O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (17/7), em entrevista coletiva no Senado, que não possui influência suficiente sobre Donald Trump para reverter a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
"Isso é lá com o governo Trump. Não tenho essa liberdade toda que vocês acham que eu tenho com ele (Trump)", disse Bolsonaro ao ser questionado sobre seu possível envolvimento nas negociações diplomáticas.
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A declaração do ex-presidente ocorre dias depois de Trump dizer que Jair Bolsonaro não é seu amigo, mas acredita que ele é "um bom homem" e que não é desonesto. "Olha, ele não é como um amigo meu. Ele é alguém que eu conheço, e eu o conheço como um representante de milhões de pessoas, brasileiros. Eles são ótimas pessoas, e ele ama o país, e ele lutou muito por essas pessoas, e eles querem colocá-lo na prisão", disse Trump, na última terça-feira (15/7).
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No mesmo dia, Bolsonaro disse que é "apaixonado por Trump", "pelo povo americano", "pela política americana" e "pelo país que é os Estados Unidos". "Nunca neguei isso. O Trump sempre soube disso. Ele me tratava como um irmão", disse Jair Bolsonaro, também na terça-feira.
Durante a coletiva, Bolsonaro também disse que a imposição de tarifas não é exclusiva do Brasil, minimizando o envolvimento de sua família. O acirramento nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos acontece após uma carta do presidente estadunidense afirmar que a taxação é uma reação ao tratamento dado pela Justiça brasileira a Bolsonaro.
O próprio Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado e filho do ex-presidente, disse que a medida de Trump é resultado de um "lobby que ele realiza desde o início do ano" junto a autoridades norte-americanas para pressionar o governo brasileiro.
"Não é só essa questão. E não é só com o Brasil. Essa tarifa foi imposta para o mundo todo", argumentou o ex-presidente, alegando que o Brasil vive um isolamento diplomático provocado pela condução do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao longo da entrevista, Bolsonaro fez duras críticas à atual política externa brasileira e relembrou episódios de sua gestão. "Eu negociei com Trump a não sobretaxa ao aço do alumínio em 2019, por 15 minutos no telefone eu conversei com ele, e ele não sobretaxou”, disse.
Sobre a tentativa de articulação de seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), junto a congressistas americanos, o ex-presidente disse que o parlamentar "tem experiência" e que "está trabalhando pela nossa liberdade".
Tarifaço
Trump anunciou na última semana a decisão de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o país norte-americano. Ele justifica a decisão pelo tratamento dado pelo governo brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por considerar a relação comercial entre os dois países “desequilibrada”.
Em resposta a Trump, Lula assinou nessa segunda-feira o decreto da Lei da Reciprocidade, que estabelece critérios de proporcionalidade para medidas de resposta a barreiras impostas a produtos e interesses nacionais.
Pela nova norma, o Brasil poderá aplicar a cidadãos e governos estrangeiros o mesmo tratamento que receber do exterior, abrangendo questões comerciais, concessão de vistos, relações econômicas e diplomáticas.
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Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos também abriu uma investigação comercial contra o Brasil. A apuração vai avaliar atos, políticas ou práticas do governo brasileiro relacionados a comércio digital e pagamentos eletrônicos, temas relacionados diretamente às gigantes de tecnologia dos EUA.