Durante o voto dele nesta terça-feira (9/9) no julgamento da trama golpista, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relembrou falas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em transmissões ao vivo nas quais criticava as urnas eletrônicas e questionava a Justiça Eleitoral.
Moraes destacou que, em uma das transmissões, Bolsonaro afirmou: “Não participarei dessa farsa patrocinada pelo TSE. Só saio preso, morto ou com a vitória. Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso”. A fala do ex-presidente também foi reproduzida durante ato na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), no 7 de Setembro de 2021. Para o ministro, a declaração evidencia que o ex-presidente não aceitava a derrota democrática nem cumpriria a vontade popular.
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A declaração de Moraes ocorre no contexto do julgamento da Ação Penal 2628, que investiga supostas tentativas de golpe e ataques à integridade das eleições de 2022. Segundo ele, tais declarações reforçam a existência de uma organização criminosa articulada para deslegitimar instituições democráticas.
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“De forma pública para toda a sociedade, o líder do grupo criminoso [Jair Bolsonaro] deixa claro que jamais aceitaria uma derrota nas urnas”, afirmou Moraes durante a sessão.
Entenda o julgamento contra o ex-presidente
Em quais dias acontece o julgamento?
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2 de setembro – de 9h às 12h e de 14h às 19h (primeiro dia de julgamento);
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3 de setembro – de 9h às 12h; (segundo dia de julgamento);
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9 de setembro – de 9h às 12h e de 14h às 19h;
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10 de setembro – de 9h às 12h;
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12 de setembro – de 9h às 12h e de 14h às 19h.
Quem são os réus no julgamento?
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Jair Bolsonaro: Ex-presidente, apontado como líder do esquema.
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Generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira: Ex-ministros.
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Anderson Torres: Ex-ministro da Justiça.
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Almirante Almir Garnier: Ex-comandante da Marinha.
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Alexandre Ramagem: Deputado federal e ex-diretor da Abin.
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Tenente-Coronel Mauro Cid: Ex-ajudante de ordens e delator.
Quais são as acusações e penas previstas?
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Organização criminosa (3 a 8 anos de prisão, podendo chegar a 17 anos se houver uso de arma de fogo ou participação de funcionário público);
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Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos de prisão);
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Golpe de Estado (4 a 12 anos de prisão);
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Dano qualificado (6 meses a 3 anos de prisão);
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Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos de prisão).
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O rito do julgamento
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Leitura do relatório: ministro Alexandre de Moraes apresenta o caso (já concluída).
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Sustentações: fala a PGR (acusação) e depois os advogados de defesa (também já concluída).
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Votos: os ministros votam, começando pelo relator Moraes e terminando com o presidente Zanin.
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Decisão: o resultado é definido por maioria simples (3 de 5 votos).
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Atenção: qualquer ministro pode pedir "vista" (mais tempo para análise), suspendendo o julgamento por até 90 dias. A condenação não leva à prisão imediata devido às possibilidades de recurso e prazo para expedição do mandado de prisão.
- Em caso de condenação pelo STF, Bolsonaro pode ir para cadeia logo após julgamento?
Quem julga Bolsonaro e aliados?
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Alexandre de Moraes (Relator)
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Cristiano Zanin (Presidente)
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Flávio Dino
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Luiz Fux