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Estado de Minas

Mineira vence pr�mio da Unesco com proposta de aliar rem�dios e derivado de maconha no combate � depress�o

Mestre e Ph.D, Alline Campos estuda efeitos dos endocanabinoides somados a antidepressivos


postado em 22/11/2015 00:12 / atualizado em 22/11/2015 12:52

A busca por medicamentos mais efetivos e com menos efeitos colaterais para tratar transtornos da depress�o e da ansiedade deu � pesquisadora mineira Alline Campos o Pr�mio L'Or�al-Unesco-ABC para Mulheres na Ci�ncia 2015. Mestre em psicofarmacologia e Ph.D. em neuropsicofarmacologia, ela foi uma das sete vencedoras da 10ª edi��o do programa brasileiro voltado �s mulheres cientistas, realizado em parceria com a Unesco no Brasil e com a Academia Brasileira de Ci�ncias (ABC). � frente de uma pesquisa do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da Universidade de S�o Paulo (FMRP/USP), Alline busca em suas investiga��es uma f�rmula para tratar pacientes que sofrem de ansiedade e depress�o.


“Este reconhecimento profissional � fundamental para cientistas que est�o, como eu, iniciando suas carreiras. Receber um pr�mio dessa import�ncia confirma que estamos no caminho certo”, ressalta Alline, que � natural de S�o Jo�o del-Rei e formada em farm�cia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), mestre e doutora em farmacologia pela FMRP/USP. “Nossa pesquisa est� s� come�ando e os resultados s�o muito preliminares, mas sugerem que, sozinhos, os compostos que testamos parecem fazer efeito em um tempo menor do que os antidepressivos. Entretanto, como trabalhamos com modelos experimentais, � dif�cil falar sobre o tempo de dura��o da pesquisa ou sobre quando ela estar� pr�xima de chegar � popula��o.”

''Este reconhecimento profissional é fundamental para cientistas que estão, como eu, iniciando suas carreiras. Receber um prêmio dessa importância confirma que estamos no caminho certo''(foto: Arquivo Pessoal )
''Este reconhecimento profissional � fundamental para cientistas que est�o, como eu, iniciando suas carreiras. Receber um pr�mio dessa import�ncia confirma que estamos no caminho certo'' (foto: Arquivo Pessoal )
Transtornos de ansiedade e depress�o s�o doen�as graves e incapacitantes que atingem o funcionamento do c�rebro e prejudicam a vida das pessoas. “Isso porque, diferentemente de uma gripe, por exemplo, que nos deixa em repouso por tr�s ou quatro dias, essas doen�as s�o cr�nicas e podem afastar por muito tempo as pessoas do trabalho e do conv�vio com os familiares e amigos. Hoje, os antidepressivos dispon�veis na pr�tica cl�nica, como a fluoxetina, podem levar de quatro a oito semanas para o in�cio de al�vio dos sintomas”, comenta a farmac�utica.


A busca na investiga��o atual, segundo ela, � confirmar se os efeitos dos antidepressivos podem ser “acelerados” quando administrados simultaneamente com doses baixas do f�rmaco facilitador dos efeitos dos endocanabinoides, como o canabidiol.

 

O canabidiol � um dos elementos presentes na folha da maconha, a Cannabis sativa – o THC (que tem efeito psicoativo) e o CBD (que n�o tem efeito psicoativo) – e tem se mostrado eficaz para aliviar sintomas de v�rias doen�as como algumas neurol�gicas (esclerose m�ltipla, dores neurop�ticas, epilepsias, mal de Parkinson e Alzheimer, Huntigton, Tourette), doen�as autoimunes (artrite reumatoide, doen�a de Chron, l�pus, diabetes tipo 2), doen�as infecciosas (Aids, hepatites), glaucoma, dist�rbios psiqui�tricos (ins�nia, ansiedade e depend�ncia qu�mica e f�sica de drogas, como o crack).


“Um dos objetos de nossa pesquisa´e tentar determinar os efeitos dessa combina��o de f�rmacos (antidepressivos + endocanabinoide ou antidepressivo+ canabidiol) em alguns eventos pl�sticos do sistema nervoso central, como a forma��o de novos neur�nios e novas conex�es entre esses neur�nios, eventos que estariam alterados em pacientes com transtornos de ansiedade e depress�o. Se nossa hip�tese estiver correta, no futuro poderemos associar os canabinoides com menores quantidades de antidepressivos, o que melhoraria n�o somente os efeitos adversos, mas tamb�m o tempo para que os pacientes fiquem livres de seus sintomas e possam voltar o mais r�pido poss�vel para suas atividades cotidianas, como a intera��o com a fam�lia e o trabalho”, diz a pesquisadora.

