Grande parte das pessoas com obesidade mórbida vão morrer antes dos 50 anos

Grande parte das pessoas com obesidade m�rbida v�o morrer antes dos 50 anos

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Com o crescimento da oferta de produtos e tratamentos para perda de peso no mercado, m�dicos e especialistas trazem � tona a import�ncia de diferenciar o termo "rem�dios para emagrecer" do termo "medicamento para tratamento da obesidade". Isso porque muitos "rem�dios para emagrecer" s�o produtos de origem desconhecida, vendidos na internet sem a necessidade de receita, do acompanhamento m�dico e como uma solu��o r�pida para perda de peso.

J� os medicamentos para tratamento da obesidade s�o receitados por especialistas, passaram por anos de estudos com milhares de pacientes, possuem autoriza��o da Anvisa e exigem o acompanhamento m�dico para resultados eficazes ao longo de meses e para que possa haver a manuten��o na perda de peso.

A discuss�o sobre esse tema parte de um novo posicionamento, divulgado no in�cio de setembro, pela Associa��o Brasileira para o Estudo da Obesidade e da S�ndrome Metab�lica (ABESO), e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) sobre os conceitos e linguagem usados no tratamento da obesidade.

O m�dico endocrinologista Andr� Vianna, membro da SBEM e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes no Paran�, explica que os medicamentos fazem parte do tratamento de uma doen�a cr�nica que � a obesidade, e n�o consiste em uma solu��o r�pida e pontual para emagrecer.

"Quando voc� fala em tratamento para emagrecer, que � um termo popular, a pessoa acha que na hora que emagreceu, acabou o tratamento, porque ela conseguiu seu objetivo. Al�m disso, hoje, o que mais vemos s�o pessoas que n�o t�m obesidade comprando medicamentos destinados ao tratamento, como a semaglutida, em busca de uma solu��o r�pida para perder alguns quilos, o que pode trazer muitos riscos para a sa�de al�m da recidiva de peso", explica Vianna.

Leia: O que � s�ndrome metab�lica? Condi��o aumenta o risco de doen�as card�acas

O endocrinologista refor�a que, por ser uma doen�a cr�nica, o tratamento da obesidade deve ser mantido a longo prazo e re�ne mudan�a no estilo de vida com h�bitos alimentares saud�veis, pr�tica regular de atividade f�sica e uso de alguns medicamentos para ajudar no controle do peso. Quando esses mecanismos n�o s�o suficientes para tratar a obesidade, o paciente pode receber a indica��o de cirurgia bari�trica.

A cirurgia bari�trica deve ser recomendada como op��o para pacientes com n�veis mais severos de obesidade ou em casos de obesidade com outras doen�as associadas ou agravadas por ela, como press�o alta, diabetes, apneia do sono, problemas articulares, colesterol elevado entre outras.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari�trica e Metab�lica no Paran�, Jos� Alfredo Sadowski, enfatiza a import�ncia da cirurgia bari�trica para tratamento de casos mais severos de obesidade, uma vez que o tratamento cir�rgico � o melhor em longo prazo para obesidade m�rbida.

Mas faz um alerta: a cirurgia n�o � a solu��o definitiva para o problema, uma vez que, a obesidade � uma doen�a incur�vel. Mas se a cirurgia for utilizada junto com mudan�as de h�bitos, reeduca��o alimentar e acompanhamento pr�ximo a equipe de m�dicos, nutricionistas, profissionais de sa�de mental e educadores f�sicos, a chance de sucesso em longo prazo aumenta substancialmente.

"Grande parte das pessoas com obesidade m�rbida v�o morrer antes dos cinquenta anos e aquelas que chegam at� a terceira idade possuem uma qualidade de vida muito ruim. A cirurgia bari�trica � hoje o tratamento mais eficaz para o controle da obesidade m�rbida", explica o cirurgi�o.

Atualmente, no Brasil, os crit�rios de indica��o para cirurgia bari�trica s�o:

- �ndice de massa corporal acima de 40kg/m2

- �ndice de massa corporal acima de 35kg/m2 na presen�a de doen�as associadas � obesidade (press�o alta, diabetes tipo 2, apneia do sono, problemas articulares ocasionados por excesso peso, gordura no f�gado, elevados n�veis de colesterol, entre outras...)

Medicamentos manipulados

Outro fator que tem preocupado os m�dicos � o uso de medicamentos manipulados, assim como ch�s, shakes e dietas milagrosas com a promessa de emagrecimento. Para que um medicamento seja recomendado para o tratamento da obesidade, ele deve ser aprovado pelas ag�ncias reguladoras ap�s dezenas de estudos. Comprar medicamentos manipulados para tratamento de obesidade, ou com o objetivo de emagrecer, pode trazer riscos � sa�de.

A m�dica hepatologista Claudia Ivantes, do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP), alerta quanto aos riscos dos manipulados e consumo excessivo de ervas e diet�ticos para a sa�de do f�gado. "Os fitoter�picos n�o apresentam controle sanit�rio rigoroso e podem tamb�m conter elementos na composi��o n�o descritos na bula. Nem tudo que � dito natural � saud�vel. Esses produtos est�o no mercado como suplementos alimentares e n�o passam por regulamenta��o da Anvisa. N�o h� vigil�ncia e controle para saber o que realmente comp�e o produto. A maioria das subst�ncias s�o ou devem ser metabolizadas pelo f�gado, por isso ele � um �rg�o bastante suscet�vel � les�o", explica Claudia.

Um estudo publicado na revista cient�fica Clinical Gastroenterology and Hepatology aponta que cerca de 8% dos casos de les�o no f�gado foram atribu�dos a fitoter�picos e suplementos diet�ticos. Desses, cerca de 83% apresentaram les�o hepatocelular, 66% icter�cia (cor amarelada da pele e dos olhos) e 17% desenvolveram insufici�ncia hep�tica aguda.

"� necess�rio que a popula��o esteja esclarecida de que n�o deve se automedicar ou fazer uso de fitoter�picos sem nenhum cuidado ou supervis�o m�dica. Isso pode ser perigoso n�o s� para o f�gado, mas tamb�m para outros �rg�os, podendo inclusive levar o paciente a �bito", alerta Claudia Ivantes.