O Manguebeat, movimento musical surgido em Pernambuco nos anos 1990, capitaneado pelas bandas Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, volta à baila, com outra formatação. A Trupe Circus, criada em 2002 no Recife, chega a Belo Horizonte com o espetáculo “Circo Science – Do mangue ao picadeiro”, que transporta para a arte circense a música e a estética que reverberaram pelo Brasil e pelo mundo.

A primeira apresentação, nesta quinta-feira (7/8), às 20h, no Teatro Raul Belém Machado, com entrada franca, precede ações que a Trupe desenvolverá ao longo dos próximos dias.

Na sexta (8/8),  o grupo leva para o Dy Circo Pilar o espetáculo “Nordestinados in Circus”, restrito ao Bairro Pilar. Também amanhã vai ser oferecido, no Instituto Cultural CircoLar, em Contagem, um workshop sobre elaboração e gestão de projetos. O mesmo espaço recebe, no sábado (9/8), oficina de pirâmides, com vagas esgotadas.

No domingo (10/8), a Trupe Circus leva “Circo Science” ao Grande Teatro do Sesc Palladium, com ingressos a R$ 20. O espetáculo celebra as três décadas de lançamento de “Da lama ao caos”, álbum inaugural da banda Chico Science & Nação Zumbi.

O espetáculo começou a ser concebido em 2018, de acordo com o diretor Ítalo Feitosa. “Abordar o Manguebeat era desejo antigo nosso. Fizemos um experimento em 2018, mas não era o produto que queríamos apresentar. Precisávamos de mais tempo, demos uma pausa e em janeiro de 2023 retomamos o projeto. Fomos em busca de mais informações, analisamos mais a fundo o Manguebeat e estreamos em dezembro”, conta.

Além das performances tradicionais da arte circense, como malabarismo, contorcionismo, acrobacias aéreas e de solo, coreografias e palhaçaria, o espetáculo aposta na dramaturgia.

“Não tem texto, mas uma abordagem sobre o que o Manguebeat propôs”, destaca Feitosa. Ele se refere à exaltação das culturas periféricas, o que se relaciona intrinsecamente com o trabalho da Trupe Circus.

Surgida no bojo da Escola Pernambucana de Circo, projeto social que atua há 29 anos no Recife, a companhia tem como foco temas como a diversidade cultural, além do combate ao racismo, ao preconceito de gênero e sexual e à violência contra mulheres.

“Na Trupe Circus, somos pessoas LGBTQIAPN+, pretas, periféricas. Entendemos que, ao tratar do Manguebeat, poderíamos falar de nós mesmos, porque representamos uma continuidade”, diz.

A trilha sonora é composta por músicas de “Da lama ao caos” e de outros trabalhos de Chico Science & Nação Zumbi, mas com elementos do brega funk, movimento periférico expressivo no cenário cultural do Recife. A estética drag queen também atravessa o espetáculo.

“Se Chico Science estivesse vivo, quais aspectos da cultura das periferias ele defenderia? Entendemos esse espetáculo como uma continuidade das proposições do Manguebeat”, ressalta o diretor.

Raiz e antena

Um dos símbolos conhecidos do Manguebeat é a antena que capta o mundo, cravada no mangue. Feitosa destaca que “Circo Science” incorpora essa ideia, juntando tradição, tecnologia, raiz e antena. Ele observa que há a ideia de que circo se limita a acrobacia, malabarismo e técnicas tradicionais. Sua trupe leva para o picadeiro outros elementos.

“Tem muita dança, além de projeções, tanto no fundo quanto no piso. A estrutura metálica que desenhamos compõe o cenário. São tecnologias que complementam e caminham lado a lado com a gramática clássica do circo”, ressalta.


“CIRCO SCIENCE – DO MANGUE AO PICADEIRO”

Com Trupe Circus. Nesta quinta-feira (7/8), às 20h, no Teatro Raul Belém Machado (Rua Leonil Prata, 53, Alípio de Melo), com entrada franca e retirada dos ingressos pela plataforma Sympla. Domingo (10/8), às 18h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos: R$ 20, à venda na bilheteria ou na Sympla.

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