As vis�es capacitistas da sociedade funcionam como uma muralha que impede a inclus�o
Uma mulher entra no elevador e encontra um cadeirante de terno e gravata. Ela assume um tom maternal, como se falasse com uma crian�a, e pergunta se ele vai passear. Surpreso, o homem responde que est� indo trabalhar. "� bom para distrair a mente", a senhora retruca. A cena aconteceu com o diretor da Diretoria da Pessoa com Defici�ncia da OAB/RJ, Geraldo Nogueira, que definiu o caso como um exemplo de capacitismo: "N�o conseguem ver uma limita��o pontual, enxergam a pessoa como incapaz como um todo".
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Na abertura do evento, a 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amelia Menna Barreto, destacou que o debate � muito importante para consagrar as celebra��es da data que marca a luta pela inclus�o das pessoas com defici�ncia. O webinar tamb�m teve a participa��o do ativista e servidor da Secretaria de Direitos Humanos do Cear�, Rubens Linhares, da analista judici�ria e membro da Comiss�o de Acessibilidade e Inclus�o do TRT1 Maria Villela de Souza Ferreira, do presidente da Comiss�o de Direitos Humanos da Subse��o da OAB Barra da Tijuca/RJ, Paulo Fernando de Castro, da presidente da Comiss�o de Defesa dos Direitos das Pessoas com Defici�ncia do IAB, Danielle Marques de Souza, e dos integrantes do mesmo grupo Ana Cl�udia Ferreira Fran�a Correa e Jo�o Theotonio Mendes de Almeida Junior.
A situa��o de capacitismo vivida por Geraldo Nogueira tamb�m � comum na vida de Rubens Linhares, que � uma pessoa com nanismo. O ativista contou que j� foi perguntado, em um local p�blico, se estava sendo acompanhado, mesmo sendo um adulto. "Quando algu�m olhar para mim, n�o � para ver o Rubinho com 1,35m, mas sim acreditar que dentro de mim tem potencial para ser �til", afirmou. Para o palestrante, o Pa�s ainda est� longe de alcan�ar uma acessibilidade universal, que abarque variados �mbitos, como o educacional, o arquitet�nico e o atitudinal. Lembrando do passado recente em que pessoas com nanismo eram exploradas como atrativos ex�ticos em circos, Danielle Marques tamb�m pontuou que PCDs s�o alvo de v�rios olhares problem�ticos e costumam ser infantilizados.
Segundo Marques, as vis�es capacitistas da sociedade funcionam como uma muralha que impede a inclus�o: "Essa � uma pauta universal de todas as pessoas, com ou sem defici�ncia, porque � a sociedade que deve se reabilitar, para incluir as pessoas com defici�ncia, e n�o o contr�rio". O preconceito enraizado, na vis�o de Maria Villela, traz a ideia de que h� sofrimento na exist�ncia dos indiv�duos desse grupo. Ela ressaltou que a defici�ncia � uma caracter�stica que existe em pessoas normais. "Presume-se uma dificuldade muito grande da pessoa �nica e exclusivamente porque ela tem uma defici�ncia, mas isso n�o necessariamente � verdadeiro, porque pessoas sem defici�ncia podem ter dificuldades na vida muito maiores do que pessoas com defici�ncia", disse Villela. Reiterando a posi��o dos palestrantes, Paulo Fernando de Castro afirmou que o assunto � uma pauta de direitos humanos. "A defici�ncia � de quem discrimina e de quem ainda v� as pessoas com defici�ncia como pessoas incapazes", completou.
Lembrando que no Brasil existem quase 20 milh�es de pessoas com defici�ncia, Ana Cl�udia Correa afirmou que o tema do evento deve sempre estar em pauta. Como m�e de um jovem com defici�ncia intelectual, a advogada tamb�m defendeu a inclus�o de PCDs no ensino regular. "Quando voc� cresce convivendo com a defici�ncia, voc� tem um outro olhar para o ambiente da diversidade e entende que cada um tem a sua especificidade", disse. J� Jo�o Theotonio de Almeida defendeu que os debates devem abrir espa�o para discutir condi��es invis�veis, como o Transtorno do D�ficit de Aten��o com Hiperatividade (TDAH), que ainda n�o consta no rol de defici�ncias da legisla��o brasileira. "Parece que n�o, mas � um sofrimento muito grande para as pessoas que, por exemplo, l�em, rel�em e n�o conseguem absorver o que est� ali. Elas precisam eventualmente se habilitar no mercado de trabalho e esbarram tamb�m nessa dificuldade", afirmou o advogado.
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