O estudo foi feito entre 2017 e 2019 com 120 mulheres previamente selecionadas,
De comum nos dois casos, o uso da t�cnica do PRP (Plasma Rico em Plaquetas), um concentrado de plaquetas que � extra�do do pr�prio sangue da mulher e injetado nos ov�rios ou no endom�trio para tratar a infertilidade.
O estudo foi feito entre 2017 e 2019 com 120 mulheres previamente selecionadas, divididas em quatro grupos de 30: pacientes com m� resposta ovariana (POR, na sigla em ingl�s), insufici�ncia ovariana prematura (POI), pr�-menopausa e menopausa. Foi observada uma melhora significativa no perfil hormonal e no quadro da reserva ovariana em rela��o �s participantes do POR. Das 30, 12 tiveram filhos saud�veis ao final do processo.
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A recupera��o da menstrua��o foi observada em 18 das 30 pacientes com POI, e apenas 3 conseguiram engravidar e tiveram filhos. Da mesma forma, 13 de 30 mulheres na menopausa responderam positivamente ao tratamento com PRP, mas apenas uma deu � luz um filho. Por fim, a regularidade da menstrua��o e n�veis hormonais melhorados foram relatados para 24 das 30 mulheres na pr�-menopausa. Dessas, quatro engravidaram, mas s� tr�s filhos nasceram vivos.
Os resultados foram inconsistentes, mas chamaram a aten��o de especialistas mundo afora pela perspectiva de �xito em casos at� ent�o quase imposs�veis de darem certo. Um desses � o de Suzana Gomes, hoje com 56 anos —o filho, Rafael, tem 3.
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Ela conta que ap�s ter realizado cinco cirurgias em dez anos para a retirada de miomas do endom�trio, os m�dicos afirmavam que ela nunca engravidaria. Mesmo assim, ela e o marido, Fernando, resolveram tentar as t�cnicas poss�veis. Ap�s duas tentativas frustradas, o casal j� pensava em desistir quando foram informados do PRP pelo m�dico Fernando Prado, especialista em reprodu��o humana e diretor cl�nico da Neo Vita.
"Foi a �ltima tentativa depois de tr�s anos tentando, duas frustradas. Depois de muita medica��o, meu �tero n�o conseguia crescer mais para colocar os embri�es. Na �ltima tentativa, o m�dico falou do procedimento e que n�o era t�o utilizado porque era novo e nunca tinha feito em �tero. Gra�as a Deus deu cert�ssimo, tive meu beb�", conta Gomes.
Ap�s o tratamento, com poucas esperan�as, ela soube que estava gr�vida no dia 19 de outubro de 2019. "At� hoje olho para meu filho e acho que � um milagre. � inexplic�vel a sensa��o."
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Fernando Prado afirma que o PRP melhora a qualidade do endom�trio em mulheres que est�o tentando engravidar, especialmente naquelas em que este tecido n�o cresce, mesmo com est�mulos hormonais.
"Al�m de o PRP ajudar a aumentar a espessura do endom�trio, ele pode melhorar a vasculariza��o e a regenera��o tecidual, al�m de estimular a libera��o de fatores de crescimento que ajudam na implanta��o do embri�o. Tamb�m � �til em casos de mulheres que tiveram muitas cirurgias no �tero, como para retirar miomas, p�lipos ou sin�quias [cicatrizes]", diz o especialista.
Embora essa t�cnica tenha apresentado bons resultados, ela ainda est� em fase experimental de pesquisas. De acordo com a Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria) e o CFM (Conselho Federal de Medicina), o PRP n�o pode ser comercializado nem usado como propaganda pelas cl�nicas como um procedimento padr�o.
"At� hoje olho para meu filho e acho que � um milagre. J� estava achando que n�o ia dar certo. Quando soube que estava gr�vida, a gente ficou num estado t�o surpreso que hoje mesmo falo que � um milagre de Deus. � inexplic�vel a sensa��o", disse Suzana Gomes, professora que utilizou a t�cnica do PRP para ser m�e aos 52 anos.
"A realiza��o de procedimentos em car�ter experimental implica que eles v�o seguir normatiza��o espec�fica da pesquisa cient�fica com seres humanos, a qual est� sob fiscaliza��o do sistema CEP/Conep (Comit�s de �tica em Pesquisa/Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa). O profissional que realiza o procedimento n�o pode cobrar e ainda assume uma s�rie de compromissos com o sujeito de pesquisa (note que ele n�o � paciente), inclusive suporte m�dico e assistencial em caso de uma evolu��o ruim", destaca o CFM, em nota.
Segundo a Anvisa, no Brasil o PRP pode ser usado como tratamento terap�utico apenas na odontologia.
O obstetra �lvaro Pigatto Ceschin, especialista em reprodu��o da cl�nica Feliccit�, de Curitiba (PR), e presidente da Sbra (Associa��o Brasileira de Reprodu��o Assistida), aponta uma pol�mica relacionada ao PRP. Algumas cl�nicas, no Brasil e no exterior, fazem propaganda do procedimento como "rejuvenescimento do ov�rio", o que ele descarta.
"Chamam isso de rejuvenescimento do ov�rio, mas voc� n�o faz rejuvenescimento do ponto de vista de criar novos �vulos, voc� vai fazer a ativa��o dos �vulos dormentes que est�o no ov�rio",diz.
Ele explica que a mulher na menopausa ainda possui cerca de 10 mil �vulos inativos. Ent�o, a inje��o do PRP no ov�rio � para tentar fazer uma ativa��o dos fol�culos remanescentes, o que possibilitaria serem utilizados numa poss�vel gesta��o.
COMO � FEITO O TRATAMENTO
O tratamento com PRP de ov�rio ou endom�trio geralmente � realizado em uma cl�nica ou consult�rio m�dico, e envolve as seguintes etapas:
1. Coleta de sangue: � coletada uma amostra de sangue da paciente. A seguir, essa amostra � processada em uma centr�fuga, separando as plaquetas, que s�o mais pesadas do que as outras c�lulas do sangue. Assim, a quantidade de plaquetas no mesmo volume de plasma ficar� mais alta, resultando no PRP.
2. Prepara��o: O Plasma Rico em Plaquetas � preparado e concentrado em uma seringa, no volume de 0,5 ml a 1 ml, para ser injetado no local desejado.
3. Inje��o: O PRP � ent�o injetado diretamente no ov�rio ou no endom�trio, dependendo do tratamento escolhido. "Quando � feito no endom�trio, utilizamos um cat�ter como o de insemina��o intrauterina. � um procedimento indolor e n�o requer anestesia. J� para injetar nos ov�rios a paciente precisa estar anestesiada e em um ambiente cir�rgico. � feito como se fosse uma coleta de �vulos para fertiliza��o in vitro, utilizando a mesma agulha que usamos para captar os �vulos, mas injetando o PRP nos ov�rios", diz o m�dico Fernando Prado.
Obs.: O n�mero e a frequ�ncia das sess�es de tratamento com PRP n�o s�o totalmente definidas e podem variar a depender das necessidades e condi��es de cada paciente, explica o especialista.
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