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Estado de Minas A HIST�RIA PERDE A BATALHA

Patrim�nios mundiais da humanidade na S�ria foram danificados pela guerra

Cientistas da Associa��o Americana para o Avan�o da Ci�ncia (AAAS) revelou que somente um dos seis patrim�nios mundiais localizados na S�ria n�o foi seriamente danificado pelo sangrento conflito civil


postado em 16/11/2014 11:14 / atualizado em 16/11/2014 11:17

Aleppo, uma das mais antigas cidades ainda habitadas pela humanidade, é uma das mais atingidas pela guerra: construções de 4mil anos destruídas(foto: KARAM AL-MASRI/AFP)
Aleppo, uma das mais antigas cidades ainda habitadas pela humanidade, � uma das mais atingidas pela guerra: constru��es de 4mil anos destru�das (foto: KARAM AL-MASRI/AFP)
Uma guerra que j� ceifou quase 200 mil pessoas tamb�m � respons�vel por varrer do mapa tesouros arquitet�nicos e hist�ricos que pertencem a toda a humanidade. Imagens de sat�lite em alta resolu��o analisadas por cientistas da Associa��o Americana para o Avan�o da Ci�ncia (AAAS), organiza��o n�o governamental e sem v�nculos pol�ticos, revelou que somente um dos seis patrim�nios mundiais localizados na S�ria n�o foi seriamente danificado pelo sangrento conflito civil, em curso desde 2011. Algumas estruturas hist�ricas de locais como Aleppo, uma das mais antigas cidades do mundo, foram reduzidas a p�.


A an�lise da AAAS � a primeira a se aprofundar sobre a extens�o dos danos aos patrim�nios culturais s�rios e foi realizada em conjunto pela Universidade da Pensilv�nia, pelo Instituto Smithsonian e pela For�a-Tarefa do Patrim�nio S�rio. As imagens feitas do espa�o comprovam o que pesquisadores j� haviam constatado em visitas in loco a alguns dos s�tios. Susan Wolfinbarger, diretora de Tecnologias Geoespaciais e do Projeto Direitos Humanos da AAAS, diz que apenas a Cidade Antiga de Damasco (parte da capital que inclui o mercado e os bairros mu�ulmano, crist�o e judeu) parece n�o ter sofrido avarias. Estruturas hist�ricas de outros cinco locais, incluindo mesquitas, escolas e pr�dios governamentais e civis, foram afetadas e, em alguns casos, destru�das. “A cidade antiga, por�m, tamb�m pode ter sofrido danos que n�o foram capturados pelas imagens por sat�lite”, observa Wolfinbarger.

Um dos locais mais abalados pela guerra civil � Aleppo, cidade que n�o sai do notici�rio internacional por ser a segunda maior do pa�s e ter uma posi��o estrat�gica no mapa s�rio, sendo um ponto de passagem para a Turquia. Fundado no segundo mil�nio antes de Cristo, esse � um dos mais antigos centros urbanos ainda habitados da humanidade e, at� 2011, encantava turistas com seus bazares, mesquitas e igrejas crist�s, al�m de um muro finalizado no s�culo 12, mas iniciado muito tempo antes: h� pelo menos 4 mil anos.

Tudo isso, agora, � escombro. “Nas imagens de sat�lite, a destrui��o massiva � �bvia por toda a cidade, especialmente na Cidade Antiga, Patrim�nio Mundial da Humanidade”, lamenta Wolfinbarger. Entre as estruturas destru�das, est�o mesquitas e madrasas (escolas do Cor�o), incluindo a Grande Mesquita, uma bel�ssima edifica��o fundada em 715. O majestoso Hotel Carlton, o caravan�arai (estabelecimento t�pico de hospedagem do Oriente M�dio) Khan Qurt Bey, a Mesquita de Khusruwiye e o mercado Suq al-Madina, entre muitos outros pr�dios e constru��es hist�ricas ao norte e ao sul da citadela, tamb�m sucumbiram.

Militar observa danos causados na citadela de Crac des Chevaliers, umdos patrimônios da humanidade(foto: JOSEPH EID/AFP - 4/9/12)
Militar observa danos causados na citadela de Crac des Chevaliers, umdos patrim�nios da humanidade (foto: JOSEPH EID/AFP - 4/9/12)
As imagens capturadas em 2011 e 2014 revelam danos severos particularmente na Grande Mesquita, no mercado e na �rea adjacente. O minarete do templo, constru�do por volta do ano 1000, foi abaixo, assim como o teto da mesquita. � poss�vel visualizar tamb�m duas crateras na parede leste. Embora as piores avarias sejam vistas ao sul, a destrui��o tamb�m � evidente na parte alta da cidade, uma �rea que concentra edifica��es que v�o do per�odo mamluk ao otomano (s�culos 13 a 19).

