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Estado de Minas ENTREVISTA

Luxemburgo promete Cruzeiro forte e conta seus planos para 2022

Mesmo com indefini��o sobre SAF e crise financeira, t�cnico garante que Cruzeiro montar� time competitivo para voltar � S�rie A e gerar interesse do mercado


29/11/2021 07:09 - atualizado 29/11/2021 07:23

Vanderlei Luxemburgo tem metas ousadas para o Cruzeiro em 2022
Vanderlei Luxemburgo tem metas ousadas para o Cruzeiro em 2022 (foto: Rodolfo Rodrigues/Cruzeiro/arquivo)
Apesar da frustrante perman�ncia do Cruzeiro na S�rie B, o t�cnico Vanderlei Luxemburgo est� confiante de que o ano de 2022 do clube ser� bem melhor. De contrato renovado, ele promete enfim montar um time competitivo para buscar o acesso e, quem sabe, brigar pelo hepta da Copa do Brasil. No planejamento feito com sua comiss�o e com a diretoria, o Campeonato Mineiro ser� usado para lapidar o elenco. 'Queremos ganhar sim, mas ele vai servir de laborat�rio para a montagem da equipe da Copa do Brasil e, principalmente, o direcionamento do trabalho para o Campeonato Brasileiro'.

Mas de onde vir�o os recursos para a montagem da desejada 'equipe de S�rie A', uma vez que o Cruzeiro Sociedade An�nima do Futebol (SAF) s� se tornar� realidade ao fim do primeiro trimestre? O treinador se ampara principalmente no apoio econ�mico do empres�rio Pedro Louren�o, dono da rede Supermercados BH, e quer um leque maior de cruzeirenses influentes. "Na hora que precisou, Pedrinho se mostrou presente.  Acho que tem que se buscar novos parceiros, abrir o leque de op��es". 

Gra�as ao seu relacionamento, o treinador de 69 anos acha que conseguir�, em paralelo, captar bons nomes no mercado. O primeiro refor�o anunciado foi o zagueiro Maicon, de 33 anos. Em breve, Luxemburgo poder� ter como aliado nessas negocia��es Alexandre Mattos, executivo de futebol que est� em vias de ser oficializado. Conhecido por suas contrata��es ousadas, o bicampe�o brasileiro pelo clube em 2013 e 2014 certamente desejar� surpreender a torcida.

Durante uma hora de conversa com o Superesportes , Luxemburgo se esquivou de algumas perguntas, mas deu detalhes do planejamento tra�ado, dos planos para jovens da base e tentou animar o torcedor, que anda bastante desconfiado.

Assista em v�deo ou leia a �ntegra a seguir:



Apesar das dificuldades, voc� est� feliz no Cruzeiro com o que fez e com o que pode ser feito no futuro?


N�o tem um motivo para n�s estarmos felizes, sendo bem realista. Felizes n�s estar�amos se tiv�ssemos levado o time para a primeira divis�o. E n�o conseguimos. Ent�o, n�s estamos satisfeitos porque conseguimos manter o Cruzeiro na segunda divis�o, e preparando o Cruzeiro, um Cruzeiro forte, competitivo, para a pr�xima temporada. Mas n�o para pensar em buscar o acesso, para buscar o acesso, que � uma obriga��o do Cruzeiro.

O que Botafogo, Coritiba e Goi�s t�m que o Cruzeiro n�o tem? Todos eles subiram. Onde foi o problema, pois eles tamb�m t�m times de S�rie B. E o Botafogo tem d�vida t�o grande ou maior que o Cruzeiro, acima de um 1 bilh�o.


Com todo respeito � pergunta, o que voc� est� falando hoje ano para ano acontece isso. As perguntas s�o as mesmas, com todo respeito. Um cara ganha 10 merr�is, o outro ganha 1 milh�o e n�o conseguiu resolver o problema. � momento. Se o Cruzeiro tivesse feito o trabalho que tinha de ser feito, estaria brigando. Como n�o fez, n�o buscou. S� n�o quero comparar com ningu�m, cada um faz aquilo que tem que fazer. Voc� disse uma coisa complicada: eles n�o receberam. Ah, tem que trabalhar sem receber para ganhar t�tulo? N�o bate na minha cabe�a. Me desculpe, mas � uma ret�rica que est� no Brasil h� muitos anos. 'Ah, o time pequeno que ganha pouco vence o grande que ganha muito'. U�? O �nico esporte coletivo que o pequeno ganha do grande � o futebol.

