Bebê Miguel Gabriel da Silva Valoroski no colo da mãe

Miguel Gabriel da Silva Valoroski fez um transplante card�aco pouco antes de completar 1 ano

Miguel Gabriel da Silva Valoroski, que realizou um transplante card�aco pouco antes de completar 1 ano. Cr�dito: Marieli Prestes/Hospital Pequeno Pr�ncipe


 No �ltimo domingo, dia 20, o apresentador de televis�o Fausto Silva entrou na fila de espera por um transplante card�aco. Embora o procedimento seja mais comum em adultos, no Brasil 67 crian�as e adolescentes com at� 17 anos de idade aguardam por um cora��o para continuar vivendo. O n�mero representa 17% do total de pacientes brasileiros esperando por esse �rg�o. Os dados, atualizados at� o dia 16 de agosto, s�o do Sistema Nacional de Transplantes, do Minist�rio da Sa�de.

O Pequeno Pr�ncipe, hospital exclusivamente pedi�trico, em Curitiba (PR), tem hoje cinco crian�as listadas na fila do transplante card�aco e outras duas est�o sendo avaliadas para entrar na lista. Segundo o cardiologista Bruno Hideo Saiki Silva, respons�vel cl�nico pelo Servi�o de Transplante Card�aco e Miocardiopatias da institui��o, a crian�a mais nova atualmente no rol de espera tem 1 ano e 10 meses, enquanto o adolescente mais velho est� com 16 anos. 

No caso das crian�as pequenas, � ainda mais dif�cil encontrar um cora��o de tamanho compat�vel: “Ofertas de cora��o com pacientes abaixo de 30 quilos s�o um grande desafio”, informaBruno Hideo Saiki Silva. � o caso do paciente do Pequeno Pr�ncipe, que aguarda h� mais tempo na fila – desde novembro de 2022. Quando foi listado, ele tinha 1 ano e 6 meses. 
“Para haver compatibilidade entre doador e receptor, existe a necessidade de uma concord�ncia entre peso e altura. Por exemplo, o peso do doador n�o pode ser menor que 20% ou maior que o dobro do peso do paciente em lista de espera”, detalha o cirurgi�o cardiovascular respons�vel por uma das equipes do Servi�o de Cirurgia Card�aca no Pequeno Pr�ncipe, Fabio Binhara Navarro. Neste ano, a institui��o j� realizou quatro transplantes card�acos.

Indica��o de transplante card�aco em crian�as

De acordo com o cirurgi�o cardiovascular Fabio Binhara Navarro, crian�as e adolescentes podem nascer com malforma��es no cora��o ou desenvolver doen�as que afetem o funcionamento da estrutura do �rg�o no decorrer dos anos. Em alguns casos, o tratamento com medicamentos ou cir�rgico (corre��es de anomalias) n�o normaliza a fun��o, por isso o transplante card�aco ï¿½ indicado. 

Pacientes que apresentem est�gio final de insufici�ncia card�aca, ou seja, quando o cora��o n�o bombeia sangue suficiente para atender �s necessidades do corpo, precisam do transplante.

Como � feito o transplante card�aco pedi�trico?

Para o procedimento ser feito, s�o necess�rios diferentes profissionais, como cirurgi�es cardiovasculares, cardiologistas, intensivistas, anestesistas, enfermeiros, instrumentadores, perfusionistas, psic�logos e assistentes sociais. No Pequeno Pr�ncipe, a equipe multidisciplinar analisa cada caso desde a consulta pr�-operat�ria, assim como auxilia na sele��o do �rg�o que a crian�a vai receber e no procedimento cir�rgico, al�m dos cuidados depois que o transplante card�aco � finalizado.

A cirurgia, bastante complexa devido � pouca idade dos pacientes, exige duas equipes: “Enquanto parte dos profissionais v�o para a retirada do cora��o do doador, outra parte prepara o receptor, de forma simult�nea. Tudo com o intuito de diminuir o tempo de isquemia (tempo em que o fluxo sangu�neo do cora��o � interrompido) do cora��o transplantado, para que ele seja o menor poss�vel, preferencialmente menor do que quatro horas”, ressalta o cirurgi�o cardiovascular.
 
Essa divis�o da equipe, segundo o m�dico, � fundamental para um procedimento seguro, principalmente quando a capta��o do �rg�o � feita em outros estados, exigindo transporte a�reo. Durante o procedimento, � utilizada uma m�quina que faz a fun��o do cora��o e do pulm�o (m�quina de circula��o extracorp�rea) e mant�m a circula��o sangu�nea dos demais �rg�os. Nesse momento, o cora��o doente � retirado, e o �rg�o saud�vel � implantado.

Refer�ncia no atendimento de beb�s

O Hospital  Pequeno Pr�ncipe � refer�ncia no atendimento de crian�as menores de 2 anos. � o caso de Miguel Gabriel da Silva Valoroski, que fez transplante card�aco pouco antes de completar 1 ano. Ele foi diagnosticado com fibroma, um tumor que cresceu dentro do m�sculo do cora��o, e s� esse tipo de procedimento poderia normalizar o funcionamento do �rg�o.

O transplante de Miguel foi um sucesso. De acordo com a m�e, Beatriz Valoroski das Almas, um dia depois da cirurgia, ele foi desentubado e recebeu alta antes do esperado: “Ele ficou mais tempo na Unidade de Terapia Intensiva [UTI] antes da cirurgia do que depois do procedimento, que � complexo. Ele se recuperou muito r�pido, foi um milagre", comemora.
Conforme Navarro, depois do transplante, o paciente � monitorado continuamente e necessita de terapia para imunossupress�o, com medicamento que atua no seu sistema imunol�gico, impedindo o processo inflamat�rio que pode levar � rejei��o do �rg�o. Depois da alta hospitalar, que varia entre 15 e 30 dias, a crian�a ou adolescente � acompanhado pelo Servi�o de Cirurgia Cardiovascular e Cardiologia do Pequeno Pr�ncipe at� completar 18 anos.