Homem usando sistema de reconhecimento facial no smartphone

Homem usando sistema de reconhecimento facial no smartphone

Getty Images

Especialistas em intelig�ncia artificial geralmente seguem uma das seguintes escolas de pensamento: a intelig�ncia artificial vai melhorar muito nossas vidas ou vai destruir todos n�s. Ent�o como garantir seguran�a?

A seguir, confira cinco dos desafios que temos pela frente — e como o tema tem sido tratado na Europa.

1. Chegar a um acordo sobre o que � intelig�ncia artificial

O Parlamento Europeu levou dois anos para chegar � defini��o de um sistema de intelig�ncia artificial — software capaz de, "para um determinado conjunto de objetivos definidos pelo ser humano, gerar resultados como conte�do, previs�es, recomenda��es ou decis�es que influenciam os ambientes com os quais eles interagem".

Nesta semana, o Parlamento Europeu est� votando o projeto de lei sobre a regulamenta��o da Intelig�ncia Artificial — as primeiras normas legais sobre a tecnologia, que v�o al�m de um c�digo de conduta volunt�rio, exigindo que as empresas as cumpram.

2. Alcan�ar um consenso global

A ex-chefe do Escrit�rio de Intelig�ncia Artificial do Reino Unido, Sana Kharaghani, observa que a tecnologia n�o respeita fronteiras.

"Precisamos ter colabora��o internacional nisso — sei que vai ser dif�cil", disse ela � BBC News. "Este n�o � um assunto dom�stico. Essas tecnologias n�o ficam dentro das fronteiras de um pa�s."

Mas ainda n�o h� um plano para um �rg�o regulador global de intelig�ncia artificial, no estilo das Na��es Unidas — embora alguns tenham sugerido isso —, e diferentes territ�rios t�m ideias distintas sobre o tema.

As propostas da Uni�o Europeia s�o as mais r�gidas e incluem classificar os produtos de intelig�ncia artificial dependendo do seu impacto — um filtro de spam para e-mail, por exemplo, teria uma regulamenta��o mais leve do que uma ferramenta de detec��o de c�ncer.

O Reino Unido, por sua vez, est� repassando a regulamenta��o da intelig�ncia artificial %u200B%u200Baos reguladores existentes — aqueles que dizem que a tecnologia os discriminou, por exemplo, s�o direcionados � Comiss�o de Igualdade.

J� os Estados Unidos t�m apenas c�digos de conduta volunt�rios, e os legisladores admitiram recentemente, durante uma audi�ncia do comit� de intelig�ncia artificial, que estavam preocupados se ele estava dando conta do recado.

A China pretende fazer com que empresas notifiquem os usu�rios sempre que um algoritmo de intelig�ncia artificial estiver sendo usado.

3. Garantir a confian�a do p�blico

"Se as pessoas confiarem, elas v�o usar", disse o chefe de assuntos regulat�rios e governamentais da Uni�o Europeia na IBM, Jean-Marc Leclerc.

H� grandes oportunidades para a intelig�ncia artificial melhorar a vida das pessoas de maneiras incr�veis. Entre elas, est�o:

- Ajudar a descobrir antibi�ticos;

- Fazer pessoas com paralisia voltarem a andar;

- Tratar de quest�es como mudan�as clim�ticas e pandemias.

Mas e a triagem de candidatos a vagas de emprego ou a previs�o da chance de algu�m cometer um crime?

O Parlamento Europeu quer que o p�blico seja informado sobre os riscos associados a cada produto de intelig�ncia artificial.

As empresas que infringirem suas regras podem ser multadas em at� 30 milh�es de euros (aproximadamente R$ 157 milh�es) — ou 6% do faturamento anual global.

Mas ser� que os desenvolvedores s�o capazes de prever ou controlar como seu produto pode ser usado?


O CEO da OpenAI, Sam Altman, testemunhando perante o Senado dos EUA

Sam Altman, CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT, prestando depoimento no Senado dos EUA

Reuters

4. Decidir quem redige as regras

At� agora, a intelig�ncia artificial tem sido amplamente autopoliciada.

As grandes empresas dizem que est�o de acordo com a regulamenta��o do governo — "fundamental" para mitigar os riscos potenciais, de acordo com Sam Altman, chefe da OpenAI, criadora do ChatGPT.

Mas ser� que elas v�o colocar os lucros acima das pessoas caso se envolvam demais na reda��o das regras?

Voc� pode apostar que elas querem estar o mais pr�ximo poss�vel dos legisladores encarregados de estabelecer os regulamentos.

E Martha Lane Fox, fundadora do Lastminute.com, diz que � importante ouvir n�o apenas as corpora��es. "Devemos envolver a sociedade civil, a academia, as pessoas que s�o afetadas por esses diferentes modelos e transforma��es", afirma.

5. Agir r�pido

A Microsoft, que investiu bilh�es de d�lares no ChatGPT, quer que ele "tire a parte penosa do trabalho".

Ele pode gerar respostas de texto de forma semelhante a humanos, mas, Altman observa, � "uma ferramenta, n�o uma criatura".

Os chatbots deveriam tornar os profissionais mais produtivos.

Em algumas ind�strias, a intelig�ncia artificial tem a capacidade de gerar empregos e ser uma assistente formid�vel. Em outras, no entanto, trabalhadores podem perder seus empregos — no m�s passado, a BT (empresa de telecomunica��o brit�nica) anunciou que a intelig�ncia artificial substituiria 10 mil postos de trabalho.

O ChatGPT est� em uso p�blico h� pouco mais de seis meses. Agora, ele pode escrever artigos, planejar f�rias e passar em exames profissionais.

A capacidade desses modelos de linguagem em larga escala est� crescendo a um ritmo fenomenal.

E dois dos tr�s "padrinhos" da intelig�ncia artificial %u200B%u200B— Geoffrey Hinton e Yoshua Bengio — est�o entre os que alertam que a tecnologia tem um enorme potencial de danos.

A Lei de Intelig�ncia Artificial, na Europa, n�o vai entrar em vigor pelo menos at� 2025 —"muito tarde", segundo a chefe de tecnologia da Uni�o Europeia, Margrethe Vestager.

Ela est� formulando um c�digo volunt�rio provis�rio para o setor, junto aos Estados Unidos, que pode ficar pronto dentro de semanas.