No Brasil,1,2 milhão de pessoas que vivem com algum tipo de demência. No mundo, já são 50 milhões

No Brasil,1,2 milh�o de pessoas que vivem com algum tipo de dem�ncia. No mundo, j� s�o 50 milh�es

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� primeira vista, a rela��o entre a surdez e o Alzheimer parece n�o fazer muito sentido. Afinal, como o fato de n�o escutar pode influenciar no aparecimento de um transtorno neurodegenerativo como o Alzheimer ou vice-versa? Apesar das duas condi��es terem caracter�sticas bastante diferentes, ambas podem, sim, estar diretamente ligadas.

"N�s ouvimos com a ajuda dos nossos c�rebros, portanto, o ato de ouvir, em si, j� � uma forma de exercitar as nossas vias neurais. Patologias neurodegenerativas, como o Alzheimer, afetam n�o s� as vias cerebrais que controlam a mem�ria, mas tamb�m as vias auditivas", afirma a neurologista do Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Dr. Jo�o Amorim (CEJAM) em parceria com a Secretaria Municipal da Sa�de de S�o Paulo, Mayra Magalh�es Silva.

Dessa forma, a pessoa com Alzheimer pode ter a sua fun��o auditiva afetada de maneira precoce ou profunda. E, da mesma forma, o inverso pode acontecer, ou seja, uma pessoa com audi��o alterada e sem nenhum cuidado pode ter mais chances de desenvolver problemas cognitivos, como o Alzheimer, em um est�gio posterior da vida.

Recente estudo publicado pela revista The Lancet Public Health indica que pessoas entre 40 e 69 anos t�m um risco 42% maior de desenvolver degenera��o neurocognitiva, caso tenham perda auditiva e n�o usem aparelho, comparadas �s que utilizam os dispositivos.

"Com o uso do aparelho auditivo, o paciente que tem alguma dificuldade de escuta passa a utilizar as suas vias cerebrais auditivas que antes n�o estavam sendo usadas, estimulando atividade na regi�o e evitando maiores complica��es de dem�ncia, por exemplo", explica a m�dica.

Outro estudo realizado pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, mostra ainda que, a cada dez decib�is perdidos na audi��o, o risco de desenvolver doen�as cerebrais, como o Alzheimer, aumenta em 27%.

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Segundo a neurologista, al�m dessas estimativas, existem outros fatores que podem estimular ainda mais o aparecimento do quadro. "Muitas vezes, pessoas com perda auditiva n�o tratada t�m tend�ncia a se isolar socialmente e, consequentemente, a sentir solid�o e depress�o. E esses quadros, por sua vez, intensificam o risco de estagna��o mental, aumentando ainda mais o risco de desenvolver dem�ncia", explica.

De modo geral, hoje, j� s�o cerca de 1,2 milh�o de pessoas que vivem com algum tipo de dem�ncia no Brasil, al�m de existir uma estimativa de 100 mil novos casos a serem diagnosticados todos os anos, segundo o Minist�rio da Sa�de. No mundo, j� s�o 50 milh�es de pessoas com o quadro, mas acredita-se que at� 2030 esse n�mero salte para 74,7 milh�es e, em 2050, a enfermidade deva atingir 131,5 milh�es de pessoas, em raz�o do envelhecimento da popula��o.

O Alzheimer � uma doen�a progressiva sem cura que afeta a mem�ria e a linguagem. A ci�ncia ainda n�o sabe exatamente o que motiva seu aparecimento, mas os aparelhos auditivos devem ser considerados uma forma de cuidado, especificamente com os idosos que querem evitar complica��es.

Al�m do uso do objeto, existem outras formas de preven��o. "� necess�rio, antes de tudo, manter bons h�bitos de vida, que incluem desde alimenta��o saud�vel e rotina de atividade f�sica at� bons relacionamentos sociais com fam�lia e amigos", aponta a m�dica.