Minissérie explica o fenômeno Nação Zumbi para os fãs do século 21
Canal Brasil começa a exibir nesta sexta (18/6) a produção documental sobre a trajetória da banda pernambucana que chacoalhou a cena musical nos anos 1990
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Siga noEm fevereiro, a Nação Zumbi veio a Belo Horizonte para dois shows, absolutamente lotados, na Autêntica, quando celebrou os 30 anos de seu primeiro álbum, “Da lama ao caos” (1994). Na plateia, muitos fãs de outrora, mas também uma nova geração que descobriu recentemente a produção da banda mais relevante do movimento Mangue.
Com estreia nesta sexta-feira (18/7) no Canal Brasil, “Nação Zumbi – No movimento das marés”, minissérie documental dirigida por Aquiles Lopes e Leo Crivellare, é voltada para este novo público.
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Com entrevistas com os integrantes, também parte da geração de músicos e artistas pernambucanos que despontou na mesma época, e várias sequências gravadas no Recife e em Olinda, a produção não traz, essencialmente, nenhuma grande novidade.
A Nação que o público vê hoje em cena – e Marcelo D2 destaca na série como a banda que faz um show como nenhuma outra no mundo – traz apenas três integrantes da formação original: Jorge Du Peixe (vocal), Dengue (baixo) e Toca Ogan (percussão).
Eram oito quando o grupo, capitaneado por Chico Science (1966-1997), ganhou o Brasil com a mistura que ninguém poderia imaginar (a formação atual tem sete integrantes).
Maracatu com guitarra, percussão muito presente, alguns traços de hip hop e coco. E letras incríveis, que mostravam para o mundo a cultura que ninguém imaginava existir. “Modernizar o passado é uma evolução musical” é o que primeiro que se ouve em “Monólogo ao pé do ouvido”, a faixa de abertura.
A narrativa segue esse tom, mostrando as origens da banda e buscando explicar não só a música, como também o Brasil daquela época. Cada episódio traz como título uma canção. O que será lançado nesta sexta, “Hoje, amanhã e depois” (canção de abertura do disco “Futura”, de 2005), traz a Nação na fase Chico Science.
“Nós éramos péssimos”, comenta Dengue, sem dó, ao lembrar a gravação de “Da lama ao caos”. Assume que eles pouco sabiam tocar e, após o contrato com a Sony Music, foram gravar o disco no Rio de Janeiro, no estúdio Nas Nuvens, que tinha à frente Liminha. Em seu depoimento, o baixista e produtor assume que a relação não era fácil, e foi complicado gravar os tambores.
O episódio destaca a gênese do manguebeat, com figuras junto de Chico, como Fred 04, do Mundo Livre S/A, e Paulo André, fundador do Abril Pro Rock, um dos mais importantes festivais independentes do país.
Todos os entrevistados são unânimes em dizer que Science era uma figura fora da curva. A notícia da morte do líder, em acidente de carro, entre Olinda e Recife, é contada por cada um dos integrantes.
Trajetória pós-Chico
A banda pós-Chico é o mote do segundo episódio, “Um sonho” (de “Nação Zumbi”, 2014). Muitos duvidavam de que conseguiriam seguir em frente. Fala também sobre os álbuns sem o líder – o mais recente de estúdio, “Radiola NZ” (2017), é só de regravações.
O capítulo “Foi de amor” (outra canção do álbum de 2014) explora as carreiras paralelas dos integrantes. Trata muito en passant da saída de dois integrantes essenciais para a banda, o baterista Pupillo (que a deixou em 2018) e o guitarrista Lúcio Maia (que saiu em 2022).
Já o último, “Meu maracatu pesa uma tonelada” (de “Nação Zumbi”, de 2002), volta às origens, tratando da música na história de cada um dos integrantes, reforçando a importância da banda com depoimentos de Charles Gavin, Bi Ribeiro, Edgard Scandurra e D2.
O grosso das filmagens foi realizado durante a pandemia – volta e meia aparece alguém de máscara. Mas a série conseguiu se atualizar – termina com a Nação no Marco Zero, em show de 2024. Mesmo assim, “No movimento das marés” parece mais prestar contas ao passado do que refletir sobre o presente e o futuro da Nação.
“NAÇÃO ZUMBI – NO MOVIMENTO DAS MARÉS”
Minissérie documental em quatro episódios. Estreia nesta sexta (18/7), às 19h30, no Canal Brasil. Novos episódios sempre às sextas, no mesmo horário. Reprises aos sábados, às 13h30, e domingos, às 9h