Ivete Sangalo, marido e os três filhos

Marcelo, filho mais velho de Ivete Sangalo, fez o desabafo quando a m�e tinha acabado de dar � luz �s irm�s'. Ela respondeu: 'Entendo, meu filho. Tudo bem'

Instagram/Reprodu��o
Durante participa��o no especial de Dia das M�es do videocast Mil e Uma Tretas no �ltimo domingo, a cantora Ivete Sangalo compartilhou uma experi�ncia dolorosa ao ouvir uma declara��o sincera de seu filho mais velho, Marcelo, quando ele tinha 8 anos. Na �poca, Ivete estava emocionalmente fragilizada com o puerp�rio, que � um per�odo desafiador tanto f�sica quanto emocionalmente para as m�es.

Ela relembrou o momento: "Um dia, ele me disse: 'M�e, queria lhe contar uma coisa'. Eu tinha acabado de dar � luz e ainda estava me recuperando dos pontos e tudo mais... E ele falou: 'Eu amo mais o meu pai do que voc�'. Eu respondi: 'Entendo, meu filho. Tudo bem'. Eu estava tentando ser uma daquelas m�es super compreensivas que leem livros sobre maternidade, sabe?"

No entanto, Ivete tamb�m relatou o sofrimento que essa declara��o lhe causou e mencionou a orienta��o que recebeu de sua terapeuta, que disse para ela: "N�o deixe seu filho dizer isso para voc�. Ele pode at� sentir, mas expressar isso dessa maneira, n�o!"

A psicanalista cl�nica Nathalia de Paula, educadora parental especializada em terapia emocional de fam�lias e terapia integrativa do sono infantil, destaca que, seguindo a abordagem da educa��o parental e da disciplina positiva, � maravilhoso quando uma crian�a tem a liberdade de expressar seus sentimentos aos pais, pois isso demonstra uma conex�o, seguran�a e confian�a na rela��o: "Marcelo, o filho de Ivete, procurou a m�e para compartilhar seus sentimentos, sem a inten��o de mago�-la, algo que muitas pessoas n�o compreendem por n�o entenderem as fases do desenvolvimento cerebral infantil".

Momento de vulnerabilidade

Psicanalista clínica Nathalia de Paula

Psicanalista cl�nica Nathalia de Paula destaca ser maravilhoso quando uma crian�a tem a liberdade de expressar seus sentimentos aos pais

Arquivo Pessoal


Nathalia de Paula explica que "essa crian�a tamb�m estava passando por um momento de vulnerabilidade devido � chegada das irm�s. Certamente sua rotina com a m�e havia mudado, e a express�o 'eu gosto mais do papai do que de voc�' refletia a falta que a m�e fazia naquele momento, enquanto o pai se tornava seu maior apoio e companheiro por causa das rec�m-nascidas".

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Para a psicanalista, a ideia de reprimir ou pedir que uma crian�a guarde seus sentimentos para si e n�o os expresse aos pais ou a outros adultos "� como tirar suas asas, que n�s mesmos ajudamos a cultivar. Portanto, � extremamente importante que os pais tenham equil�brio emocional ao educar seus filhos".

Nathalia de Paula enfatiza que cabe ao adultos da rela��o lidar com as emo��es que as palavras das crian�as despertam: "Essas emo��es podem refletir seus pr�prios traumas de inf�ncia, como rejei��o ou neglig�ncia sofrida no passado. O que poderia ter sido feito em vez de impedir a crian�a de expressar seus sentimentos, como sugeriu a terapeuta?"

Para a psicanalista, dentro da abordagem integrativa da educa��o parental, m�e e filho poderiam ter sido compreendidos e acolhidos em suas necessidades, sendo olhados de forma integral: "A dor de Ivete poderia ter sido um momento para conversar com o filho sobre suas necessidades que n�o estavam sendo atendidas por ela. Poderiam ter falado sobre a chegada das irm�s, o quanto a mudan�a na rotina da fam�lia estava sendo desgastante para ela tamb�m, o quanto ela sentia falta dos momentos a s�s com o filho e das atividades que costumavam fazer juntos".

Demandas que nascem com a maternidade

Assim, tanto Ivete entenderia o contexto por tr�s das palavras do filho, quanto Marcelo teria suas necessidades de acolhimento atendidas, seus sentimentos validados e a seguran�a de que o amor e a aten��o da m�e n�o seriam afetados pela chegada das irm�s: "Agir impulsivamente, motivada pelo medo e pelo sentimento de rejei��o, conforme sugerido por sua terapeuta, fez com que a m�e agisse de forma irracional, baseada em cren�as limitantes e com um olhar acusat�rio, em vez de responder ao pedido de ajuda de uma crian�a ferida que est� tendo dificuldades em lidar com as mudan�as e com a falta da presen�a da m�e".
Por esse motivo, Nathalia de Paula sempre enfatiza a import�ncia de que os pais, principalmente as m�es, estejam emocionalmente bem para lidar com as demandas que nascem com a maternidade e que continuar�o a aparecer ao longo da vida de seus filhos: "O autocuidado, o autoconhecimento e o autocontrole s�o ferramentas poderosas na educa��o e devem ser cultivados. Mesmo assim, haver� momentos dif�ceis em que n�o teremos todas as respostas, momentos em que nos magoaremos com certas atitudes, mas, por meio de nossa consci�ncia, podemos respirar e buscar dentro de n�s as respostas para os desafios da maternidade".