MERCADO


Jogadores identificados com o Cruzeiro e sem clube podem ser consultados, como o Ricardo Goulart?


Eu n�o gosto de falar de nomes n�o, de jogadores que v�o ser contratados ou n�o. Essa coisa, o mercado fica muito r�pido. O jogador que ganha 100, passa para 200, 300, rapidinho. Ent�o, a gente prefere trabalhar como trabalhamos com o Maicon (zagueiro), conversamos, acertamos e apresentamos pra voc�s.

Voc� n�o fala de nomes, mas alguns setores do time preocupam mais? O ataque, por exemplo, esteve mal em 2021 e merecer� aten��o especial na capta��o de refor�os?


Eu n�o vou publicamente falar de fulano, beltrano ou ciclano. N�s sabemos o que aconteceu e sabemos por que n�o conseguimos chegar. Nos jogos decisivos, n�s n�o conseguimos decidir e n�o � s� ataque, � defesa tamb�m. � um time como um todo. N�s jogos decisivos n�s capengamos. 'Ah, o Oper�rio empatou com a gente l� no finalzinho'. Mas se n�s estiv�ssemos ganhando de 3 a 0, n�o teria problema. Ent�o, o time nos jogos importantes e decisivos n�o conseguiu sair da metade da tabela para cima, para poder brigar por classifica��o � primeira divis�o. Ficamos na metade e quando acabou o jogo do Ava�, ficamos da metade para baixo. E nos restou tentar manter o time na Segunda Divis�o.

Pode antecipar nomes de jogadores que v�o deixar o Cruzeiro?


Vamos passar por uma reformula��o. Montaremos o elenco para a pr�xima temporada, ent�o alguns jogadores v�o sair e outros v�o chegar. Voc�s v�o saber disso naturalmente, n�o h� como esconder. Mas prefiro deixar isso naturalmente. Porque se eu falo algum nome aqui, voc�s colocam no jornal: 'Luxemburgo faz uma lista de dispensa'. A� depois esse jogador vai para outro lugar: 'fulano foi refor�o do time tal'. Prefiro deixar a coisa fluir naturalmente.

A prioridade ser� buscar atletas experientes? 


Ser� uma mescla. Vou abrir espa�o para a base, n�o tenha d�vidas disso. At� quando falei o neg�cio de 1 bilh�o, que conseguiria pagar isso em cinco anos, o pessoal se assustou. Mas o Flamengo pagou R$800 milh�es com tr�s jogadores da base. A base � onde est� o ativo do clube. Para qu� tem base? Para voc� colocar os jogadores no time de cima. Uns v�o ficar, outros n�o, faz parte. E mesclar com jogadores experientes e contrata��es pontuais que podem ser contratados pelo Cruzeiro, seja de idade m�dia ou jovem. Tudo depende da negocia��o.

Na lista dos jogadores com contrato no fim est� o Henrique, jogador com mais de 500 partidas pelo Cruzeiro, mas que n�o atua desde outubro do ano passado. Quais s�o seus planos para esse atleta? 



Ele est� em fase final de recupera��o. Vamos deixar recuperar e ver o que vai poder acontecer. Se ele tiver que continuar com a gente, continua. Se n�o tiver que continuar, tem que ser pr�tico. N�o adianta a gente ficar aqui mentindo pra voc�s ou n�o. Vamos deixar ele recuperar e ver o que vai acontecer.

Voc� pretende explorar o mercado sul-americano?


Sim, com certeza. Se aparecer bons nomes, porque �s vezes � oportunidade.

BASE


Voc� deu v�rias oportunidades a jovens jogadores na S�rie B, como Adriano, Nonoca, Thiago, Marco Ant�nio e at� mesmo o Vitor Roque, com 16 anos. Qual a sua avalia��o sobre esses garotos e o quanto eles poder�o evoluir em 2022?


