%u201CA verdade � que as pessoas com defici�ncia s�o t�o sexuais quanto qualquer outra"
Voc� j� se perguntou que desafios pessoas cegas podem enfrentar em sua vida sexual? Ou mesmo como � um encontro com algu�m com uma defici�ncia visual?
Para acabar com mitos e quebrar tabus sobre sexo e pessoas com defici�ncia a atriz Mared Jarman decidiu contar como tudo isso funciona.
“A verdade � que as pessoas com defici�ncia s�o t�o sexuais quanto qualquer outra.”
Mared foi diagnosticada com a doen�a de Stargardt quando tinha 10 anos e perdeu cerca de 80% da vis�o do olho direito em uma semana, quando tinha 14 anos.
Hoje ela est� quase cega do olho direito e enxerga melhor pelo esquerdo, que tamb�m est� deteriorado.
Cansada de ver personagens com defici�ncia retratados como assexuados ou fetichizados, ela escreveu a com�dia How This Blind Girl ("Como essa garota cega", em tradu��o direta), da BBC.
A s�rie mostra Ceri, uma jovem cega de 20 e poucos anos, interpretada por Mared, navegando no j� tenso universo dos relacionamentos.
No in�cio deste m�s, o trabalho a levou a receber o pr�mio BAFTA Cymru Breakthrough.

Mared escreveu e protagoniza How This Blind Girl
BBC / BOOM CYMRU“Defici�ncia e sexo s�o um assunto tabu”, disse Mared.
“� simplesmente rid�culo acharem que n�o temos os mesmos instintos e motiva��o que qualquer outra pessoa.”
Ela disse que equ�vocos sobre personagens com defici�ncia s�o comuns.
“Quando fa�o pap�is de pessoas que enxergam, uma grande porcentagem tem cenas de nudez. E eles s�o sexuais, a garota � paqueradora, h� cenas de sexo… Mas n�o consigo me lembrar de um �nico papel de pessoa com defici�ncia que eu tenha feito onde haja uma cena de nudez, uma cena de beijo, uma cena de sexo, qualquer coisa", disse ela.
"[H� uma suposi��o de que] 'essa pessoa n�o vai querer fazer sexo, ent�o n�o precisamos nos preocupar com isso' e, de outro lado, h� a fetichiza��o completa das pessoas com defici�ncia, �s vezes muito, muito extrema", ela continua.
“Ambos s�o grandes problemas porque, ou nos dessexualizam, ou nos sexualizam completamente e nos fetichizam. Simplesmente n�o h� o meio-termo, [que � a] realidade.”
Mared disse que, como pessoa com defici�ncia, as oportunidades eram “poucas e raras”.

Mared decidiu escrever depois de ficar frustrada com pap�is para atrizes deficientes
BBC“Como atriz, � raro que pap�is com defici�ncia surjam no meu caminho e, quando isso acontece, eles costumam ser muito espec�ficos sobre o que desejam retratar como pessoa com defici�ncia”.
Mared - que cresceu no Pa�s de Gales com seu pai, o m�sico Geraint Jarman, e sua m�e, a atriz Nia Caron - decidiu mudar de rumo, come�ou a escrever e imediatamente achou a experi�ncia cat�rtica.
“Pode ser destruidor para a alma esperar constantemente que outra pessoa valide voc�, isso pode ter um efeito muito negativo”, ela disse.
"Eu n�o me filtrei... Quero mostrar, assumidamente, a vers�o de uma pessoa com defici�ncia que acho que muitos de n�s somos no mundo moderno."
Desde beijar a pessoa errada at� juntar-se por acidente a uma mesa cheia de estranhos em um pub, at� que ponto o que acontece com sua personagem Ceri � autobiogr�fico?
“N�o � apenas a minha experi�ncia... � claro que � dramatizada, mas � a realidade de ser uma pessoa jovem e com defici�ncia tentando navegar numa vida normal”, disse ela.

Seriado mostra como a personagem Ceri navega pelo complicado mundo do namoro como uma mulher cega
BBCN�o, ela nunca beijou a pessoa errada, mas j� se sentou na mesa alheia durante um encontro.
"Foi hil�rio, foi humilhante, mas � muito melhor dizer 'OK, vou lembrar disso, vou usar e vou vencer no final'", disse ela.
Assim como sua personagem Ceri, os instintos de Mared foram de tentar esconder sua defici�ncia no passado.
"Isso dominou minhas experi�ncias com as pessoas", disse ela.
Para muitas pessoas com defici�ncia, o “mascaramento” pode se tornar uma parte importante da vida, disse Mared.
"N�o apenas no namoro, mas na sobreviv�ncia do dia-a-dia. Passar por 'capaz' � grande parte da minha experi�ncia porque eu moro em uma cidade e crimes de �dio por defici�ncia s�o muito mais comuns do que pensamos."
A recente vit�ria de Mared no Bafta Cymru foi um grande momento, n�o apenas para sua carreira, mas tamb�m no que se refere � sua jornada de aceita��o sobre sua defici�ncia.
“Para cada garotinha cega, menino cego, pessoa com defici�ncia que foi informada de que n�o pode fazer nada e n�o pode ter qualidade de vida, isso � para n�s, porque isso � errado”, disse ela ao receber o pr�mio.
“Cheguei a um momento na minha vida que nunca, jamais, jamais pensei que seria poss�vel por causa da forma como a sociedade e outras pessoas me fizeram sentir e que, infelizmente, comecei a acreditar tamb�m. "
Reivindicar sua identidade como pessoa com defici�ncia foi e ainda � uma jornada cont�nua, segundo ela.
“Eu costumava achar muito dif�cil simplesmente pronunciar as palavras ‘sou cega’ para outra pessoa – ainda � um desafio di�rio, mas n�o acho mais t�o dif�cil”, disse ela.
"Voc� n�o recebe apenas um selinho [que diz] 'Agora desativei o orgulho para o resto da minha vida' - � uma jornada, � um processo, que vem e vai."
Ela descreveu os "dois lados" de sua defici�ncia.
“Ser cega faz parte de quem eu sou e sim, � exaustivo, sim, � cansativo e assustador, mas tamb�m � maravilhoso. Isso me ensinou coisas sobre as pessoas e sobre o mundo e me deu oportunidades que de outra forma n�o teria."
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