Fausto Silva, o Faustão

Apresentador Fausto Silva, mais conhecido como Faust�o, passou por transplante de cora��o; entenda como funciona

TV Globo

A not�cia de que o apresentador Fausto Silva, mais conhecido como Faust�o, necessitava de um transplante de cora��o suscitou debates sobre como funcionam a doa��o e o transplante de �rg�os no Brasil.

S�mbolo da TV aberta aos domingos durante d�cadas, Faust�o, de 73 anos, est� internado desde o in�cio de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em S�o Paulo (SP), e fazia um tratamento de compensa��o cl�nica de insufici�ncia card�aca.

Ele estava sob cuidados intensivos, dependente de hemodi�lise e precisava de medicamentos para ajudar no bombeamento do cora��o.

Segundo boletim m�dico do hospital, Faust�o passou pelo transplante card�aco neste domingo (27/8). A cirurgia, realizada no in�cio da tarde e durou cerca de 2h30, foi bem-sucedida.

"O procedimento foi realizado com sucesso e Fausto Silva permanece na UTI, pois as pr�ximas horas s�o importantes para acompanhamento da adapta��o do �rg�o e controle de rejei��o".

Em um v�deo gravado por seu filho Jo�o Guilherme Silva e compartilhado no Instagram em 19 de agosto, o apresentador disse: "Por sorte, eu ainda n�o morri! Estou preparado para as coisas da vida".

"Estou ainda nesse tratamento. Eles [os m�dicos] v�o decidir que tipo de cirurgia eu posso fazer, e eu pe�o que quem gosta de mim, que reze por mim."

No mesmo v�deo, ele agradeceu � equipe m�dica e aos familiares pelo apoio e cuidado. E encerrou: "Quem decide � o chefe l� em cima".

Confira abaixo uma lista de perguntas e respostas sobre a doa��o de �rg�os no Brasil.

Quem pode doar �rg�os?

H� dois tipos de doa��o de �rg�os: em vida e ap�s a morte.

O doador vivo pode doar um dos rins, parte do f�gado, parte do pulm�o ou parte da medula �ssea.

Em todos os casos, a compatibilidade sangu�nea � vital para a doa��o.

Pela lei, parentes at� o quarto grau e c�njuges podem ser doadores em vida. N�o parentes, somente com autoriza��o judicial.

J� o doador falecido ter� seus �rg�os doados ap�s morte encef�lica ou por parada cardiorrespirat�ria.

No primeiro caso, pode doar cora��o, pulm�es, f�gado, p�ncreas, intestino, rins, c�rnea, vasos, pele, ossos e tend�es.

No segundo, pode doar apenas tecidos para transplante (c�rnea, vasos, pele, ossos e tend�es).

A diferen�a tem a ver com o fato de que a circula��o sangu�nea influencia no funcionamento de alguns �rg�os — tanto � que, se o paciente tiver morte encef�lica, � necess�rio manter a circula��o sangu�nea at� o momento da retirada do �rg�o a ser doado.

O que fazer para doar �rg�os?

A legisla��o brasileira exige o consentimento da fam�lia para a retirada de �rg�os e tecidos para transplante.

Por isso, o Minist�rio da Sa�de recomenda que, se voc� quiser ser doador de �rg�os, avisar aos familiares � o mais importante.

Isso porque, apesar de pela lei n�o ser poss�vel garantir efetivamente a vontade do doador, na grande maioria dos casos, quando a fam�lia tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo � respeitado, acrescenta a pasta.

N�o � necess�rio deixar a vontade expressa em documentos ou cart�rios, basta que a fam�lia atenda ao pedido e autorize a doa��o de �rg�os e tecidos.

Mas o desejo do doador, expressamente registrado, tamb�m pode ser aceito, caso haja decis�o judicial nesse sentido.

Um dos principais motivos para que um �rg�o n�o seja doado no Brasil � a negativa familiar.

No ano passado, mais de 45% das fam�lias recusaram a doa��o de �rg�os.

Entre os motivos, segundo muitos estudos, est� a falta de informa��o – por exemplo, de que os �rg�os possam ser retirados de pacientes ainda em vida e sem seu consentimento.

Quem n�o pode doar �rg�os?

N�o existe restri��o absoluta, mas a doa��o de �rg�os requer alguns crit�rios m�nimos como o conhecimento da causa da morte, aus�ncia de doen�as infecciosas ativas, dentre outros.

Tamb�m n�o poder�o ser doadoras as pessoas que n�o possuem documenta��o ou menores de 18 anos sem a autoriza��o dos respons�veis.