V�o ter oportunidade. Vou trazer mais alguns l� de baixo para trabalhar com a gente aqui. Obviamente, trabalhando a evolu��o. O Thiago n�o fez base. Ele chegou aqui e jogou direto no sub-20. N�o fez trabalho de base algum. Ele enfrenta o goleiro e n�o sabe para que lado vai botar a bola, que local do campo est�, se bate cruzado, se d� um tapinha por cima, se cabeceia no canto contr�rio do goleiro, tudo isso teremos de passar para ele. Ele jogou muito bem, tem velocidade, posiciona-se muito bem, marca o zagueiro, faz correria, tem habilidade, mas tem muito a crescer. Assim como Adriano, o Nonoca - que estava aqui largado, tem potencial -, o Pereira tamb�m, fomos colocando os jogadores para jogar, sempre fiz isso.

No Cruzeiro de 2003 coloquei v�rios jovens para jogar. Acho que tem espa�o para mais jogadores aqui. Como neg�cio, ali (nas categorias de base) � onde est� a grana. Tem que um time vencedor para o marketing fazer as a��es dele e o est�dio encher, mas a grana est� em um jogador que n�o valia nada e agora tem propostas no mercado. A tend�ncia � o Cruzeiro montar um time bom para subir e valorizar os moleques da base, que s�o ativos do clube.

Por isso falei da d�vida de 1 bilh�o. O tamanho do Cruzeiro e de sua torcida, com o d�lar a R$5,60, US$100 milh�es s�o R$560 milh�es. Se em cinco anos voc� investir na base, tiver um dinheiro direcionado para a base - 2 milh�es por m�s, s�o R$24 milh�es -, daqui quatro ou cinco anos vai abrir o mercado. J� tem esses e outros poder�o surgir no Cruzeiro, que � um time que revela jogadores. A� est� o dinheiro. Por isso falei que um clube como o Cruzeiro n�o pode se considerar quebrado com uma d�vida de R$1 bilh�o.

D�vidas s�o feitas para serem negociadas, seja trabalhista, c�vel ou o transfer ban. Voc� tem que ver onde vai buscar na empresa chamada futebol onde est�o o ativo e a mat�ria-prima. Est�o na categoria de base. No profissional tem que ganhar jogos e campeonatos para valorizar jogadores que v�m da base, em que voc� tem um percentual maior do jogador.

Jovens jogadores formados no Cruzeiro que estavam emprestados poder�o ser aproveitados em 2022?


Vamos ser bem pr�ticos. Nem todos da categoria de base que est�o aqui ou que v�o subir, ficar�o aqui. Agora, aqueles que forem aproveitados ter�o potencial para evoluir, crescer e entrar para o mercado de neg�cios do futebol. Ah, Vanderlei, por que voc� colocou o Vitor Roque com 16 anos para jogar? Para as pessoas passarem a conhecer o Vitor Roque e entrar para o mercado como jogador de potencial e talentoso que daqui a pouco entrar� em nossa rota no time profissional. Lancei ele para o mercado conhecer o jogador.

N�o podemos esquecer que futebol � um neg�cio, e eu tenho que expor a mercadoria. Tive chances de colocar o Vitor Roque para todos conhec�-lo. Se vai virar esse jogador que parece que �, eu n�o sei. Vai se trabalhar, colocar pra jogar, trabalhar a cabe�a dele. Mas ele tem potencial, e eu o coloquei para o mercado. E o mercado passou a conhecer o Vitor Roque. Olhando para o lado do neg�cio, tem que ser dessa forma.

D� tempo de ensinar alguns fundamentos para os jovens da base e ao mesmo tempo preparar o Cruzeiro para as disputas que o time vai ter?


Vamos fazer um trabalho integrado com a base, mas n�o � da noite para o dia que se consegue tudo. Requer tempo. Mudamos a nossa escola por causa da CBF. A CBF faz curso para treinadores de jovens hoje com portugueses e futebol europeu. N�s n�o temos nada a ver com o futebol europeu. Nossa ess�ncia do futebol pertence a n�s. A capacidade de empirismo, de jogar futebol. O Garrincha hoje n�o jogaria, porque o pessoal n�o quer que drible. Categoria de 12 a 13 anos o pessoal quer fazer parte t�tica, aquela coisa conceitual. Pera�, porque conceitual? Posso desarmar um esquema t�tico com um drible. Por que tenho que ter aquela coisa padronizada?

