
Foram 520 dias - pouco mais de 17 meses - que seis astronautas viveram em confinamento, em um ambiente que imitava um �nibus espacial. O objetivo era simular como seria uma miss�o tripulada para Marte e investigar os efeitos do longo per�odo de isolamento, em um espa�o limitado, tanto sobre a sa�de quanto sobre a capacidade de trabalho da tripula��o.
O resultado dos experimentos, que foram conclu�dos no fim de outubro, est� sendo publicado na edi��o desta semana da revista norte-americana PNAS. A conclus�o � que ser� crucial manter o ritmo circadiano (ciclo biol�gico que ocorre em um per�odo de 24 horas, influenciado pela luz solar) e a quantidade e a qualidade do sono dos tripulantes para garantir a viagem.
Essas condi��es, por�m, s�o as primeiras a serem afetadas em uma viagem espacial. Durante o projeto Marte-500, conduzido pelo Instituto de Problemas Biom�dicos da Academia de Ci�ncias Russa, os astronautas experimentaram uma redu��o no n�vel de atividades e uma perturba��o no ciclo sono-vig�lia. A an�lise dos dados ficou a cargo do Departamento de Sono e Cronobiologia da Universidade da Pensilv�nia, dos EUA.
Os autores do trabalho relatam que a tripula��o ficou “incrivelmente sedent�ria” durante a miss�o - os movimentos eram reduzidos enquanto estavam acordados e o tempo em que descansavam foi mais longo que o per�odo em que estavam acordados. Alguns, por�m, tiveram priva��o cr�nica do sono. Nos dois casos, os sintomas apareceram no come�o da miss�o e se estenderam pelos 17 meses.
Para os pesquisadores, para uma viagem para o planeta vermelho dar certo, seria preciso equilibrar a quantidade de atividades com as horas dormidas de modo o mais semelhante poss�vel ao vivido durante 24 horas na Terra.
A experi�ncia foi a mais longa j� feita desse tipo. Estudos anteriores que simularam as condi��es de ficar na Lua ou na Esta��o Espacial Internacional, por exemplo, foram de poucas semanas a seis meses.
A experi�ncia teve in�cio em 2007, quando os astronautas ficaram isolados por 14 dias. Em 2009, passaram por um treinamento em uma regi�o montanhosa, perto de Moscou, sob temperatura m�dia de -30°C, e depois experimentaram mais 105 dias de isolamento. S� nove meses depois, em abril de 2010, � que iniciaram a parte mais longa e dif�cil do projeto, os 520 dias de confinamento.