Vacina HPV

A assessoria de imprensa do Minist�rio da Sa�de disse que, como a medida � recente, n�o � poss�vel ter um dado consolidado sobre o quantitativo de vacinas para atender o novo grupo priorit�rio no pa�s

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SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Desde agosto, em todo o pa�s, as pessoas v�timas de viol�ncia sexual, de 9 a 45 anos, t�m direito � vacina contra o HPV (papilomav�rus humano) no SUS (Sistema �nico de Sa�de).

Devido ao risco aumentado de contrair doen�as relacionadas ao v�rus, a OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de) recomendou que este p�blico seja considerado como prioridade nos programas de sa�de p�blica.

  • HPV e cigarro s�o fatores de risco para c�ncer de cabe�a e pesco�o

Segundo nota t�cnica do Minist�rio da Sa�de, em S�o Paulo, 30% das v�timas de viol�ncia sexual atendidas nos servi�os especializados desenvolvem les�es pelo HPV posteriormente e apresentam vulnerabilidade social e comportamental de risco, como abusos frequentes. Entre os casos de viol�ncia sexual registrados no estado de S�o Paulo anualmente, cerca de 80% ocorrem em faixas et�rias abaixo dos 40 anos de idade.

A assessoria de imprensa do Minist�rio da Sa�de disse que, como a medida � recente, n�o � poss�vel ter um dado consolidado sobre o quantitativo de vacinas para atender o novo grupo priorit�rio no pa�s.

Segundo a Secretaria Estadual de Sa�de afirmou em nota, S�o Paulo ampliou a vacina��o contra o v�rus HPV para v�timas de viol�ncia sexual em maio deste ano.

O estado recebe cerca de 100 mil doses mensais do imunizante --o mesmo de antes da inclus�o deste grupo no p�blico-alvo para a vacina��o contra o v�rus.

Segundo a secretaria, com base nos dados de viol�ncia sexual do estado de S�o Paulo, estima-se um p�blico para vacina��o de cerca de 5.000 v�timas por ano, n�mero que n�o impacta na quantidade de doses da vacina contra HPV recebidas do PNI (Programa Nacional de Imuniza��es).

Al�m disso, para a solicita��o e distribui��o dos imunobiol�gicos, os t�cnicos da Divis�o de Imuniza��o do estado realizam mensalmente uma an�lise minuciosa dos n�meros solicitados pelas regionais e estoque.

"Isso n�o � Profilaxia Pr�-Exposi��o [PrEP]. O objetivo n�o � esse. A maioria das v�timas de viol�ncia sexual � reexposta dentro de casa. Nos Estados Unidos, v�rios pa�ses indicam a vacina��o nessa situa��o espec�fica", afirmou a infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas e coordenadora do Comit� de Imuniza��es da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Rosana Richtmann.

A pesquisadora participou do 23º Congresso Brasileiro de Infectologia, realizado em Salvador (BA). A m�dica tamb�m defendeu a imuniza��o gratuita de quem usa a PrEP.

No SUS, a vacina contra o HPV � quadrivalente, voltada a crian�as e adolescentes de 9 a 14 anos. A aplica��o � em duas doses. Ela protege contra infec��es persistentes e les�es pr�-cancer�genas causadas pelos tipos de HPV 6,11,16,18.

Pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncol�gicos --grupos com maior risco de desenvolver complica��es-- tamb�m podem receber o imunizante, nas UBS (Unidades B�sicas de Sa�de) ou nos CRIEs (Centros de Refer�ncia para Imunobiol�gicos Especiais). O esquema � de tr�s doses, independentemente da idade.

A rede privada disponibiliza a nonavalente. Fabricado pela farmac�utica MSD, o imunizante � formulado com nove sorotipos, cinco a mais se comparado com a vacina que j� existe no pa�s.

O HPV � associado aos c�nceres de colo do �tero, de p�nis, vulva, canal anal e orofaringe, al�m das verrugas genitais.

Segundo a OMS o v�rus � respons�vel por mais de 95% dos casos de c�ncer de colo uterino, doen�a que mata, em m�dia, cerca de 340 mil mulheres a cada ano.

No Brasil, a ades�o � vacina contra o HPV n�o atinge o n�vel recomendado pela OMS --cobertura vacinal de 90% entre as meninas de at� 15 anos; 70% de cobertura da triagem com teste de alto desempenho (aos 35 anos e novamente aos 45 anos); �ndice de tratamento de 90% para mulheres com pr�-c�ncer tratadas e de mulheres com c�ncer invasivo.

Rosana Richtmann defende a dose �nica da vacina contra o HPV para aumentar a cobertura vacinal. Al�m disso, a medida ampliaria a faixa et�ria e a prote��o.

A infectologista � uma das autoras de um artigo que re�ne resultados positivos na literatura sobre os efeitos da dose �nica nos programas de vacina��o.

Um dos estudos � do Qu�nia. Uma dose da vacina contra o papilomav�rus humano � altamente eficaz para evitar infec��es durante tr�s anos, provavelmente reduzindo as taxas de c�ncer do colo do �tero, tamb�m conhecido como c�ncer cervical, e outras doen�as ligadas ao v�rus.

Na �ndia e na Costa Rica, dois estudos mostram que a prote��o contra infec��es por HPV ap�s a administra��o de uma dose � semelhante a duas ou tr�s doses e dura pelo menos dez anos ap�s a vacina��o.

No Brasil, cerca de 15 mulheres morrem por dia, em m�dia, em decorr�ncia do c�ncer de colo de �tero, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do C�ncer).

 

A rep�rter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Infectologia.