Existe uma mudan�a muito grande nas categorias de base que o pessoal est� muito preocupado com esse linguajar novo, com parte t�tica, e pouco preocupado com a ess�ncia, que s�o os fundamentos do futebol. Tem dois tipos de fundamento: o de passe, dom�nio, cabeceio, tudo isso, e o fundamento t�tico. Eu pergunto aos profissionais que fizeram esse curso na CBF se eles sabem o que � fundamento t�tico individual. Eles n�o sabem o que �. Eles sabem o que � fundamento de passe, etc, mas n�o praticam. S�o mais preocupados em fazer mini-jogo, e futebol n�o � campo reduzido, � campo grande. Tem que ter o mini-jogo, mas tem que ter o campo alongado para jogar futebol em campo de 105x68. Est�o preocupados com mini-jogo, em fazer um, dois ou tr�s toques. Pera�, futebol n�o � isso, � outra coisa.

Mudaram a nomenclatura do futebol brasileiro, que � o �nico pa�s do mundo que mudou de ponta-direita para extrema, marca��o sob press�o para marca��o alta, marca��o m�dia para marca��o baixa, para ser proativo ou reativo. U�? Isso sempre existiu no futebol brasileiro. E n�s estamos mudando nossa ess�ncia, trocando os nomes, e eu n�o vejo mudan�as. Ah, 4-1-4-1 pode ser um 4-3-3. S� voc� adiantar os dois caras de lado. As pessoas est�o pensando que isso � modernidade. N�o. Modernidade est� na ci�ncia da mudan�a de comportamento do atleta, fisicamente voc� consegue ter um atleta melhor.

S� para dar um exemplo: h� 10 ou 15 anos voc� corria de 10 a 12 quil�metros por jogo. Voc� continua correndo 10, 12 quil�metros por jogo na atualidade, s� que h� 10 anos voc� fazia 3% em alta intensidade, acima de 25 quil�metros por hora, e hoje voc� faz 15% - cerca de 1.500 metros, acima de 25 quil�metros por hora. Veja como mudou a intensidade. A� est� a grande mudan�a do futebol. E n�s mudamos para virar t�ticos, rob�s.

Eu vejo os comentaristas, que me perdoem, falando na televis�o: 'aqui a parte t�tica, 4-1-4-1, que o fulano tem que ser mais proativo, o outro tem que ser mais reativo, n�o sei o qu�. Caramba. E jogar futebol? Vi o jogo Col�mbia x Brasil. Um jog�o de futebol. N�o se falou do jogo em si, da ess�ncia de futebol, de drible, improvisa��o, empirismo. Foi o que aconteceu no jogo entre Brasil e Col�mbia, s� se falaram de t�tica. Porra, o futebol � ess�ncia, � drible, bal�ozinho, caneta, mudan�a de dire��o. A parte t�tica � importante, mas mais importante no Brasil, que sempre trabalhou o inverso disso a� - eles com a t�tica e n�s com a t�tica e a parte emp�rica, n�s fizemos a diferen�a. Hoje n�o fazemos isso.

Nas categorias de base, cada vez se trabalha mais a parte t�tica com 13 e 14 anos. N�o vi nenhum centro de treinamento moderno que tenha feito um campo pequeno esburacado, de barro, ruim. Nenhum dos grandes clubes fizeram isso. E isso � nossa ess�ncia, jogar na rua, no paralelep�pedo, em campo de 10 por 10. O mercado imobili�rio ocupou tudo quanto � campo, o que tinha de fazer? Fazer campos esburacados para garotos de 10, 12, 13, 14 anos treinarem isso. Da� teria capacidade emp�rica, individual, cognitiva, propriocep��o ativa natural. A� � que voc� desenvolve o jogador. E mudaram tudo isso.

Campo de grama sint�tica, um ou dois toques, � bonito. Mas voc� n�o v� jogadores brasileiros driblando e quebrando linha. Conheci um, que est� no Atl�tico, o Keno. Esse quebra linha. D� um drible pra l�, outro pra c�, vira pra l�, vira pra c�, o cara pensa que ele vai para direita, mas ele vai para a esquerda. Isso n�o se v� mais no futebol.

Desculpe ter alongado na resposta, mas foi uma pergunta muito pr�pria para falar das coisas que est�o acontecendo. N�o podemos fazer curso com treinadores europeus no futebol brasileiro. Precisamos fazer cursos com treinadores brasileiros e convid�-los (os europeus) para falar sobre futebol. Mas n�o pode ser um curso baseado neles, essa coisa n�o funciona.

GEST�O DO FUTEBOL DO CRUZEIRO


Qual a sua opini�o sobre os executivos de futebol e como v� a possibilidade de trabalhar com Alexandre Mattos?


