Biomédica de Divinópolis é condenada por erro médico pela terceira vez
Lorena Marcondes já foi condenada a pagamento de indenizações após procedimentos estéticos mal sucedidos. Ela também responde a uma acusação de homicídio
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Pela terceira vez, a biomédica Lorena Marcondes de Faria foi condenada por erro médico e exercício ilegal da medicina. A decisão mais recente é do início de julho por lesão corporal grave e exercício da profissão sem autorização legal. Todas as ações são por procedimentos estéticos mal-sucedidos: “pump” de glúteos, preenchimento labial, harmonização facial e lipoaspiração de papada. Além disso, a mulher responde por um processo criminal de homicídio, que aconteceu em maio de 2023.
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Conforme a denúncia da última condenação, Lorena teria cometido erros durante o “pump” de glúteos, em que estimulantes de colágeno são injetados na área para prevenir a flacidez e disfarçar celulites. O episódio aconteceu em abril de 2023, depois que a vítima procurou a biomédica, ainda em sua clínica de estética em Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais.
Durante o procedimento a mulher teria usado cânulas e anestesia na vítima, o que é uma prática restrita a médicos. Além disso, conforme relatado pela vítima, enquanto o produto era aplicado ela sentiu dores intensas e pediu que o tratamento fosse interrompido, o que não teria sido acatado pela profissional.
Quinze dias depois, após o período de repouso recomendado por Lorena, a vítima, ainda sentindo fortes dores, voltou a sua rotina normal, incluindo exercícios físicos. No entanto, hematomas roxos começaram a aparecer na área do procedimento. Assustada, a mulher afirmou que procurou a biomédica, mas não obteve resposta.
Em seu depoimento, a vítima relatou ainda que, depois de 30 dias do procedimento, o hematoma se transformou em uma ferida purulenta. Sem melhora, depois de um tempo, ela procurou o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, onde foi internada.
Lorena foi condenada a quatro anos, nove meses e cinco dias de prisão, por lesão corporal grave e exercício ilegal da medicina com dolo eventual, ao assumir o risco de danos ao realizar procedimento invasivo sem habilitação. No entanto, a pena deverá ser cumprida em regime semiaberto. Ela está presa desde maio de 2024, após ser indiciada pelo homicídio de Íris Martins, em 2023. A nova condenação se soma às anteriores que ainda estão em andamento após recurso da defesa da profissional.
Reincidência
Além do processo devido ao “pump de glúteos”, Lorena também já foi condenada por outros dois procedimentos mal realizados. Em março deste ano, a biomédica foi responsabilizada por complicações de uma harmonização facial e lipoaspiração de papada realizados em 2021. Na época, após os procedimentos, a vítima teve dores, inchaços e dificuldades para se alimentar e respirar além do esperado. A vítima deverá ser indenizada em R$ 56.550, mas cabe recurso.
Já em janeiro deste ano, Lorena também foi condenada a quatro anos de prisão e pagamento de indenização a um modelo que a procurou para fazer um preenchimento labial. Assim como nos outros casos, o tratamento provocou deformações na região. Além de danos estéticos e emocionais, a vítima teve que passar por cirurgias corretivas.
Indiciada por homicídio
Em outubro de 2023, Lorena foi indiciada pela morte de Irís Dorotéia do Nascimento Martins, de 46 anos. As investigações constataram que a mulher faleceu em decorrência de complicações de um procedimento estético de lipoaspiração, após uso excessivo de anestésico, grande número de incisões e falta de equipamentos de controle e oxigenação do paciente.
O caso aconteceu no dia oito de maio de 2023, em uma clínica que se localiza no centro da cidade. A vítima foi socorrida por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) já inconsciente e com quadro de parada respiratória. Ela foi encaminhada ao Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD).
Íris chegou na unidade de saúde em estado gravíssimo e foi encaminhada para o Centro de Terapia Intensiva (CTI), onde permaneceu com o quadro de saúde estável. No entanto, no mesmo dia, a mulher morreu. Ainda nesse dia, a biomédica e uma técnica de enfermagem foram presas em flagrante.
Cinco meses de trabalho depois, o que foi concluído é que a biomédica Lorena Marcondes, que realizou o procedimento, não estaria apta para tal. Segundo os investigadores, essa inaptidão foi um dos fatores para gerar as complicações no procedimento estético, considerado pelos policiais como de grande porte, tendo de ser realizado por médicos especializados.
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Nesse cenário, Lorena foi indiciada por homicídio doloso, com dolo eventual, quando se assume o risco de produzi-lo. Além disso, o crime ainda possui duas qualificadoras: motivo torpe, pois a biomédica visava apenas o enriquecimento e não levava em conta a saúde das pacientes e os protocolos a serem realizados, e a traição, pois ela ganhava a confiança das clientes dizendo que o procedimento não era invasivo, quando era o contrário.