(foto: Arte EM/D.A Press)
(foto: Arte EM/D.A Press)
EFEITOS ADVERSOS Segundo Alline, atualmente, os esfor�os dos pesquisadores est�o focados na conclus�o dos passos iniciais do projeto. Apenas sabendo o panorama inicial dos resultados, o grupo poder� inferir novas perguntas e programar novos passos. “Ideias sempre est�o martelando na cabe�a, mas em ci�ncia � muito importante manter o foco”, acrescenta. Alline ressalta que hoje existem muito estudos em andamento que buscam tratamentos mais efetivos para esses transtornos.

 

Entretanto, a maioria das novas op��es apresenta efeitos adversos, que podem at� ser mais leves, e demora para o efeito terap�utico. “Talvez os antidepressivos sejam a classe de medicamentos mais lucrativa para a ind�stria farmac�utica e, por esse motivo, n�o � muito f�cil aprovar coisas novas, principalmente se n�o houver possibilidade de patentes, como ocorre com os compostos naturais como o canabidiol.”


O grupo de pesquisa em Ribeir�o Preto, do qual Alline faz parte, h� anos est� envolvido no estudo dos efeitos medicinais do canabidiol no c�rebro. A farmac�utica focou seu mestrado, doutorado e p�s-doutorado no entendimento da maneira como o canabidiol age no c�rebro para proteger os neur�nios e diminuir a ansiedade e o estresse.

 

“Com a recente aprova��o pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria do uso do CBD n�o s� em casos de epilepsia em que outros medicamentos n�o funcionam, mas tamb�m em pacientes com dores cr�nicas, por exemplo. Confiamos que outros usos terap�uticos do CBD tamb�m sejam poss�veis.”

 

Sintomas em alta nas capitais

Pesquisa recente conduzida por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina e da Faculdade de Ci�ncias M�dicas do Rio de Janeiro em capitais brasileiras demonstrou que cerca de 35% a 40% da popula��o t�m tra�o de ansiedade e 25% a 30% de depress�o, sendo a maioria mulheres. Ou seja, s�o transtornos com relev�ncia para a sa�de p�blica brasileira. Por isso, estudos como esse, desenvolvido por cientistas na Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto, s�o t�o importantes, pois apontam para novas possibilidades de tratamento de males que fazem parte do cotidiano da popula��o.


A farmac�utica esclarece que a depress�o pode acometer o indiv�duo em qualquer idade, embora seja mais prevalente em adultos jovens. “O estresse excessivo e experi�ncias traum�ticas podem ajudar na precipita��o dos sintomas. O processo de cura � longo e requer disciplina no tratamento e entendimento dos familiares e amigos. Muitas vezes, os sintomas dessas doen�as s�o tidos como frescura, falta de vontade e f�. � necess�rio que estejamos atentos, pois s�o doen�as graves e incapacitantes. O tratamento n�o � somente � base de rem�dios. A associa��o com a psicoterapia � bastante efetiva. Al�m disso, a reinser��o desses pacientes em atividades prazerosas e o conv�vio social tamb�m podem ser muito ben�ficos.”


Alline diz que ganhar o pr�mio foi para ela uma grande surpresa. “Realmente, n�o esperava. Quando recebi o comunicado, achei que era um trote. Quem vive a ci�ncia brasileira sabe das dificuldades que enfrentamos todos os dias. A responsabilidade de lidar com sonhos e planejamentos, pessoais e dos alunos, em um contexto no qual quase tudo fica para o futuro, no qual somos vistos como meros n�meros e assistimos � mercantiliza��o da ci�ncia para atender �s expectativas das metas impostas. Mesmo assim, estou disposta a viver do que a ci�ncia nos oferece: o conhecimento”, diz.


Segundo ela, o pr�mio deu visibilidade ao grupo de estudos e aproximou a equipe da sociedade. “� como se n�o estiv�ssemos mais sozinhos. A sensa��o de que podemos modificar a vida das pessoas est� mais pr�xima do que nunca. Acho que � isso: estar no caminho certo”, comenta.


Quanto aos planos futuros, Alline diz que ideias est�o sempre rondando sua cabe�a. “Nosso grupo tem o objetivo de encontrar compostos capazes de aumentar a produ��o de novos neur�nios no c�rebro de adultos. Nossas pesquisas teriam impacto n�o somente no �mbito dos transtornos de ansiedade, mas tamb�m em doen�as neurodegenerativas, como a doen�a de Alzheimer e a esclerose m�ltipla.”

 


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