O diretor executivo tem que entender que o t�cnico � importante. O problema � que colocaram o diretor executivo acima do t�cnico, colocaram o t�cnico abaixo. Manager na Europa e o t�cnico trabalham juntos, em conjunto, para formar uma equipe em busca de objetivos. Ent�o, n�o tem problema nenhum em trabalhar com Alexandre ou qualquer um. O que eu reclamo, o que falo, � que eles (executivos) se colocaram em um plano superior. Ent�o, se colocaram num plano superior, por que um time que tem um diretor executivo h� tanto tempo manda cinco, seis, sete treinadores embora e n�o manda o diretor executivo? Ele n�o � culpado de nada, est� tudo certo? Tem que trabalhar em conjunto.

Tenho certeza que n�o vai ter problema nenhum, porque trabalhei com Maluf (Eduardo Maluf), com Brunoro (Jos� Carlos Brunoro), com Luiz Henrique, fizemos grandes equipes e n�o teve problema nenhum, respeitando o nosso espa�o. Ele � o diretor executivo e ele � o t�cnico. A minha fun��o � de montar a parte t�cnica todinha, � indicar os jogadores, e ele � o executivo que vai executar a parte que cabe a ele, de contrata��o.

N�o vejo nenhum problema do Alexandre (vir ao Cruzeiro), at� porque eu tenho conversas com ele, a gente conversa sempre. A minha diverg�ncia (geral) � sobre essa rela��o do executivo dentro do planejamento de futebol. Eles colocaram o t�cnico aqui pra baixo e subiram. Pera�... contrata um t�cnico, manda embora, contrata um t�cnico, manda embora. Ser� que eles est�o certos no trabalho deles?.

Voc� aceitaria caso fosse convidado para ser diretor de futebol do Cruzeiro? E at� onde pretende levar a sua carreira ap�s o contrato com o Cruzeiro? 


Diretor executivo n�o � uma coisa que gostaria. Quero estar no futebol de outra forma, como consultor, como presidente de um clube ou comprar um clube. Ou, de repente, trabalhar na televis�o. Usar meu canal no YouTube para dar cursos, palestras, etc. Voc� est� querendo encerrar a minha carreira (risos), mas estou me sentindo t�o bem, com tanta sa�de.

Quero continuar no futebol, mas n�o como diretor executivo. Tenho espa�o para contribuir de outra maneira. Tenho minhas empresas, meus neg�cios, todos saud�veis e prosperando cada vez mais. Mas gosto de futebol, de campo, de vesti�rio, de estar com os jogadores. � a minha vida toda falar no vesti�rio, sentir cheiro de grama, dar esporro em um, passar a m�o na cabe�a de outro. N�o perdi a vontade de estar no futebol.


ATL�TICO


Voc� esteve no Atl�tico em 2010, quando o clube j� estava se estruturando. O sucesso do clube hoje se deve s� ao alto investimento do Rubens Menin ou v� como um projeto de longo prazo? Qual a sua avalia��o para os clubes estarem em n�veis t�o diferentes hoje?


O Atl�tico, quando cheguei l�, fizemos uma reformula��o muito grande do centro de treinamento, que ganhou como melhor do Brasil por dois anos consecutivos. O Cruzeiro sempre foi uma refer�ncia de centro de treinamento e de trabalho, mas a administra��o mal feita leva � derrocada. E time grande quando vai para baixo � dif�cil parar.

O momento do Cruzeiro � dif�cil? Sim. Do Atl�tico, com a chegada do investidor, trouxe jogadores de peso que fazem diferen�a, como foi no Palmeiras. Apesar de eu ter subido com 12 jogadores para recuperar alguma coisa que eles tinham investido, o clube contratou grandes jogadores para chegar onde chegou.

A chegada do investidor ajudou muito o Atl�tico, mas lembro como se fosse hoje do Kalil na estrutura��o do Atl�tico para receber esses jogadores. Ele foi muito importante naquele momento em que eu estava junto.

O Cruzeiro est� passando por um momento que no futebol brasileiro � at� um pouco de covardia. � o �nico pa�s do mundo onde o campeonato de 20 clubes cai 20%. Em nenhum outro pa�s tem isso. A� se voc� tem uma administra��o ruim, vai para a segunda divis�o e a receita vai l� embaixo. � uma falta de sensibilidade.

