A guerra comercial dos Estados Unidos acaba de avançar mais uma casa. O secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, confirmou neste domingo (27/7) que as tarifas impostas pelo país ao Brasil começarão a valer no dia 1º de agosto, “sem prorrogações”. O anúncio foi feito durante entrevista à Fox News e divulgado nas redes sociais pela Casa Branca.
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“Sem prorrogações, sem mais períodos de carência, em 1º de agosto, as tarifas serão definidas. Elas entrarão em vigor. A alfândega começará a arrecadar o dinheiro”, afirmou Lutnick.
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A medida integra a estratégia do presidente Donald Trump para pressionar países considerados "injustos" nas relações comerciais com os EUA. O Brasil é o mais atingido, com tarifa de 50% sobre todas as exportações nacionais, mas outros 24 países também foram incluídos, como África do Sul, União Europeia, Japão, Canadá e México.
Segundo o secretário, Trump está disposto a ouvir aliados, mas mantém posição firme. “As pessoas ainda poderão falar com o presidente Trump. Ele está sempre disposto a ouvir. Se elas poderão fazê-lo feliz ou não é outra questão... Mas ele está sempre disposto a negociar”, declarou.
União Europeia na mira, Brasil como símbolo
A União Europeia foi citada como possível exceção, desde que aceite abrir seus mercados a produtos americanos. “Se quiserem evitar as tarifas, precisam se abrir para as exportações dos EUA”, afirmou Lutnick.
A tensão comercial ganhou novos contornos em 9 de julho, quando o próprio Trump publicou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comunicando a aplicação da tarifa de 50% ao Brasil. Ele alegou razões políticas e comerciais para justificar a decisão.
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No texto, Trump criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro por supostas ações de censura contra plataformas de redes sociais dos EUA. “Centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS”, escreveu o republicano, referindo-se à atuação do ministro Alexandre de Moraes em investigações sobre desinformação.
Trump também voltou a mencionar Jair Bolsonaro, que apoia, e afirmou que o ex-presidente brasileiro é vítima de uma “caça às bruxas”.
Relação “injusta”, apesar do superávit americano
Ao justificar a medida, Trump declarou que a relação comercial entre Brasil e EUA tem sido “injusta” e “longe de ser recíproca”. Os dados, no entanto, contradizem a narrativa. Desde 2009, o Brasil acumula déficits comerciais com os Estados Unidos. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, as exportações brasileiras têm sido sistematicamente inferiores às importações. O saldo negativo chega a US$ 88,61 bilhões (R$ 484 bilhões, na cotação atual).
A retórica de Trump amplia o uso de tarifas como instrumento político, especialmente diante de tensões diplomáticas. “Em alguns casos, é 50% porque o relacionamento não tem sido bom com esses países. Então apenas dissemos: ‘vão pagar 50’. E é isso”, resumiu o presidente durante evento em Washington D.C.
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Lista de tarifas anunciadas por Trump:
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Brasil: 50%
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África do Sul, Argélia, Bósnia, Iraque, Japão, Líbia, México, Sri Lanka: 30%
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Bangladesh, Sérvia, Canadá: 35%
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Camboja, Tailândia: 36%
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Laos, Mianmar: 40%
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União Europeia, Indonésia: 30%
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Coreia do Sul, Brunei, Malásia, Cazaquistão, Moldávia, Tunísia: entre 20% e 25%
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Filipinas: 20%
Brasil avalia reação
Desde o anúncio, o governo brasileiro vem discutindo formas de reagir. Reuniões com empresários e diplomatas têm sido conduzidas por membros do Ministério das Relações Exteriores e da equipe econômica. Lula, por sua vez, não poupou críticas. Em declaração recente, afirmou que Trump “não foi eleito para ser o imperador do mundo”.
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A retaliação comercial — caso adotada — dependerá da evolução do cenário diplomático nas próximas semanas. Até lá, a pressão americana já tem data para entrar em vigor. E um alvo definido.