
Pelo Propag, Tadeu assume a mediação com a União
A antecipação da campanha de 2026 em nada ajuda o estado a solucionar o seu principal problema: a dívida com a União
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O presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), vai nesta segunda-feira (18/8) a Brasília abrir interlocução com o governo federal para ajustes necessários à adesão de Minas ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Ele vai compatibilizar prazos e datas no decreto que regulamenta o programa para a apresentação e avaliação de ativos que serão apresentados pelo estado para a amortização da dívida no ato da adesão ao programa.
Crítico da antecipação do lançamento da campanha do governador Romeu Zema (Novo) à Presidência da República neste sábado (16/8), em São Paulo, Tadeu Martins Leite tem afirmado que neste momento a prioridade do estado deve ser resolver o problema de sua dívida histórica com a União. A estratégia retórica das campanhas de Zema, assim como a do vice-governador Mateus Simões (Novo) – candidato ao governo de Minas – dificulta o diálogo político. Ambos adotaram o antipetismo e o antilulismo como núcleo central discursivo, no caso de Zema, associado também a uma postura mais agressiva, de ruptura com o presidente Lula (PT). É nesse contexto que Tadeu Martins Leite assumirá, mais uma vez, o que é função do Executivo: abrir o diálogo político para resolver problemas do interesse de Minas.
Embora já tenha sido informado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que não terá o seu apoio na campanha ao Palácio do Planalto, Zema segue apostando todas as fichas no discurso de raiz bolsonarista. Há expectativa do entorno de Zema de que o PL, em Minas, venha a apoiar a candidatura de Mateus Simões. O vice-governador, que irá chefiar o Palácio Tiradentes com a desincompatibilização de Zema em março de 2026, tenta unificar o campo bolsonarista em Minas em torno de seu nome. Mas tem dificuldades. Os problemas estão não apenas no PL, onde deputados estaduais criticam o governo Zema por não cumprir promessas na segurança pública. Mas também o senador Cleitinho (Republicanos), que lidera as pesquisas de intenção de voto e até aqui tem reiterado que será candidato.
A antecipação da campanha de 2026 em nada ajuda o estado a solucionar o seu principal problema: a dívida com a União, que, entre 2018 e 2025, saltou de R$ 106,5 bilhões para R$ 168,2 bilhões, um crescimento recorde de 57,9%, que se explica porque, nos primeiros cinco anos dos dois mandatos de Zema, o pagamento das parcelas esteve suspenso por decisão liminar obtida junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Embora seja nome que circula no meio político como possibilidade para o governo de Minas, na hipótese de o senador Rodrigo Pacheco (PSD) não concorrer, Tadeu Martins Leite, até aqui, adota postura diametralmente oposta à dos governantes mineiros: não aceita nem conversar sobre o assunto. Enquanto o Propag não estiver equacionado, não há espaço para a agenda eleitoral do presidente da Assembleia.
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Desmentido
Mencionado por Mateus Simões (Novo), coordenador do Comitê Gestor do Propag, em sua exposição à Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, o ofício da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), de 41000/25, está em mãos do deputado estadual Ulysses Gomes (PT), líder do Bloco Democracia e Luta, de oposição ao governo Zema. Ulysses Gomes desmente declarações de Simões de que o estado tenha até 30 de outubro para apresentar ao governo federal todos os ativos que pretende federalizar com as respectivas leis aprovadas pela Assembleia Legislativa. “O ofício não diz isso. A adesão é em 31 de dezembro, prazo para que as leis tenham sido aprovadas”, diz.
Pressão
Para Ulysses Gomes, Mateus Simões está pressionando a Assembleia a votar logo todos os projetos que integram o pacote do Propag, principalmente porque quer retirar da Constituição mineira a obrigatoriedade do referendo para a privatização da Cemig e da Copasa. “O governo Zema aproveita o Propag para entregar a maior bandeira ideológica, a privatização da Cemig. Encontrou no Propag o caminho”, afirma.
Copasa
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/23 suprime a obrigatoriedade do referendo para a desestatização da Cemig e da Copasa e também acaba com o quórum qualificado para aprovação de lei que autorize a alteração da estrutura societária ou a cisão dessas empresas. Se por um lado, entre parlamentares na Assembleia Legislativa é menor a resistência para a eventual privatização da Copasa, o mesmo não se pode dizer em relação à Cemig. Em relação ao quórum, já há consenso: deputados não abrem mão dessa prerrogativa do quórum qualificado.
União
O presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto virão a Belo Horizonte no próximo 28 de agosto para participar de um encontro nacional da legenda, voltado para a capacitação de gestores públicos. O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), é nome cotado para assumir em Minas a presidência da federação União-PP.
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Quilombo
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais fará uma visita, junto a autoridades, à comunidade quilombola Família Sanhudo, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta segunda-feira (18/8). Há denúncias de violações de direitos humanos da população residente. A comissão vai avaliar formas de efetivar direitos socioambientais e condições de vida digna de moradores. A visita foi solicitada pela presidente da comissão, deputada Bella Gonçalves (Psol).
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.