Arnaldo Antunes traz a BH a turnê de "Novo mundo"
Artista diz que giro com os Titãs reforçou seu desejo de fazer "um show mais vibrante e pesado". Apresentação do novo álbum é nesta sexta (18/7), no Palladium
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Siga noDisco novo é pra ser ouvido – e visto. É quase regra: a cada novo álbum, Arnaldo Antunes lança uma turnê que inclui quase todo o material mais recente, contrariando a prática de rechear os shows praticamente apenas com as canções mais conhecidas do público.
Lançado em março passado, “Novo mundo” estará quase todo em cena na noite desta sexta (18/7), no Sesc Palladium. Dez das 12 canções que compõem o álbum estarão no repertório.
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Não somente isto. Parte dos músicos que acompanhará Arnaldo no palco também esteve com ele nas sessões de gravação: Kiko Dinucci (violão e guitarra), Vitor Araújo (teclados e synths) e Betão Aguiar (baixo). Na turnê, a bateria é de Curumin (no disco foi Pupillo, que também assinou a produção do álbum). Na estrada, as cordas ganham o reforço de Chico Salém.
Nos últimos anos, Arnaldo rodou o país em um formato quase de recital. Acompanhado apenas de Vítor Araújo ao piano, ele apresentou o repertório de “Lágrimas no mar” (2021). Houve também nesse período a vencedora turnê “Titãs encontro”. Foi como juntar a fome com a vontade de comer.
“Fiquei animado em fazer um disco de banda, mais dançante, já que a excursão anterior era mais intimista”, conta ele, que não atribui a sonoridade densa, por vezes explosiva, às vezes pop e dançante do novo trabalho à temporada com os ex-colegas de Titãs.
“Na verdade, ela só reforçou meu desejo de fazer um show mais vibrante e pesado. A sonoridade é muito nova, a produção do Pupillo para o disco foi para gerar um som novo”, afirma.
Novos arranjos
Logicamente, o repertório também vai abranger sucessos anteriores, “A casa é sua”, “Socorro”, “Comida”, “Já sei namorar” e “O pulso” entre eles. Mas elas virão em outro formato. “Foram todas rearranjadas, estão mais próximas do novo disco”, comenta.
Também cansado do formato de show com projeção, Arnaldo resolveu fazer diferente. É a luz que comanda tudo no palco. “O Batman Zavarese (que fez a direção artística e visual da turnê) não quis LED. A concepção do cenário é muita luz com raio laser e fumaça.”
Aos 64 anos, Arnaldo se anima em falar sobre a produção de “Novo mundo”. A música-título, que abre o álbum, é quase um tratado sobre a distopia do Brasil e do mundo da atualidade. “Os emojis são os novos hieróglifos/Não há como fugir dos algoritmos/Agora querem extinguir os livros/Por que será que ainda estamos vivos?”, questiona Arnaldo na letra, em um jogo com o rapper baiano Vandal.
“‘Novo mundo’ foi meio fundamental para dar um norte para o disco. Ela deu impulso e acabou dando conceito também. Acho que esse trabalho traz três canções bem contundentes”, comenta ele, citando ainda “Tire o seu passado da frente” e “Tanta pressa pra quê?”.
“Por outro lado, o próprio disco tem respostas sobre como reagir a tantas crises e ao momento hostil em que estamos”, diz Arnaldo, elencando as amorosas “Viu, mãe?” e “Acordarei”.
Há um quê de industrial nas faixas mais fortes do álbum. “É uma sonoridade contemporânea, com muito frescor. As soluções de timbres, os desenhos de frases, isso vai sendo entrelaçado, formando um tecido de som bem especial.”
Arnaldo só tirou do repertório “Sou só”, que ele gravou com Marisa Monte – “Achei que cantá-la sozinho não estava soando tão potente quanto no disco” – e “Pra brincar”, que ele considerou serena demais para o repertório da turnê.
Mas dois dos melhores momentos de “Novo mundo” estarão no show: “Body corpo” e “Não dá para ficar parado aí na porta”, em português e inglês, pois foram divididas com David Byrne. Arnaldo conta como se deu a parceria.
“Tenho admiração por ele desde os anos 1980, por toda a carreira, que é sempre renovada. Como David Byrne tem proximidade com a música brasileira, eu já tinha me encontrado com ele muito rapidamente”, conta. “Resolvi fazer o convite por e-mail e ele foi muito receptivo. Mandei algumas ideias para ele escolher uma e desenvolvermos juntos.” Acabaram sendo duas, num processo que durou alguns meses, com idas e vindas.
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No show, a parte de Byrne de “Body corpo” cabe a Curumin. Já “Não dá para ficar parado aí na porta” é interpretada somente em português por Arnaldo. “Estou esperando que, algum dia, o David Byrne possa fazer um show comigo”, diz.
Edição em vinil
“Novo mundo” terá uma edição em vinil, com capa dupla, encarte com letras e texto inédito assinado por Charles Gavin. A edição é do Três Selos/Rocinante e está em pré-venda (por R$ 180). Entregas a partir de 1/8. Mais informações em no site da Rocinante.
NOVO MUNDO
Show de Arnaldo Antunes. Nesta sexta (18/7), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos a Plateia 3, a R$ 120 (inteira) e R$ 60, à venda na bilheteria e no Sympla. Demais setores esgotados.