A� v�o dizer que o mercado de neg�cios fez com que fosse assim. Porque voc� tem hoje times de primeira divis�o jogando a segunda divis�o. V�rios clubes que j� participaram bem da primeira divis�o est�o na segunda divis�o. N�o pode cair 20%. Se o Gr�mio cair, teremos tr�s grandes na S�rie B em 2022, assim como foi este ano. A� voc� compra a primeira divis�o, paga barato na segunda divis�o e est� tudo bom.

A S�rie A tende a ficar polarizada entre Atl�tico, Flamengo e Palmeiras ou o futebol permite que outros clubes conquistem t�tulos?


O Fortaleza est� mostrando que n�o precisa ter o mesmo poder dessas equipes para fazer um bom campeonato. O clube se estruturou, vem crescendo h� uns cinco ou seis anos, tem um centro de treinamento maravilhoso. Mesmo com menos or�amento, o futebol permite que o menor ven�a o maior. Mas n�o tenha d�vidas que alguns clubes com poder econ�mico v�o sair na frente para poder contratar os melhores jogadores, como � na Europa, com Real Madrid, Barcelona, Liverpool, que monopolizam".

COMPETI��ES EM 2022


Voc� falou sobre o sonho de conquistar a Copa do Brasil j� em 2022. Como seria poss�vel fazer frente a clubes com potencial de faturamento muito maior?


O futebol j� te mostrou isso. Sen�o o Paulista de Jundia� e o Crici�ma n�o seriam campe�es. Oportunidade voc� tem, e o Cruzeiro � um time copeiro. Se montar um time competitivo, s�o dois jogos. A gente tem que pensar na Copa do Brasil, que � um caminho mais curto para chegar � Libertadores. De repente, eu antecipo etapas para poder ganhar uma Copa do Brasil. Um clube de Minas agora, o Am�rica, que � tido como a terceira for�a de Minas, chegou � semifinal da Copa do Brasil. Trabalho e seriedade te d�o essa oportunidade.

Visamos essas duas competi��es (Copa do Brasil e S�rie B). 'Ah, o Mineiro n�o'. O Mineiro n�s queremos ganhar sim, mas ele vai servir de laborat�rio para a montagem da equipe da Copa do Brasil e, principalmente, o direcionamento do trabalho para o Campeonato Brasileiro.

Na sua opini�o a S�rie B deveria ser mais valorizada do que � atualmente?


O que se paga � barato. R$10 milh�es, 7 milh�es, 8 milh�es � barato para o retorno que d� � televis�o que comprou os direitos. Se voc� pegar os direitos comprados na primeira divis�o e dividir com os da segunda divis�o, ver� como vai ficar isso a� quando a balan�a pesa.

Essa segunda divis�o � disfar�ada. O Cruzeiro, o Gr�mio, se cair - tomara que n�o caia, pois � um clube onde trabalhei, muito legal. Isso tem que ser reconhecido. Por que vai pagar um valor que n�o representa aquilo ali? Acho que est� mal remunerada a Segunda Divis�o brasileira.

Este ano tivemos cinco clubes campe�es brasileiros disputando a Segunda Divis�o. Voc� acha que est� justo o pagamento na segunda divis�o?".

Existe uma diferen�a de perfil de jogadores da S�rie A para a S�rie B?


� balela. � a mesma coisa de voc� falar que conhece futebol de uma maneira, mas vai para outro clube de outra maneira. N�o. Voc� conhece futebol ou n�o conhece futebol. Voc� � jornalista ou n�o � jornalista. N�o tem hist�ria. O que voc� pode criar � o seguinte: � o perfil de jogo. A maneira de jogar a segunda divis�o � diferente da primeira divis�o. Voc� vai ter que adaptar o jogador de t�cnica � competitividade. S� a t�cnica n�o d� certo na segunda divis�o.

SAF, PEDRO LOUREN�O E RECADO AO MERCADO


Qual a sua avalia��o sobre a Sociedade An�nima do Futebol (SAF)? Ela � a �nica salva��o para o Cruzeiro? Ou voc� via viabilidade de o Cruzeiro fazer algo como ocorreu no Atl�tico, de empres�rios se juntarem para apoiar o clube e fortalecer o futebol?


