Martin Cooper, que foi engenheiro eletrot�cnico da ent�o empresa de r�dio automotivo Motorola
Martin Cooper, engenheiro eletrot�cnico da ent�o empresa de r�dio automotivo Motorola, ligou para um rival que trabalhava no Bell Labs, da AT&T, para informar que havia vencido a corrida da telefonia m�vel.
"Estou ligando para voc� de um celular, mas um celular de verdade, pessoal, que cabe na m�o", disse Cooper para o engenheiro concorrente Joel Angel. Antes da reviravolta, a AT&T liderava essa disputa com seu sistema de transmiss�o de ondas celulares.
Ainda assim, Cooper liberou os telefones dos carros. Os aparelhos da AT&T ficavam acoplados a autom�veis.
A no��o de um celular que cabia na m�o era diferente da atual
Leia: Justi�a suspende vendas de iPhones no Brasil
Para colocar o primeiro celular no mercado, a Motorola levou mais dez anos. Apenas em 1983, come�ou a vender o DynaTAC 8000x, por US$ 5.000 (US$ 15,4 mil em valores atuais, ou R$ 78 mil). Isso porque precisou desenvolver, com US$ 100 milh�es, um sistema anal�gico de transmiss�o de r�dio capaz de suportar a nova clientela, tamb�m chamado de DynaTAC.
A no��o do que era um celular mudou ao longo dessa metade de s�culo. Aparelhos come�aram a tocar faixas em mp3, enviar emails, acessar navegadores de internet e baixar aplicativos. Os pre�os tamb�m baixaram. Nos Estados Unido, um iPhone 14 Pro custa a partir de US$ 999 (cerca de R$ 5.100).
Leia: Elon Musk anuncia - de novo - mudan�as na pol�tica do selo azul do Twitter
A �ltima revolu��o dos aparelhos telef�nicos veio com o design minimalista do iPhone 2G da Apple, lan�ado em 2007. O feito consolidou a j� grande fama do empres�rio Steve Jobs. A funcionalidade de multitouch, que permite selecionar dois pontos da tela ao mesmo tempo com os dedos, garante a experi�ncia de uso de dispositivos m�veis � qual estamos acostumados hoje.
Em entrevista ao ve�culo especializado em tecnologia Motherboard, dez anos atr�s, Martin Cooper foi al�m. O engenheiro que idealizou o primeiro telefone m�vel pensou no futuro da tecnologia como um chip implantado atr�s da orelha, com acesso a uma rede de computadores. "Seria um telefone por voz em estado �timo."
Leia: Papa Francisco fashion gerado por intelig�ncia artificial viraliza
"O conceito de aplicativos est� todo errado. O ideal seria ter uma intelig�ncia artificial capaz de atender aos nossos pedidos, idealmente mais inteligente do que n�s. Seria um servo port�til", disse o criador do celular, bem antes de a OpenAI lan�ar o ChatGPT, que tem impressionado as pessoas por suas capacidades textuais.
Na conversa de quinta-feira com a AFP, Cooper lamentou que as pessoas sejam consumidas pelas telas de seus smartphones. "Quando vejo algu�m atravessando a rua olhando para o telefone, eu me sinto p�ssimo. Eles n�o est�o pensando."
Em excesso, o celular pode causar problemas de sono e de postura, irritabilidade e sedentarismo. Esses efeitos colaterais podem ser piores para crian�as, que n�o t�m as capacidades socioemocionais de um adulto, de acordo com a professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Evelyn Eisenstein.
Segundo a pesquisa TIC Kids Online de 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica), 96% dos jovens de 9 a 17 anos j� t�m celular no Brasil.
Em junho de 2022, o pa�s j� tinha 242 milh�es de smartphones, conforme dados da pesquisa "Uso de Tecnologias da Informa��o no Brasil", da FGV (Funda��o Getulio Vargas). O pa�s tem mais de um aparelho por habitante desde 2016.
Evelyn Eisenstein recorda que, em 1990, quando chegaram os primeiros celulares no Brasil, o acesso era dif�cil. "N�s us�vamos o aparelho nas emerg�ncias dos hospitais. Era um objeto pesado, que guard�vamos em um cinto especial."
Ela se refere ao Motorola PT-550, que logo ganhou o apelido "tijol�o" no pa�s. O modelo, contando a antena externa no topo, alcan�ava 22,8 cm de comprimento. O design do celular era inovador por sua dobradi�a que protegia as teclas de poeira. No exterior, o aparelho custava US$ 3.000 e tinhas as fun��es agenda telef�nica e identificador de chamada.
Quem quisesse usar a linha de celular ainda tinha que desembolsar at� US$ 20 mil para a estatal Telerj --e havia fila. O sistema de transmiss�o ainda era anal�gico, como aqueles dos Estados Unidos nos anos 1980.
O ex-deputado Eduardo Cunha, que presidiu a empresa de telefonia carioca entre 1991 e 1993, costuma dizer que liderou a implanta��o da telefonia m�vel no Brasil. Essas primeiras linhas contavam com o prefixo "982". A estatal depois foi privatizada, como as outras subsidi�rias e veio a dar origem � companhia que conhecemos como Oi, hoje em sua segunda recupera��o judicial.
A estatal paulista Telesp s� veio trazer o servi�o para o estado em 1993. Em 1997, em Bras�lia, come�ou a operar o primeiro servi�o de celular digital no Brasil. Nos anos 2000, o pa�s come�ou a adotar o sistema de padr�o europeu, GSM.
Com o avan�o da tecnologia, hoje, � poss�vel comprar um chip pr�-pago em qualquer banca de jornal. Alguns aparelhos voltaram a ser dobr�veis, como o ent�o inovador "tijol�o". Um aparelho de topo de linha, como o iPhone 14 Pro Max, custa a partir de R$ 9.499 na loja oficial da Apple.
*Para comentar, fa�a seu login ou assine