De volta aos palcos

Ex-integrante do Secos & Molhados retorna à cena musical

Gérson Conrad fez parte da formação clássica do grupo que projetou Ney Matogrosso e agora investe em novo trabalho com o show 'Entre amigos'

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 O cantor e compositor Gérson Conrad quer reativar, com ênfase, sua carreira musical. Integrante da formação clássica do grupo Secos & Molhados que projetou Ney Matogrosso, ele estreou, recentemente, em Curitiba, o show “Entre amigos”, acompanhado por músicos que aglutinou na capital paranaense, onde está radicado há três anos. Em breve, Conrad deve circular com esse espetáculo por unidades do Sesc em São Paulo, capital e interior, e seu desejo é rodar por todo o Brasil.


Ele diz que o roteiro de “Entre amigos” apresenta composições inéditas, feitas recentemente, e também revisita canções dos Secos & Molhados e de sua posterior carreira solo. O estímulo para essa retomada musical foi a mudança de São Paulo, onde nasceu, para o novo endereço. Conrad diz que o nome com que o show é batizado expressa a conexão que rapidamente estabeleceu com os jovens músicos que o acompanham. “Desde o primeiro momento, me senti como se já os conhecesse, me senti entre amigos”, diz.

Mercados esquecidos

Quando chegou a Curitiba, ele diz ter tido a percepção de um mercado pouco explorado. “Empresários do eixo Rio-São Paulo levam os espetáculos que produzem para todo o Brasil, mas, curiosamente, Paraná e Santa Catarina costumam ficar de fora. Resolvi, no final de 2023, montar uma banda para ocupar esse espaço, atuar nesses dois mercados. E também para justificar meu tempo aqui; estava me sentindo ocioso”, diz. Se a intenção, de início, era trabalhar num limite regional, o sucesso do filme “Homem com H” inflou suas ambições.

A cinebiografia de Ney Matogrosso dirigida por Esmir Filho reserva espaço generoso para o início de sua carreira, com o Secos & Molhados. “Desde a estreia, meu nome ficou mais em evidência. As pessoas vêm me procurar. Já dei inúmeras entrevistas para falar de 'Homem com H' e do que ando fazendo atualmente. Acho que o filme despertou o interesse para meu trabalho”, diz Conrad. Ele destaca que uma outra produção audiovisual pode fazer com que os ventos a favor soprem ainda mais fortes.

Em outubro, estreia na plataforma Globoplay a minissérie documental de quatro episódios “Primavera nos dentes”, que também focaliza o Secos & Molhados. O músico considera que o grupo está voltando à baila com muita força. “Todas as pessoas envolvidas com o Secos & Molhados que ainda estão vivas foram entrevistadas para esse documentário da Globoplay, eu, o Ney, o Paulinho Mendonça. Isso certamente vai reverberar”, acredita. Ele conta que, naturalmente, assistiu a “Homem com H”, gostou, achou fidedigno, mas tem ressalvas.

Conrad considera que Esmir Filho deu demasiado espaço a uma esfera muito íntima da vida de Ney Matogrosso, com excesso de cenas de sexo. Ele enfatiza que não se trata de puritanismo ou pudicícia, até considera muitas dessas cenas “poéticas”, mas acredita que outros aspectos poderiam ter sido explorados.

“O diretor perdeu a oportunidade de focar fatos muito mais relevantes, não só do início, da chegada do Ney ao Secos & Molhados, mas também da carreira solo dele”, diz.

Lançamentos esparsos

Ele fala em reerguer a carreira, mas, na verdade, nunca esteve completamente afastado da música. Depois da dissolução do Secos & Molhados, em 1974, Conrad lançou, no ano seguinte, um disco com Zezé Motta. Em 1981, apresentou um novo trabalho, “Rosto marcado”. Em 2012, publicou o livro “Meteórico fenômeno: memórias de um ex-Secos & Molhados”. Após um longo hiato, voltou a lançar, em 2018, um novo disco, “Lago azul”, com a chancela da gravadora Deck Disc, e em 2020, o EP “O fio do meu destino”, independente.

“Sou arquiteto e, entre as décadas de 1980 e 2010, vivi muito mais de arquitetura do que de música, apesar de nunca ter me afastado completamente dos palcos. Sempre estive presente ao longo desses anos todos. O que perdi, isso sim, foi a relação com as gravadoras. Por esse motivo, passei mais de 35 anos sem lançar absolutamente nada em disco, até que em 2017 assinei um contrato com a Deck”, conta. O trabalho que lançou pela gravadora, contudo, também não garantiu um efetivo retorno à cena.

Com a estreia de “Entre amigos em 20 e 21 deste mês, em um dos auditórios do Teatro Guaíra, Conrad se diz confiante. “Tive uma resposta bastante positiva”, afirma. “A ideia não é simplesmente revisitar, mas atualizar minha música sem perder sua essência e brasilidade. Tenho certeza de que estou apresentando um trabalho inédito de composições com cuidado e qualidade literária e musical, que entendo ser uma evolução natural do que fiz no passado e que consagrou o Secos & Molhados e a mim como compositor”, afirma.

Foco autoral

Gérson Conrad destaca que cerca de 30% a 40% do repertório do show “Entre amigos” é composto por canções inéditas, criadas especialmente para a formação que o acompanha, com músicos da cena contemporânea de Curitiba – Cauê Flexa (baixo), Léo Carolo (bateria), Bernardo Zampieri (guitarra) e Therciano Albuquerque (piano), que já tocou com Hermeto Pascoal e Miúcha.

“O restante do roteiro são releituras dos principais sucessos do Secos & Molhados, com novos arranjos, uma reinterpretação daquelas obras, e a mescla de músicas dos meus discos lançados em carreira solo, um trabalho totalmente autoral, que também tem boa resposta de público”, informa.

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