A preocupa��o � de que o fungo, que tem alta resist�ncia a tratamentos e pode ser fatal
CDC/Divulga��o
A confirma��o de casos de contamina��o por Candida auris em Pernambuco tem colocado em estado de alerta a Secretaria Estadual de Sa�de (SES-PE). A preocupa��o � de que o fungo, que tem alta resist�ncia a tratamentos e pode ser fatal, se espalhe rapidamente nos ambientes de sa�de em que os casos foram confirmados e cause um surto - o que far� de Pernambuco um problema de sa�de p�blica nacional.
O cen�rio � preocupante pelo mapa geogr�fico em que os casos foram identificados: nenhum deles est� no mesmo munic�pio ou at� mesmo no mesmo estabelecimento de sa�de. O primeiro caso, identificado em 11 de maio, est� em Paulista; o segundo, descoberto em 14 de maio, em Olinda; o �ltimo, descoberto na ter�a-feira (23/5), foi no Recife.
No Hospital Miguel Arraes, situado em Paulista, a identifica��o do Candida auris em um paciente de 48 anos levou o estabelecimento a fechar as instala��es para novos atendimentos na ter�a-feira (23/5) - apenas casos de urg�ncia ser�o atendidos. O objetivo � evitar que outras pessoas sejam expostas ao fungo.
A medida � vista como essencial pela infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Em�lio Ribas. "Esse � um grande problema de sa�de p�blica e muitas vezes, em caso de surto, os hospitais precisam fechar as portas para control�-lo", opina. N�o � para menos: a especialista conta que a Candida auris � uma "amea�a global" por ser "muito resistente aos tratamentos" e a quase todos os medicamentos, al�m de propiciar doen�as mais graves em pacientes hospitalizados.
� por esse motivo que mesmo um �nico caso identificado do fungo mobiliza as for�as de sa�de de todo pa�s. O Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos emitiu um alerta, em mar�o deste ano, sobre uma contamina��o "alarmante" do fungo nos hospitais do pa�s. Os casos dobraram entre 2021 e foram de 756 para 1.471.
No Brasil, o fungo n�o havia sido registrado at� 2020, quando um homem internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da Bahia foi contaminado. � �poca, uma for�a-tarefa nacional foi criada para conter o fungo. Na ocasi�o, duas pessoas morreram.
Veja abaixo o que �, os sintomas e como � a contamina��o do fungo.
O que � o Candida auris?
O fungo pertence � fam�lia Candida, Saccharomycetaceae, e � considerado o primeiro a evoluir a pat�geno humano, ou seja, a ter capacidade para se instalar e permanecer no corpo humano, devido ao aquecimento global. "A diferen�a dele para o resto dos fungos, e por isso que ele se torna uma amea�a global, � que � uma C�ndida muito mais resistente aos tratamentos, al�m de se disseminar muito mais f�cil nos ambientes, principalmente em hospitais", explica a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Em�lio Ribas. Algumas cepas do fungo s�o resistentes �s tr�s principais classes de rem�dios antif�ngicos, por isso � denominada de superfungo pela comunidade cient�fica.
A primeira ocorr�ncia do fungo em humanos foi descoberta em 2019, mas o caso ocorreu em 2009. Uma mulher japonesa foi identificada com uma doen�a causada por um fungo, que s� foi descoberto ser o Candida auris em 2019, pelos pesquisadores Arturo Casadevali e Vincent Robert. Os cientistas afirmam que o organismo parasita dos superfungo � resultado das mudan�as clim�ticas, que aqueceram as florestas onde o Candida auris estava e o fez se adaptar de maneira mais f�cil em mam�feros: primeiro em aves, depois em humanos.
Onde ele � encontrado?
O fungo � mais identificado em ambientes de sa�de, como hospitais. No Brasil, foi encontrado pela primeira vez em um cateter usado por um paciente internado na UTI de um hospital da Bahia.
Quais s�o os sintomas da infec��o?
O superfungo pode causar febre, calafrios, dores e at� a morte do infectado, se este estiver em um dos grupos de risco (veja quais s�o no t�pico abaixo). "Ele pode causar uma infec��o disseminada, que chamamos de uma candidemia, que � uma doen�a muito grave com alta mortalidade. Mas pode tamb�m ter um quadro cut�neo, na pele ou respirat�rio, entre outras formas cl�nicas", detalha Rosana.
No entanto, � poss�vel que uma pessoa seja contaminada, mas n�o manifeste sintomas. Esse grupo � chamado de "colonizador", que n�o sofre risco, a n�o ser se a imunidade for debilitada. No entanto, os colonizadores podem transmitir o fungo.
Qual � o grupo de risco para o fungo?
"O grupo de risco � formado por pessoas mais vulner�veis, doentes e com a sa�de mais debilitada, que, em geral, est�o em ambiente hospitalar ou est�o nele com frequ�ncia. Quando voc� tem pacientes que est�o hospitalizados e j� tem uma doen�a, esse fungo � um oportunista, que acaba causando uma doen�a muito mais grave", pontua Rosana.
Como � a transmiss�o?
O fungo � transmitido de pessoa a pessoa ou por contato em superf�cies contaminadas, como aparelhos hospitalares. Os flu�dos biol�gicos de pacientes infectados ou colonizados s�o uma das principais formas de transmiss�o.
Qual � a forma de preven��o?
A infectologista Rosana Richtmann afirma que a preven��o deve ser feita, principalmente, pelos estabelecimentos de sa�de. "� preciso que os hospitais se preparem para esse tipo de ocorr�ncia, tenha uma comiss�o de controle de infecc��o hospitalar e crie protocolos. Al�m disso, a higiene do ambiente � muito importante, at� mesmo a limpeza dos cateteres, de tudo que acaba precisando usar no paciente", define.
A especialista tamb�m desaconselha o uso abusivo de antibi�tico "sem necessidade", mas que n�o haja maior resist�ncia aos medicamentos do tratamento de uma poss�vel Candida auris.
"E l�gico, como cidad�o comum, quanto menos a gente precisar ir para os hospitais, melhor. Ent�o, � tentar ter a vida mais saud�vel poss�vel: controlar nossa diabetes para quem tem diabetes; parar de fumar para quem � fumante; ter uma boa alimenta��o; n�o ter o colesterol alto; e ter a pr�tica de atividade f�sica. Tudo isso ajuda na hora que a gente precisa, eventualmente, de uma hospitaliza��o", conclui.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine