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Estado de Minas PERIGO NA REDE

Baixa frequ�ncia de adultos no TikTok exp�e crian�as e adolescentes

Morte de adolescente de Natal que sofreu ataques homof�bicos e amea�as ap�s publica��o no aplicativo serve de alerta aos perigos na exposi��o de jovens


05/08/2021 17:00 - atualizado 05/08/2021 17:35

Especialistas alerta sobre o perigo da exposição de jovens no TikTok; aplicativo lançou mudanças nas regras(foto: Divulgação)
Especialistas alerta sobre o perigo da exposi��o de jovens no TikTok; aplicativo lan�ou mudan�as nas regras (foto: Divulga��o)
Com v�deos curtos e desafios de dan�a, o TikTok virou ponto de encontro para crian�as e adolescentes mais novos. A baixa frequ�ncia de adultos na rede social dificulta a media��o do que � publicado por l�. As crian�as se sentem � vontade no TikTok - o que nem sempre � um problema, mas pode esconder riscos.

Nesta semana, a cantora de forr� Walkyria Santos relatou o suic�dio do filho, Lucas, de 16 anos, e trouxe � tona o debate sobre o uso de redes sociais pelos jovens e os danos � sa�de mental. "As pessoas destilando �dio na internet, deixando coment�rios maldosos. Meu filho acabou tirando a vida. Foram s� os coment�rios nesse TikTok nojento que fizeram com que ele chegasse a esse ponto."

No fim de semana, o jovem havia publicado no TikTok um v�deo simulando beijar um amigo. A publica��o viralizou, com coment�rios cr�ticos e mensagens homof�bicas. A m�e pediu que ele apagasse o v�deo, segundo contou o s�cio de Walkyria e amigo da fam�lia, Alexandre C�sar. O jovem, ent�o, publicou novo v�deo, dizendo que n�o esperava tamanha repercuss�o. "Estou basicamente fazendo isso (pedindo desculpas) para n�o tomar uma surra t�o grande, t�o merecida, que vou morrer."

Na manh� de ter�a, ele foi achado morto pela tia no quarto onde dormia, em um condom�nio em Parnamirim, na regi�o metropolitana de Natal. A causa da morte n�o foi confirmada - a pol�cia aguarda conclus�o de laudos periciais -, mas a ocorr�ncia � tratada, em princ�pio, como suic�dio, segundo o governo estadual.

Especialistas alertam para a dificuldade de se estabelecer rela��es de causa e efeito nos casos de suic�dios, que t�m m�ltiplos fatores. Coment�rios negativos recebidos nas redes sociais podem ser um gatilho, mas dificilmente s�o a �nica causa para que um jovem desenvolva transtornos e tire a pr�pria vida. O contexto familiar e at� a gen�tica interferem nos quadros. De toda forma, o uso das redes por crian�as e adolescentes deve ser acompanhado pelas fam�lias, para prevenir situa��es de agress�o e sofrimento.

No caso do TikTok, � baixa a presen�a de adultos entre os usu�rios das redes, o que deixa as crian�as � vontade e dificulta o monitoramento de mensagens agressivas. "� uma rede de adolescentes novos. Certamente � um ambiente em que muita coisa vai rolar e nem todo mundo est� atento a isso", diz a psic�loga Juliana Cunha, diretora da Safernet Brasil, organiza��o voltada � promo��o de direitos humanos na internet.

Neste ano, a rede social anunciou mudan�as: as contas de menores de 16 anos passaram a ser privadas, o que limita o alcance das publica��es. Apenas adolescentes com mais de 13 podem criar contas, segundo regras do aplicativo - na pr�tica, por�m, crian�as mentem a idade para entrar na plataforma.

Tamb�m houve maior cerceamento a mensagens de bullying - agora, h� a op��o de deletar v�rios coment�rios no TikTok ao mesmo tempo. As iniciativas fazem parte de uma tentativa das redes de responder �s demandas por maior regula��o. Em 2019, o Instagram decidiu esconder o n�mero de curtidas nas publica��es em rea��o �s cr�ticas de que os "likes" agravavam quadros de ansiedade.

Crian�as e jovens que j� t�m transtornos mentais ou passam por dificuldades podem encontrar nas redes sociais publica��es que refor�am o sentimento de exclus�o e dor. Plataformas centradas na imagem, como o TikTok, podem refor�ar a percep��o de que todos em volta t�m vidas e corpos perfeitos - o que � nocivo para a forma��o da identidade de crian�as.

"Redes muito voltadas para a imagem, como o TikTok, tem um potencial de aumentar a valoriza��o do corpo, do 'ter'. O corpo dos jovens nas dan�as do TikTok � algo que os adolescentes gostariam de ter", diz o psiquiatra e pesquisador da Universidade de S�o Paulo (USP) Guilherme Polanczyk. A vida paralela que os mais novos mant�m nas redes j� � investigada por psiquiatras e psic�logos quando os jovens chegam aos consult�rios com transtornos.

"As redes sociais t�m o papel de influenciar cren�as que adolescentes t�m sobre si mesmos. Se o mundo diz que voc� n�o tem valor, isso afeta seu senso de pertencimento", diz Juliana. Por outro lado, se esse jovem tem acolhimento a sua volta, o apoio � um contrapeso diante de situa��es negativas.

Por meio de nota, o TikTok lamentou a morte de Lucas. Segundo a rede, a prioridade � dar apoio ao bem-estar da comunidade "e fomentar um ambiente acolhedor e inclusivo". O TikTok tamb�m afirma que coment�rios de �dio s�o removidos e que trabalha com especialistas, para dar apoio a quem passa por um momento dif�cil.

Media��o

Pais devem acompanhar a vida digital dos seus filhos - e isso n�o quer dizer que precisam ter contas nas mesmas redes sociais. As fam�lias devem estabelecer acordos sobre como ser� feito o monitoramento das publica��es. Podem, por exemplo, pedir que os filhos mostrem o que est�o publicando ou combinar acessos peri�dicos �s redes sociais.

Tamb�m � importante buscar informa��es sobre mecanismos de controle criados pelas pr�prias redes. H� op��es, por exemplo, de filtrar coment�rios com palavras ofensivas, limitar o alcance de publica��es e impedir as crian�as de publicar v�deos ao vivo.

Preste aten��o

1. M�ltiplos fatores. O suic�dio n�o tem uma s� causa. Situa��es negativas vividas nas redes sociais podem ser o "gatilho", mas n�o s�o o �nico motivo.

2. Di�logo. Pais devem ficar atentos a mudan�as no comportamento dos filhos para identificar transtornos. Tamb�m devem estimular que falem sobre o que sentem - em di�logo sem julgamentos do tipo "� bobagem" ou "� falta de Deus".

3. Ajuda. Ao identificar algum tipo de sofrimento, devem buscar ajuda profissional. H� canais gratuitos como o do Centro de Valoriza��o da Vida (liga��o 188).

4. Media��o. O uso das redes por crian�as deve ser acompanhado pelos pais - mas n�o de forma escondida. � poss�vel criar combinados como o de ver as publica��es periodicamente. Tamb�m � preciso conhecer as redes que os filhos frequentam e definir limita��es, como modera��o de coment�rios. Cartilhas no site da Safernet (safernet.org.br) d�o dicas para um bom uso.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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