O policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, suspeito de matar a facadas a namorada, Priscilla Azevedo Mundim, de 46, para a Casa de Custódia do Policial Penal e do Agente Socioeducativo, em Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde permanecerá à disposição da Justiça. Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, Caldas foi admitido na unidade na quarta-feira (20/8).

O caso aconteceu no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte, no dia 16 de agosto, depois de uma discussão entre o casal. No dia do crime o autor foi encontrado segurando uma faca, ao lado do corpo da namorada, com a blusa suja de sangue e dizendo que iria se matar. Ele foi socorrido com um corte na região do abdômen e encaminhado ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na Região Centro-Sul da capital, onde estava internado sob escolta policial. Durante as investigações, a perícia revelou que vítima foi morta estrangulada e teve lesões de pancada no tórax, rosto, pernas e braço. A causa da morte por facada foi descartada.

Como o crime aconteceu?

À imprensa, o cunhado de Priscila, Leonardo Alves de Souza, contou que a vítima e o namorado estiveram em uma confraternização em família na noite de sexta-feira (15/8) e, às 22h, resolveram ir embora. A família tentou contato para saber se o casal chegou bem em casa, mas não conseguiu resposta.

Na manhã seguinte, Leonardo e a esposa Fabíola Mundim, irmã da vítima, seguiram sem resposta. Os dois foram à casa do policial procurar por Priscilla. Em uma ligação, Rodrigo confessou que “fez merda” e pediu que chamassem a Polícia Militar.

O casal foi encontrado na cama. A mulher tinha marcas de estrangulamento e facadas, enquanto o homem estava com a blusa suja de sangue e com uma faca na mão, dizendo que iria se matar. Ele foi socorrido com um corte na região do abdômen e encaminhado ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na Região Centro-Sul da capital.

À reportagem, vizinhos relataram terem ouvido gritos e chamado a polícia, mas nenhum militar compareceu para averiguar. Segundo o plantão da Polícia Militar, nenhum chamado foi registrado sobre o ocorrido. A suspeita é de que o feminicídio tenha acontecido de madrugada. Ela deixa dois filhos: um jovem de 22 anos e uma menina de 11. 

Afastado das atividades

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) informou que o policial penal estava afastado das atividades desde o início de 2024 por “motivos psiquiátricos”. Desde então, a arma institucional do servidor já havia sido recolhida.

A pasta, por meio do Departamento Penitenciário (Depen), instaurou um procedimento administrativo pela Corregedoria para auxiliar a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) ao longo do inquérito que vai investigar o crime.

"A gente não sabia de questões de que ele (Rodrigo) estava afastado por problemas psicológicos. Não temos informação sobre histórico de agressão (contra mulheres)", afirma o cunhado. "Na sexta-feira, quando esteve na minha residência, ele disse que estava atendendo à ocorrência da morte do gari, no Ceresp Gameleira", contou à reportagem a prima-irmã de Priscila, Thais Angélica Azevedo Mundim. 

O que é feminicídio?

Feminicídio é o nome dado ao assassinato de mulheres por causa do gênero. Ou seja, elas são mortas por serem do sexo feminino. O Brasil é um dos países em que mais se matam mulheres, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A tipificação do crime de feminicídio é recente no Brasil. A Lei do Feminicídio (Lei 13.104) entrou em vigor em 9 de março de 2015.

Entretanto, o feminicídio é o nível mais alto da violência doméstica. É um crime de ódio, o desfecho trágico de um relacionamento abusivo. 

O que diz a Lei do Feminicídio?

  • Art. 121, parágrafo 2º, inciso VI "Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher." 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia 

Qual a pena para o crime de feminicídio?

Segundo a Lei 13.104, de 2015, "a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; na presença de descendente ou de ascendente da vítima".

compartilhe