N�o � Parkinson, � tremor essencial: como lidar com transtorno de movimento mais comum

Frequentemente, o envelhecimento � associado ao surgimento de diferentes patologias.

Doen�as como o tremor essencial, no entanto, n�o est�o ligadas � velhice.

Enfermidade mais frequente entre todos os dist�rbios do movimento, o tremor essencial afeta 6% das pessoas com mais de 60 anos, mas pode se manifestar desde a juventude.

Muitos pacientes dizem conviver com a doen�a h� muitos anos e afirmam que ela piora com a idade, a ponto de afetar atividades cotidianas.

O tremor essencial n�o � uma doen�a neurodegenerativa, mas � causado por uma disfun��o dos circuitos neurais ligados ao movimento.

� comum que se manifeste em mais de uma pessoa da mesma fam�lia.

Ele costuma ser percebido durante atividades manuais e pode ser mais pronunciado em uma das m�os.

Se o tremor for grave, o paciente pode ter dificuldade em realizar tarefas cotidianas como escrever, segurar um copo de �gua sem derramar, usar talheres, escovar os dentes, maquiar-se, fazer a barba, fechar bot�es ou z�peres, colocar brincos etc.

Algumas pessoas tamb�m podem sentir tremores na voz ou na cabe�a.

�, portanto, uma patologia que pode ter impacto significativo na qualidade de vida. Por isso � importante buscar um tratamento personalizado para o problema.

Origem incerta

O tremor surge com o mau funcionamento de neur�nios localizados no t�lamo, em uma parte do c�rebro ligada ao movimento.

Nestes neur�nios, o padr�o necess�rio para o movimento correto � substitu�do por uma atividade oscilat�ria que se imp�e sobre todo o circuito motor.

Isso faz com que as m�os tremam na mesma frequ�ncia da atividade oscilat�ria desses neur�nios quando a pessoa se movimenta.

Embora n�o se saiba ao certo o que desencadeia a doen�a, estudos a relacionam a uma disfun��o do cerebelo ligada � atividade neural de uma regi�o do t�lamo.

�, portanto, diferente de outras patologias que produzem tremores, caso de doen�as degenerativas como o Parkinson.

Nessa doen�a, o tremor – que geralmente ocorre em repouso – decorre da morte progressiva de neur�nios produtores de dopamina, um neurotransmissor respons�vel por modular o circuito motor e o movimento normal.

Al�m do tremor, os pacientes com Parkinson sofrem de outros dist�rbios, como tontura e rigidez.

HIFU: tratamento permite controle do tremor

Quando um paciente apresenta tremor essencial, o objetivo dos m�dicos � fazer com que seus circuitos motores voltem a funcionar normalmente.

Assim, os tratamentos visam restaurar o padr�o de atividade dos neur�nios para que a execu��o do movimento seja correta.

Os tratamentos mais tradicionais contra essa patologia usam betabloqueadores e antiepil�pticos.

Mas seu uso geralmente n�o � suficiente para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Felizmente, pacientes podem recorrer ao sistema HIFU, um aparelho de ultrassom de alta intensidade que permite atingir os neur�nios afetados de forma controlada e sem cirurgia craniana aberta.

O m�todo � ideal para diversos pacientes, uma vez que � minimamente invasivo.

O paciente precisa ter o cabelo raspado para que o aparelho de resson�ncia magn�tica seja acoplado.

Ap�s se deitar na mesa de resson�ncia, uma membrana pela qual circula �gua muito fria tamb�m � aplicada � sua cabe�a para resfriar o couro cabeludo e evitar que o ultrassom superaque�a a pele.

O paciente fica o tempo todo acordado, colaborando com os profissionais durante a interven��o.

O ultrassom mira o ponto do c�rebro onde est�o os neur�nios que os m�dicos querem eliminar. A energia emitida � transformada em calor para esquentar o tecido na �rea alvo.

� medida que a temperatura aumenta, o tremor desaparece progressivamente, confirmando que os m�dicos est�o mirando o local correto.

A pot�ncia da energia ent�o � aumentada, a fim de atingir uma temperatura que cause danos irrevers�veis aos neur�nios, resultando em uma melhora definitiva do tremor.

Beneficio imediato

Uma das maiores vantagens desse procedimento � que a melhora do tremor costuma acontecer de forma imediata.

Levando em considera��o que o paciente n�o precisa de interna��o hospitalar pr�via, ele pode receber alta 24 horas ap�s a realiza��o do HIFU.

Como em qualquer tratamento, alguns efeitos colaterais podem aparecer.

Geralmente eles est�o ligados ao aparecimento de edemas ao redor da �rea lesada, algo que se resolve em pouco tempo.

Assim, o paciente normalmente apresenta um alto grau de satisfa��o ap�s a interven��o.

*Mar�a Cruz Rodr�guez Oroz � diretora do Departamento de Neurologia da Universidade de Navarra, Espanha.

*Este artigo foi originalmente publicado no site de not�cias acad�micas The Conversation e republicado sob uma licen�a Creative Commons. Leia aqui a vers�o original em espanhol.