O fungo Candida auri causa preocupa��o mundial e j� provocou outros surtos no Brasil
Os especialistas ainda n�o conseguiram estabelecer uma cadeia de transmiss�o e se h� alguma rela��o entre os tr�s epis�dios ocorridos em locais diferentes.
O Governo de Pernambuco anunciou na sexta-feira (26/5) a cria��o de um comit� espec�fico para monitorar e lidar com os casos da infec��o.
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Essa n�o � a primeira vez que o Estado sofre com um surto desse tipo: entre dezembro de 2021 e setembro de 2022, o Hospital da Restaura��o, em Recife, registrou 47 indiv�duos acometidos por esse "superfungo".
Mas por que Candida auris causa tanta preocupa��o? E quais os riscos individuais e coletivos deste fungo?
Contamina��o dif�cil de controlar
Na maioria das vezes, as leveduras do g�nero Candida residem na pele, na boca e nos genitais sem causar problemas, mas podem causar infec��es quando uma pessoa est� com a imunidade baixa ou quando esse fungo invade a corrente sangu�nea ou os pulm�es.
No caso espec�fico do Candida auris, ele costuma causar problemas na corrente sangu�nea, mas tamb�m pode afetar o sistema respirat�rio, o sistema nervoso central e �rg�os internos, assim como a pele.
Os sintomas mais comuns dessa infec��o f�ngica s�o febre, calafrios, suores excessivos e press�o arterial baixa — mas h� muitos indiv�duos que n�o apresentam muitos inc�modos sugestivos.
O pat�geno foi estudado pela primeira vez em 2009 no canal auditivo de uma paciente no Jap�o — mas pesquisas recentes detectaram cepas dele em 1996, na Coreia do Sul.
A taxa de mortalidade m�dia dessa doen�a � estimada em 39%, segundo c�lculos em estudo de sete pesquisadores chineses publicado na revista cient�fica BMC Infectious Diseases em novembro de 2020.
Segundo o infectologista Arnaldo Lopes Colombo, professor da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) e especialista em contamina��o com fungos, � poss�vel ser colonizado de forma passageira pelo C. auris na pele ou na mucosa sem ter problemas. O fungo apresenta risco real se contaminar a corrente sangu�nea.
Para a pessoa ser infectada, explicou ele � BBC News Brasil em 2019, � preciso que tenha sofrido procedimentos invasivos (como cirurgias e uso de cateter venoso central) ou tenha o sistema imunol�gico comprometido.
Pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) por longos per�odos e com uso pr�vio de antibi�ticos ou antif�ngicos tamb�m s�o considerados grupo de risco para a contamina��o.
Al�m disso, o Candida auris costuma ser confundido com outras infec��es, levando a tratamentos inadequados.
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Para completar, detergentes e desinfetantes comuns n�o s�o suficientes para eliminar o fungo do ambiente. Muitas vezes, os profissionais de sa�de precisam fechar alas inteiras de hospitais e aplicar produtos especiais para conseguir tornar aquele local seguro novamente para receber os pacientes.
Do ponto de vista preventivo, cuidados b�sicos com a higiene das m�os, uso de equipamentos de prote��o em ambientes como a UTI e a vigil�ncia constante podem ajudar.

O Candida auris faz parte da lista de pat�genos priorit�rios da OMS
Getty ImagesResist�ncia aos rem�dios
Desde 2022, o Candida auris faz parte da lista da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) de pat�genos priorit�rios que trazem risco � sa�de.
Nos Estados Unidos, a infec��o est� se espalhando rapidamente e de forma "alarmante", segundo o Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos.
Os casos nos EUA quase dobraram em 2021: passaram de 756 para 1.471, de acordo com um relat�rio da entidade divulgado em mar�o deste ano. Na maioria das infec��es diagnosticadas em terras americanas, o fungo era resistente aos tratamentos dispon�veis.
Por esse motivo, o CDC classifica a situa��o como uma "amea�a urgente relacionada � resist�ncia antimicrobiana". Muitos pacientes afetados est�o em hospitais e lares de idosos.
Outro motivo de preocupa��o � o aumento de casos que se tornaram "resistentes �s equinocandinas", que � a classe de antif�ngicos mais recomendada para o tratamento da infec��o por Candida auris.
O CDC atribui o aumento � falta de medidas de preven��o nas unidades de sa�de e �s melhoras nos servi�os de acompanhamento e diagn�stico de casos.
Outro fator que parece ter contribu�do, segundo a entidade, foi o estresse ao sistema de sa�de relacionado � pandemia de covid-19.
No Brasil, j� foram identificados ao menos quatro surtos de maior import�ncia relacionados a esse micro-organismo nos �ltimos anos.
O epis�dio ocorrido em Recife entre 2021 e 2022 foi alvo de um estudo publicado neste ano por cientistas da Funda��o Oswaldo Cruz (FioCruz).
Segundo os pesquisadores, o Candida auris "requer uma grande vigil�ncia por sua alta capacidade de formar col�nias e biofilmes, o que contribui para a dissemina��o do fungo".
"A identifica��o r�pida e precisa dessa esp�cie � essencial para gerenciar, controlar e prevenir infec��es", concluem os especialistas.
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