Ilustração de um coração

Segundo Minist�rio da Sa�de, 386 pessoas est�o atualmente � espera de um cora��o na fila de transplantes no Brasil

Getty Images

Em quanto tempo um �rg�o deve ser transplantado?

� uma verdadeira corrida contra o tempo.

O prazo entre a retirada do �rg�o do doador e o seu implante no receptor � chamado de tempo de isquemia.

Os tempos m�ximos de isquemia normalmente aceitos para o transplante de diversos �rg�os s�o:

Cora��o: 4 horas

F�gado: 12 horas

P�ncreas: 12 horas

Pulm�o: 6 horas

Rim: 48 horas

Quantas pessoas aguardam na fila de transplantes no Brasil?

Segundo o Minist�rio da Sa�de, cerca de 66 mil pessoas est�o na fila de transplante de �rg�os no Brasil, e esse n�mero � um dos maiores nos �ltimos 25 anos.

Desse total, 386 est�o atualmente � espera de um cora��o. No caso do rim, s�o 37.112.

Refer�ncia mundial na �rea de transplantes, com o maior sistema p�blico de transplantes do mundo, o Brasil � o segundo pa�s do mundo que mais realiza esse tipo de procedimento, atr�s apenas dos Estados Unidos.

Todos os anos, cerca de 20 mil procedimentos s�o realizados, mais de 90% pela rede p�blica, por meio do SUS (Sistema �nico de Sa�de).

No passado, o n�mero de transplantes foi de 23.516.

Independentemente da forma como o transplante � pago (pelo SUS ou n�o), a chance de receber um �rg�o � a mesma.

� poss�vel 'furar a fila'?

No Brasil, existe uma lista de espera �nica e informatizada para transplante de �rg�os.

Portanto, para receber um �rg�o, o potencial receptor deve estar inscrito nela, e seu lugar nessa "fila" � respeitado conforme a ordem de inscri��o.

No entanto, existem casos que podem ser priorizados nessa lista de espera.

Isso vai depender as condi��es cl�nicas do paciente, como situa��es de extrema gravidade com risco de morte.

Por exemplo: impossibilidade total de acesso para di�lise, no caso de doentes renais; a insufici�ncia hep�tica aguda grave, para doentes do f�gado; necessidade de assist�ncia circulat�ria, para pacientes cardiopatas; e rejei��o de �rg�os recentes de transplantados, segundo o Minist�rio da Sa�de.

No caso de Faust�o, como ele j� estava fazendo tratamento para insufici�ncia card�aca, com di�lise, acabou priorizado.

O apresentador ocupava o segundo lugar na fila de espera por um cora��o, segundo a Central de Transplantes do Estado de S�o Paulo.

"A sele��o gerada para a oferta do cora��o deste receptor, atrav�s do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente (Faust�o) ocupava a segunda posi��o nesta sele��o", afirmou a Central de Transplantes do Estado de S�o Paulo.

Faust�o recebeu o cora��o ap�s a equipe m�dica do paciente que ocupava a primeira posi��o decidir pela recusa do �rg�o.

Outro crit�rio � a compatibilidade entre doador e receptor, uma vez que nem sempre ela � poss�vel.

No Brasil, vender ou comprar �rg�os humanos � crime, com penas de tr�s a oito anos de pris�o.

Posso escolher para quem vou doar meus �rg�os?

Na doa��o em vida, sim. Na doa��o ap�s a morte, nem o doador, nem a fam�lia podem escolher o receptor.

Qual a chance de sucesso de um transplante?

Segundo o Minist�rio da Sa�de, o sucesso depende de in�meros fatores como o tipo de �rg�o a ser transplantado, a causa da doen�a, as condi��es de sa�de do paciente, ades�o aos medicamentos imunossupressores entre outras.

Quanto tempo em m�dia vive a pessoa transplantada?

A sobrevida do paciente tem sido cada vez maior devido aos novos medicamentos e �s t�cnicas aprimoradas.

O valor m�dio aproximado de sobrevida, depois de um ano, � de 70% para o enxerto e para o paciente, segundo o Minist�rio da Sa�de.

"O transplante n�o � cura, mas sim um tratamento que pode prolongar a vida com uma melhor qualidade", diz a pasta em seu site.

"Muito embora a compatibilidade entre doador e receptor seja testada antes de um transplante, a prescri��o de medicamentos imunossupressores � obrigat�ria e de forma permanente, com o objetivo de evitar a rejei��o do �rg�o."

"Em casos de rejei��o, poder� ser oferecido um novo transplante ao paciente. As consultas peri�dicas de acompanhamento p�s-transplante s�o obrigat�rias."