Extens�o
Nos outros Patrim�nios Mundiais da Humanidade localizados na S�ria — Cidade Antiga de Bosra, parte antiga de Palmyra, antigas vilas do Nordeste s�rio e castelos de Crac des Chevaliers e Qal’at Salah El-Din — houve danos diversos. Um antigo anfiteatro romano de Bosra foi atingido por morteiros, e em s�tios arqueol�gicos anteriormente intocados os militares abriram estradas, cortando, inclusive, o centro de uma necr�pole romana em Palmyra. Segundo a Unesco, Palmyra, localizada no deserto ao norte de Damasco, “cont�m ru�nas monumentais de uma grande cidade que j� foi um dos mais importantes centros culturais do mundo antigo”, com influ�ncia da arte greco-romana e persa.

J� no castelo de Crac des Chevaliers, um dos mais conhecidos exemplos de uma fortifica��o das Cruzadas, as imagens mostram danos estruturais moderados, como um talho de 6m na torre sul e crateras no solo. No vilarejo de Jabel Barisha, um dos mais antigos da S�ria, o sat�lite revelou tr�s fortes militares novos, constru�dos depois do in�cio da guerra, sendo dois dentro dos limites do parque arqueol�gico. “Dos nossos contatos e fontes na S�ria, sab�amos que havia danos aos patrim�nios mundiais”, diz Brian I. Daniels, diretor de Pesquisa e Programas do Centro de Patrim�nio Cultural do Museu da Universidade da Pensilv�nia. “Mas esses dados nos surpreenderam por revelarem exatamente o qu�o extensiva foi a destrui��o.”

Corine Wegener, do Instituto Smithsonian, acredita ser preciso organizar um grupo internacional de pesquisadores para estudar os danos e investigar formas de intervir na S�ria. “H� esperan�a, e ela reside em nossos colegas s�rios, porque eles s�o os cuidadores desses locais, sabem do valor de preservar e proteg�-los para futuras gera��es”, diz Wegener. “O que eles precisam de seus colegas estrangeiros � alguma ajuda para fazer isso — treinamento, materiais e outros suportes da arena internacional. � poss�vel mitigar e prevenir danos para o patrim�nio cultural mesmo no meio de conflitos.”

 

Estado Isl�mico depreda a mem�ria
A situa��o do Iraque tamb�m preocupa a Unesco. Desde junho, a antiga Babil�nia vem sendo depredada pelo grupo Estado Isl�mico, que assumiu o controle de v�rias faixas do territ�rio iraquiano, destruindo templos, igrejas e manuscritos em Mossul, Tikrit e outras localidades do pa�s, por consider�-los idol�tricos ou her�ticos. Os jihadistas tamb�m fizeram escava��es em s�tios arqueol�gicos para vender objetos ao exterior. Funcion�rios de intelig�ncia calculam que o grupo tenha obtido US$ 36 milh�es vendendo artefatos roubados.

A diretora-geral da Unesco, Irinia Bokova, condenou no domingo passado, em Bagd�, a destrui��o “b�rbara” do patrim�nio cultural. “O Iraque possui milhares de templos, edif�cios, s�tios arqueol�gicos, objetos que s�o um tesouro para toda a humanidade”, disse. “N�o podemos aceitar que esse tesouro, essa heran�a da civiliza��o, seja destru�do da forma mais b�rbara”, completou. “Temos que agir, n�o h� tempo a perder, porque os extremistas est�o tentando apagar a identidade, porque sabem que sem uma identidade n�o existe mem�ria, n�o h� hist�ria. Pensamos que isso � uma aberra��o, n�o � aceit�vel”, insistiu.

Ber�o da civiliza��o, com uma hist�ria que remonta a 5 mil anos, o Iraque �, com o Egito, o pa�s que abriga os mais antigos resqu�cios da civiliza��o. Bagd� foi a primeira cidade planejada do planeta, onde surgiu a escrita cuneiforme; a irriga��o; a biblioteca Casa da Sabedoria, do ano 832 d.C.; e a primeira universidade �rabe.


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