
Uma mulher que come�ou a correr depois de ter a perna esquerda amputada por causa de um c�ncer pode entrar para o Guinness Book, o livro dos recordes, por mais maratonas consecutivas.
Jacky Hunt-Broersma, de 46 anos, correu 42 quil�metros todos os dias desde meados de janeiro, levando normalmente cerca de cinco horas.
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No �ltimo s�bado (30/04), ela completou sua 104ª maratona em 104 dias consecutivos — uma conquista que ela espera que seja certificada pelo Guinness Book.
Um porta-voz da organiza��o disse que a certifica��o do recorde levaria cerca de tr�s meses.Acordar no domingo — finalmente um dia de folga — foi uma experi�ncia bizarra para Jacky.
"Parte de mim estava muito feliz por ter terminado", disse ela � BBC de sua casa no Arizona, nos EUA.
"E a outra parte continuou pensando que eu preciso correr."
Seu corpo tamb�m est� se recuperando do esfor�o em busca do recorde, apesar de ter parado.
Jacky — que nasceu e foi criada na �frica do Sul, e tamb�m morou na Inglaterra e na Holanda — se sente grata, porque correr deu a ela a confian�a que temia nunca recuperar.

Em 2002, m�dicos na Holanda a diagnosticaram com sarcoma de Ewing, um tipo raro de c�ncer �sseo.
Em duas semanas, amputaram sua perna esquerda para salvar sua vida. Ela tinha apenas 26 anos.
"Foi uma montanha-russa", relembra. "Tudo aconteceu muito r�pido."
Nos primeiros dois anos, Jacky sofreu com a mudan�a em sua vida. Ela estava com raiva por ter c�ncer e envergonhada por ser diferente. Usava cal�a comprida em p�blico para que as pessoas n�o notassem a pr�tese.
Quase por um capricho, ela come�ou a correr em 2016.
Ela j� havia aplaudido o marido em eventos de corrida de longa dist�ncia, mas nunca tinha pensado em fazer isso, achava que era s� "para gente louca".
Ela comprou ent�o uma pr�tese especial para corredores de longa dist�ncia — e se inscreveu para participar de sua primeira corrida de 10 km.
Na v�spera da prova, ela mudou sua inscri��o para a categoria meia maratona — e, desde ent�o, n�o olhou para tr�s, explorando dist�ncias maiores e terrenos diferentes.
"Sou uma pessoa de tudo ou nada, ent�o me joguei", explica. "Adoro ultrapassar limites e ver at� onde posso ir."
No in�cio do ano, Jacky deu a si mesma uma nova meta: o recorde de mais maratonas consecutivas.
O recorde feminino do Guinness � de 95 maratonas — estabelecido h� dois anos por Alyssa Amos Clark, uma corredora n�o amputada de Vermont, nos EUA — que conquistou a proeza como uma estrat�gia para lidar com a pandemia de covid-19.
O recorde masculino do Guinness � de Enzo Caporaso, da It�lia, com 59 maratonas — embora o ultramaratonista espanhol Ricardo Abad tenha supostamente corrido 607 maratonas consecutivas, terminando em 2012.
Ent�o Jacky — que � m�e de dois filhos e trabalha como treinadora de resist�ncia — come�ou a correr com o recorde em mente, certificando-se de que corresse sempre pelo menos a dist�ncia de uma maratona.
Starting Monday I will be running a Marathon a day for 100 days, total of 2620 miles. Current record is 95 days. Yes totally crazy but I don't do small goals%uD83D%uDE1C. We are always capable of more. More details on my IG pagehttps://t.co/upBJQumppN
#SaturdayMotivation pic.twitter.com/nN9u3MEDXu
Ela disputou provas mundialmente famosas, como a Maratona de Boston e a Lost Dutchman no Arizona. Mas, como n�o h� maratonas agendadas todos os dias, ela tamb�m correu em caminhos de terra locais, trilhas na vizinhan�a e at� mesmo em sua pr�pria esteira em casa.
E quando a corredora brit�nica Kate Jayden bateu o recorde de Alyssa ao completar 101 corridas, Jacky continuou correndo para ultrapass�-la e "fechar o m�s [de abril]" com uma maratona final.
Ao todo, ela correu 2.734 milhas (cerca de 4.400 quil�metros). O Guinness Book disse � ag�ncia de not�cias AP que levaria cerca de 12 a 15 semanas para revisar as evid�ncias e certificar o recorde.
Documentando essas corridas nas redes sociais, Jacky arrecadou mais de US$ 88 mil para a Amputee Blade Runners, uma organiza��o sem fins lucrativos que fornece pr�teses de corrida como a dela para pessoas membros amputados.
As corridas t�m sido principalmente um jogo mental, diz ela, mas tamb�m cobram um pre�o f�sico.
Ela tem que usar revestimentos e meias com suas pr�teses, e precisa massagear, alongar e colocar gelo no coto da perna diariamente. Notavelmente, ela permaneceu livre de les�es durante todo o feito.
Na verdade, Jacky gostaria de ter come�ado a correr mais cedo.
"Correr fez uma grande diferen�a no meu estado mental e me mostrou o qu�o forte meu corpo pode ser. Isso me deu uma aceita��o total de quem eu sou e que posso fazer coisas dif�ceis."
E ela est� determinada a continuar. Seu pr�ximo desafio � a Moab, uma corrida cansativa de 240 milhas (cerca de 386 quil�metros), no Estado americano de Utah, em outubro.
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