mulher recebendo tratamento para queda de cabelo em uma clínica

O in�cio do tratamento na inf�ncia e adolesc�ncia permite reduzir os efeitos da s�ndrome, incluindo a perda dos fios

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Mudan�a na textura do cabelo e, em cada unidade folicular, um fio predominante cercado por fios menores e mais fr�geis. Essa seria uma descri��o da calv�cie que acomete parte da popula��o na vida adulta e na terceira idade. Mas trata-se tamb�m das caracter�sticas da alopecia em crian�as e jovens, p�blico que tem aparecido com mais frequ�ncia nas consultas dermatol�gicas.

"Pacientes com 10 ou 20 anos come�am a chegar aos nossos consult�rios", diz Fabiane Mulinari Brenner, professora de dermatologia na Universidade Federal do Paran� (UFPR) e coordenadora do Ambulat�rio de Desordens do Cabelo do Hospital de Cl�nicas de Curitiba.

A dermatologista foi uma das palestrantes do 76o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, realizado no �ltimo m�s em Florian�polis, onde refor�ou a import�ncia do acompanhamento desses pacientes, uma vez que a perda de cabelo na inf�ncia e adolesc�ncia pode ser um ind�cio de dist�rbios hormonais.


"�s vezes, o adolescente vem com uma queixa mais est�tica, da mudan�a na textura do fio, do que efetivamente da rarefa��o", conta a m�dica. "Ele chega e diz: ‘Entrei na adolesc�ncia e meu cabelo mudou. Eu tinha cabelo liso e ele ficou mais crespo, e isso est� me incomodando."

Nesse grupo de pacientes, explica Brenner, a calv�cie precoce pode indicar SOP (s�ndrome do ov�rio polic�stico), doen�a caracterizada pelo aumento na produ��o de horm�nios masculinos (hiperandrogenismo) e associada a maiores riscos de obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares e alguns tipos de c�ncer.

A SOP leva esse nome porque, no p�blico feminino, os dist�rbios hormonais favorecem a forma��o de cistos nos ov�rios, mas indiv�duos do sexo masculino tamb�m podem desenvolver algumas caracter�sticas da enfermidade, como aumento nos n�veis de colesterol e triglic�rides.

Isolada, a rarefa��o dos cabelos n�o fecha o diagn�stico de hiperandrogenismo, mas se junto com ela houver obesidade, irregularidade menstrual, acne ou aumento de pelos no corpo, ent�o � preciso investigar mais a fundo.

"O dermatologista tem uma fun��o importante nesse grupo de pacientes: interferir nos fatores de risco", defende a dermatologista, refor�ando a import�ncia do trabalho em conjunto com pediatras e endocrinologistas e do tratamento precoce.

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O in�cio do tratamento na inf�ncia e adolesc�ncia permite reduzir os efeitos da s�ndrome, incluindo a perda dos fios. "A pessoa n�o vai recuperar 100% do cabelo, mas a alopecia ï¿½ progressiva e, ao interromper a evolu��o, j� h� um benef�cio. Se nada for feito, a perda continua", diz Brenner. 

 

CUIDADOS

 

As causas para a alopecia em crian�as e adolescentes ainda n�o est�o totalmente definidas, mas acredita-se que a puberdade precoce —estudos associam o in�cio da menarca ao desenvolvimento de SOP na adolesc�ncia— e a exposi��o a desreguladores end�crinos, que provocam altera��es nos horm�nios sexuais, tenham influ�ncia.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem uma rela��o de desreguladores end�crinos e onde podem ser encontrados. No caso da alopecia, Brenner destaca os ftalatos, que d�o maleabilidade ao pl�stico e podem ser encontrados em produtos como copos e garrafas descart�veis e embalagens de comida congelada.

 

Assim, os especialistas recomendam, sempre que poss�vel, n�o aquecer alimentos em recipientes pl�sticos no microondas, n�o armazenar alimentos gordurosos em recipientes, sacos ou filmes pl�sticos e n�o dar para crian�as pequenas mordedores ou brinquedos pl�sticos.