“É incrível como uma poeta de quase 90 anos mantém o mesmo vigor, energia, solidez e dúvidas, surpreendendo a gente sempre, sem nunca cair no comodismo”, afirma o jornalista, escritor e produtor cultural José Eduardo Gonçalves sobre Adélia Prado, que será homenageada no projeto Letra em Cena desta terça-feira (18/11), em BH.

Adélia Prado: 'O que escrevo pertence a todos'

A edição de hoje encerra a temporada 2025 do evento literário realizado no Centro Cultural Unimed-BH Minas. Para comentar a obra da escritora de Divinópolis, que faz aniversário em 13 de dezembro, foi convidado o poeta Augusto Massi. A homenageada participará virtualmente, com vídeos gravados exclusivamente para o Letra em Cena.

Laureada com os prêmios Camões (o mais importante da língua portuguesa) e Machado de Assis em 2024, Adélia quebrou o hiato de 12 anos sem publicar poemas inéditos em setembro passado, com “O Jardim das Oliveiras” (Record). Ela reafirma sua habilidade de transformar vivências cotidianas em experiências universais, com versos que tratam do corpo, da espiritualidade e do dia a dia.

“Depois de todo esse tempo, ela chega com muita força, reafirmando suas convicções”, destaca José Eduardo Gonçalves, curador do Letra em Cena. “Os poemas e a linguagem surpreendem, as imagens são impactantes. Sem contar que ela trata sobre o envelhecimento com muita coragem”, acrescenta.

Em “O Jardim das Oliveiras”, Adélia revisita suas memórias a partir do prisma da reflexão e da expectativa. Olha para o passado com consciência mais aguda da finitude – como se cada lembrança fosse também um gesto de despedida e gratidão – e transita pelo erotismo, no sentido etimológico da palavra.

O bate-papo desta terça-feira não vai se limitar ao lançamento recente da autora. A partir de obras publicadas desde 1976 – ano em que estreou na poesia com “Bagagem”, incentivada por Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que a descrevia como “lírica, bíblica e existencial” –, Augusto Massi comentará minúcias da produção de Adélia.

A edição desta noite também contará com declamações de textos da autora mineira por Ana Martins Marques, Mário Alex Rosa, Mauricio Guilherme, Paula Vasco e Sílvia Rubião. Os poemas foram escolhidos por cada um deles e serão surpresa.

Milton Hatoum

No terceiro momento, Adélia responderá a perguntas feitas previamente por escritores de diferentes regiões do país. Entre eles estão Antônio Carlos Secchin, Elisa Lucinda e Milton Hatoum.

“Com o Hatoum foi bem curioso”, revela José Eduardo. “Ele esteve aqui recentemente para participar do Letra em Cena. Quando terminamos, perguntei despretensiosamente se gostava da Adélia. Ele me disse que adora os poemas dela. Não teve como desperdiçar essa oportunidade”, afirma.

No mês passado, Milton Hatoum participou do projeto para falar de sua obra. Este ano, o amazonense lançou o romance “Dança de enganos”, cuja trama se passa em Ouro Preto e encerra a trilogia “O lugar mais sombrio”.

O Letra em Cena volta em março de 2026, ainda sem data definida. “Completaremos 10 anos do projeto. Então, precisamos pensar em uma programação que seja bem legal e faça jus à data”, conclui José Eduardo Gonçalves.

LETRA EM CENA

Com Augusto Massi e participação virtual de Adélia Prado. Nesta terça-feira (18/11), às 19h, na sala multimeios do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Entrada franca, com ingressos no Sympla. Informações: (31) 3516-1360.

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