Filho de mulher morta por policial: ‘Perdi tudo por causa de um desgraçado’
Priscilla Mundin foi encontrada morta na cama do namorado com marcas de estrangulamento e facadas
compartilhe
Siga no“Perdi a minha mãe, o meu norte, a minha casa, porque ela era a minha casa”, afirmou Lucas Mundim, de 22 anos, sobre a dor de ter perdido a mãe. Priscilla Azevedo Mundim, de 46 anos, foi vítima de feminicídio no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte, na madrugada do último sábado (16/08). O principal suspeito é o policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, namorado dela.
“Perdi tudo por causa de um desgraçado, um verme maldito que tirou a vida da minha mãe sem qualquer pingo de misericórdia”, completou o jovem em vídeo compartilhado no seu perfil do Instagram.
- Tudo que se sabe sobre os feminicídios envolvendo policiais penais em MG
- Casos de feminicídio: como identificar se o homem é abusivo ou violento?
Priscilla foi vista pela última vez com vida quando os dois deixaram juntos a casa da irmã dela, na sexta-feira (15/08). O corpo da vítima foi encontrado no dia seguinte no quarto, sobre a cama, ao lado do namorado que tinha uma faca e um ferimento no abdômen. Parentes relatam que ela tentou se separar, mas o namorado, com quem estava havia cinco meses, não aceitava e era possessivo.
Leia Mais
Na postagem, Lucas pede por justiça e fala sobre o perfil criado no Instagram para compartilhar informações sobre o caso. “Um cara desses não pode ser solto, não pode ficar impune. A justiça tem que ser feita e vai ser feita”, afirma o jovem.
Ele também contou sobre a paixão de Priscilla pelo Atlético-MG e sobre o último jogo que assistiram juntos, quando o time mineiro venceu o Flamengo nos pênaltis e avançou para as quartas de final na Copa do Brasil. “A gente nunca espera isso”, disse. “Mamãe está com Deus agora, mas é muita dor para aqueles que ficam”, completa.
Por fim, Lucas agradeceu o carinho e o apoio que tem recebido pelas redes sociais. Priscilla deixou também uma filha de 11 anos. Ela era auxiliar administrativa em uma empresa de seguro no Bairro Camargos, Região Noroeste da capital.
Como o crime aconteceu?
O crime aconteceu no Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte. A vítima foi encontrada morta no apartamento do suspeito, na tarde de sábado (16/8). O policial estava afastado do cargo desde janeiro de 2024 por “problemas psiquiátricos".
À imprensa, o cunhado de Priscilla, Leonardo Alves de Souza, contou que a vítima e o namorado estiveram em uma confraternização em família na noite de sexta-feira (15/8) e, às 22h, resolveram ir embora. A família tentou contato para saber se o casal chegou bem em casa, mas não conseguiu resposta.
Na manhã seguinte, Leonardo e a esposa Fabíola Mundim, irmã da vítima, seguiram sem resposta. Os dois foram à casa do policial procurar por Priscilla. Em uma ligação, Rodrigo confessou que “fez merda” e pediu que chamassem a Polícia Militar.
Conforme a decisão judicial que determinou a prisão preventiva de Ricardo Caldas, os militares arrombaram a porta do apartamento e encontraram o autor com uma faca, em um cômodo com muito sangue, enquanto a namorada Priscilla estava caída no chão. Ela teria sido morta estrangulada. A morte por facadas foi descartada.
Ele foi socorrido com um corte na região do abdômen e encaminhado ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na Região Centro-Sul da capital, onde segue internado sob escolta policial.
À reportagem, vizinhos relataram terem ouvido gritos e chamado a polícia, mas nenhum militar compareceu para averiguar. A suspeita é que o feminicídio tenha acontecido de madrugada.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
O velório e sepultamento da auxiliar administrativa ocorreu no Cemitério Parque da Colina, no bairro Nova Cintra, na Região Oeste de Belo Horizonte, no domingo (17/8).
Mesmo internado, Ricardo Caldas teve a prisão preventiva decretada pela Justiça na segunda-feira (18/8) pelo crime. Na decisão, a juíza Juliana Beretta Kirche Ferreira Pinto disse que o auto de prisão em flagrante "evidencia com clareza a brutalidade das lesões corporais que foram, em tese, as causas da morte da vítima, por estrangulamento e golpes contundentes no tórax, rosto, pernas e braços". Citou ainda "fortes indícios" que Rodrigo agiu "com intenção de matar" a namorada.