio no tecido adiposo, ajudando a controlar a obesidade, enquanto no ba�o e no f�gado est�o envolvidas no controle da inflama��o. O estudo buscou compreender melhor como essas fun��es ocorrem.

Pedro Moraes-Vieira, professor do IB-Unicamp e coordenador do estudo, destaca que as iNKT representam menos de 1% dos leuc�citos circulantes, mas t�m uma resposta r�pida e intensa a pat�genos ou mol�culas que exigem resposta, desempenhando assim um papel anti-inflamat�rio importante em alguns contextos, como no tecido adiposo. At� o momento, sabia-se que a quantidade dessas c�lulas diminu�a com a obesidade, mas a raz�o para isso ainda n�o estava clara.
 
Utilizando a t�cnica de transcriptoma, os pesquisadores identificaram diferentes genes nas iNKT do tecido adiposo, do ba�o e do f�gado, que poderiam ser importantes para suas fun��es. Em experimentos com camundongos, observaram que as iNKT do f�gado e do ba�o s�o metabolicamente similares e dependem da glicose para serem ativadas. Ao desativar o gene Pkm2, relacionado � produ��o de glicose, nas iNKT desses �rg�os, a capacidade de reduzir les�es agudas no f�gado foi comprometida.

Por outro lado, as iNKT do tecido adiposo dependem de outro gene, o AMPK, para exercer sua fun��o naquele tecido. Quando o gene foi desativado, impedindo a produ��o de uma prote�na associada ao metabolismo de lip�dios, as c�lulas perderam a capacidade de manter seu funcionamento em equil�brio e regular a inflama��o causada pela obesidade no tecido adiposo.

An�lises adicionais mostraram diferen�as nas mitoc�ndrias das iNKT do tecido adiposo em compara��o com as do f�gado e do ba�o, bem como a presen�a de mais esp�cies reativas de oxig�nio e prote�nas do metabolismo de �cidos graxos, ligados � obesidade. Esses resultados sugerem que o microambiente em torno das c�lulas influencia o perfil imunometab�lico das iNKT, com consequ�ncias diretas na sua funcionalidade.

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Os pesquisadores injetaram iNKT saud�veis retiradas do tecido adiposo em camundongos obesos, levando-os a perder peso. O efeito n�o foi observado quando as c�lulas que n�o produziam AMPK foram injetadas. Aguiar, atualmente p�s-doutoranda no Trinity College de Dublin, Irlanda, conclui que o estudo aprofunda o conhecimento sobre a regula��o imunometab�lica espec�fica de cada tecido pelas c�lulas iNKT, impactando diretamente o curso das inflama��es causadas por les�es no f�gado e obesidade.
O estudo contou com a colabora��o do professor Alexandre Keller da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) e de grupos da Universidade de S�o Paulo (USP), al�m do apoio da Fapesp por meio de outros oito projetos.