O futebol � um grande neg�cio. Tem que ter abertura para tudo. O Pedrinho (Pedro Louren�o, do Supermercados BH) � o mais importante parceiro do Cruzeiro, porque nos momentos mais dif�ceis ele foi l�, colocou a m�o, colocou dinheiro e n�s conseguimos sair daquela situa��o. Quando cheguei aqui, est�vamos no 18º lugar ou 19º lugar, e naquele momento o clube estava de cabe�a para baixo, estava todo mundo mal-humorado, com dificuldade, sem ter comida em casa, sem pagar luz, e a� colocamos isso em ordem com a ajuda dele. � importante voc� viver o mercado, uma gest�o de futebol.

O futebol � um neg�cio em que a mat�ria-prima � o atleta, e o ativo est� na base. Estou h� quase meses no Cruzeiro e o �nico que botou dinheiro foi o Pedrinho. Os outros prometeram, mas n�o botaram um puto de ningu�m, foi do Pedrinho que apareceu o dinheiro. Ent�o, o Pedrinho pra mim � um grande parceiro do Cruzeiro. Na hora que precisou ele se mostrou presente.  Acho que tem que se buscar novos parceiros, abrir o leque de op��es. O Cruzeiro deveria ter a SAF, deveria ter um fundo de investimento tamb�m pr�prio do Cruzeiro para poder ter recursos de contrata��es. H� uma s�rie de coisas que podem ser feitas para ter uma amplitude geral de empresa, de neg�cio. O Pedrinho foi o grande colaborador do Cruzeiro, botou as coisas em ordem. Voc� n�o vai dissociar o nome do Pedrinho do Cruzeiro, porque ele esteve sempre presente quando foi necess�rio.

Qual recado deixaria para jogadores que podem vir ao Cruzeiro, a empres�rios de atletas e aos  torcedores do Cruzeiro?


Quero dizer que o Cruzeiro est� voltando ao mercado. Por isso eu dizia que o transfer ban era uma grande contrata��o para poder abrir o mercado. Abrindo o mercado, os empres�rios v�o entender que, como eu trouxe tantos jogadores para o time de cima, como fiz no Vasco da Gama, como fiz no Palmeiras, eu dou espa�o para esses jogadores. Os empres�rios querem colocar jogador onde se d� oportunidade para jogadores jovens poderem jogar. Eu dou oportunidade. Ent�o, o Cruzeiro est� abrindo de novo o espa�o para os empres�rios, n�o sou contra os empres�rios ganharem dinheiro, � parceria. O que eles v�o ver no Cruzeiro: transfer ban pago, jogadores da base na primeira equipe, investimento de alguns jogadores em que o empres�rio pode fazer parceria com o Cruzeiro. Ent�o, o Cruzeiro est� se abrindo para o mercado, se voltando para o mercado, para poder montar grandes equipes.

O futebol hoje est� aberto para jogador que jogou no Cruzeiro e est� aberto para se voltar, sem problema nenhum, desde que tenha condi��o de voltar. Jogador emergente pode ficar, desde que tenha condi��o de vir pro Cruzeiro. Jogadores jovens de categoria de base que possam jogar no time profissional. Jogadores experientes que possam vir para o Cruzeiro para aquilo que n�s queremos. N�s estamos no mercado. O Cruzeiro est� voltando ao mercado para poder ser competitivo. O torcedor vai entender que n�s estamos formando uma equipe n�o para brigar para subir, mas para subir mesmo, para o ano que vem estar na primeira divis�o.

Outra coisa, me desculpe falar como empres�rio que eu sou, n�? Tenho muitos neg�cios. Voc� tem que se mostrar um bom pagador no mercado. Quando voc� se mostra um bom pagador, eu vou em ju�zo oferecer a minha d�vida. 'Olha, eu s� posso pagar desta forma e eu quero pagar'. E a� voc� volta ao mercado. O Cruzeiro est� no caminho certo, a SAF, mas mesmo que n�o tivesse a SAF, com certeza o Cruzeiro poderia se reencontrar porque o Flamengo se reencontrou sem SAF, se reencontrou com a venda de tr�s jogadores. O Cruzeiro tem d�vidas que podem ser pagas tratando como gest�o de neg�cio e n�o como entretenimento. Futebol � a gest�o de um grande neg�cio e n�o pode ser gerido por amadores, tem que ser gerido por profissionais que entendam todas as etapas do futebol. O que � entretenimento, o que � conquista de t�tulo, o que � neg�cio.

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