BEBIDAS FALSIFICADAS

BH: garrafas usadas em falsificação de bebidas eram compradas por até R$ 10

Mais de 15 mil unidades foram apreendidas em operação da Polícia Civil; local tinha passagem secreta e condições insalubres

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Garrafas de bebidas de marcas conhecidas, usadas para falsificação e reenvase clandestino, eram compradas por valores entre R$ 5 e R$ 10, principalmente de moradores em situação de rua, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Nessa quinta-feira (16/10), a corporação desarticulou um ponto de armazenamento e preparação de insumos para falsificação de bebidas destiladas na Região Central de Belo Horizonte.

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A operação foi conduzida pela 2ª Delegacia Especializada em Investigação de Fraudes, ligada ao Departamento Estadual de Combate à Corrupção e Fraudes da PCMG. O imóvel alvo da ação fica na Avenida Bias Fortes, próximo ao elevado Castelo Branco, e funcionava sob a fachada de um depósito de reciclagem de vidro.

No local, os policiais apreenderam cerca de 15 mil garrafas vazias de marcas conhecidas, todas com rótulos, tampas e bicos dosadores preservados  condição ideal para reaproveitamento em esquemas de falsificação de bebidas.

Segundo o delegado Rafael Alexandre de Faria, moradores em situação de rua recolhiam as garrafas em bares, restaurantes e no descarte doméstico e revendiam ao proprietário do depósito, que pagava entre R$ 5 e R$ 10 por unidade. “Era um recolhimento sistemático, bem organizado, e essas embalagens eram revendidas para posterior reenvase de bebidas adulteradas”, disse.

Passagem secreta 

Durante a fiscalização, os policiais encontraram uma chapa metálica escondendo uma abertura na parede, que levava a um segundo cômodo clandestino. Nesse espaço, havia mais garrafas empilhadas e material pronto para distribuição.

“Era um local rústico, com condições totalmente inadequadas para armazenamento de qualquer material reciclável, além de uma grande quantidade de roedores e insetos. O risco à saúde pública é enorme, já que essas garrafas, quando reutilizadas, não passam por nenhum processo seguro de higienização”, afirmou o delegado Rafael Alexandre.

A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) foi acionada e cinco caminhões foram utilizados para retirar todo o material. A operação também contou com apoio da Secretaria de Justiça e Segurança Pública.

O proprietário do imóvel, de 61 anos, que afirmou trabalhar com reciclagem há 34 anos, foi conduzido à delegacia para prestar depoimento. Ele optou por permanecer em silêncio. O homem foi liberado porque não havia flagrante de bebida falsificada no local, apenas o material. O celular dele foi apreendido e será periciado. A Polícia Civil instaurou inquérito para identificar as fábricas clandestinas e compradores que mantinham relação com o depósito e rastrear a rede de distribuição.

Prejuízo milionário

De acordo com o delegado Adriano Assunção, a apreensão representa um prejuízo milionário para as quadrilhas especializadas em falsificação de bebidas. Cada garrafa, ao ser reenvazada, seria vendida no mercado paralelo praticamente pelo mesmo preço de uma bebida original.

“Estamos falando de 15 mil garrafas que não vão voltar para o mercado ilegal. O impacto financeiro é enorme, além do risco à saúde pública que foi evitado com essa ação”, ressaltou Assunção.

Como funcionava o esquema? 

Segundo a PCMG, quadrilhas usam garrafas originais justamente para dificultar a identificação de falsificações. A estratégia evita custos com falsificação de rótulos e frascos e engana o consumidor com embalagens idênticas às de produtos legítimos.

A Polícia explicou ainda que o esquema envolve diversos elos: pessoas que recolhem as garrafas usadas; depósitos que compram e armazenam; e fábricas clandestinas responsáveis pelo reenvase e distribuição. O local fechado nesta quinta-feira funcionava como um “entreposto” logístico.

Riscos à saúde 

As garrafas eram armazenadas em meio à sujeira, com presença de urina de rato, baratas e outros insetos, segundo a polícia. Além da contaminação por falta de higiene, há risco de presença de metanol, substância tóxica muitas vezes usada por falsificadores para baratear custos. A ingestão pode causar cegueira, intoxicação grave ou morte.

“Essa operação também é uma ação de saúde pública. Bebidas falsificadas podem conter substâncias letais. O combate a esses esquemas criminosos é fundamental para proteger a população”, afirmou o delegado Magno Machado.

Como inutilizar as garrafas? 

A Polícia Civil reforçou a importância da colaboração da população no combate a esse tipo de crime. O alerta é para que, após o consumo, as pessoas inutilizem garrafas, rótulos, tampas e bicos dosadores  ou até quebrem o vidro para dificultar o reaproveitamento por falsificadores.

“Praticamente toda falsificação utiliza garrafas originais. Se cada pessoa inutilizar suas garrafas, já estará ajudando a quebrar um elo fundamental da cadeia criminosa”, destacou Adriano Assunção.
“Não é preciso quebrá-las necessariamente. Retirar rótulos, bicos dosadores e tampas já ajuda bastante a impedir o reaproveitamento criminoso”, completou Rafael Alexandre.

As investigações continuam para identificar as fábricas clandestinas que compravam o material e realizar novas apreensões e prisões. A polícia também investiga quem fornecia as garrafas ao depósito e como funcionava a rede de distribuição.

Como evitar o reaproveitamento das garrafas?

  • Remova os rótulos da embalagem;

  • Retire os bicos dosadores;

  • Descarte as tampas separadamente;

  • Se possível, amasse ou corte a garrafa para dificultar o reaproveitamento.

Outras ações

De acordo com a Polícia Civil, denúncias da população foram fundamentais para a identificação do galpão investigado. As informações anônimas ajudaram a equipe a mapear a rota de distribuição das garrafas e monitorar movimentações no local, o que permitiu a deflagração da operação.

As autoridades mineiras intensificaram fiscalizações. Distribuidoras de bebidas na Região Metropolitana de Belo Horizonte foram vistoriadas sem que irregularidades fossem encontradas, mas as investigações seguem em andamento.

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Na semana anterior, dois homens, de 43 e 54 anos, foram presos em flagrante em uma distribuidora no Barreiro, também em Belo Horizonte, durante uma operação da PCMG contra o comércio de bebidas adulteradas. Já na sexta-feira (10/10), dois jovens foram presos em São José da Lapa por falsificação de cervejas. Em Belo Horizonte, dois homens foram detidos em flagrante por venda de bebidas adulteradas, com apreensão de garrafas, rótulos e uma máquina artesanal para troca de tampas.

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