Francesca Tebbutt, de 33 anos, do País de Gales, foi diagnosticada com Abstinência de Esteroides Tópicos por conta de uma reação severa aos cremes esteroides prescritos para tratar uma erupção cutânea. Com isso, ela sentiu dores extremas, inchaço e marcas semelhantes a queimaduras no rosto e nos braços.  

Os cremes esteroides são uma espécie de medicamentos tópicos que reduzem a vermelhidão e a coceira provocadas por determinados problemas da pele. Essas fórmulas utilizam corticosteroides como prednisona, dexametasona, triancinolona, betametasona, beclometasona, flunisolida e fluticasona. 

Em 2023, Frances notou marcas vermelhas e coceira nos braços persistentes. Então, foi a um clínico geral, que suspeitou de psoríase ou eczema e prescreveu cremes esteroides tópicos para uso a curto prazo. Inicialmente, a erupção e a coceira desapareceram rapidamente, mas voltaram pouco tempo depois. Com isso, ela voltou ao médico, que indicou cremes esteroides ainda mais fortes.

Quando parou de usar a medicação, começou a sentir ardência, coceira e descamação da pele. O quadro também incluiu secreção, inchaço e dificuldades em coisas simples do dia a dia, como movimentar os braços, trocar de roupa e tomar banho. Apesar do alívio temporário dos esteroides, o problema sempre retornava, cada vez mais grave e agressivo.

O sofrimento de Francesca Tebbutt dura quase dois anos

Reprodução/Redes sociais

Pontos vermelhos e redondos

"Tudo começou em março de 2023, quando tive alguns pontinhos vermelhos e redondos na parte interna do meu cotovelo esquerdo. Eles coçavam um pouco, irritavam um pouco - então, como não desapareciam, fui ao médico em maio de 2023 e foi aí que o médico disse que parecia ser psoríase ou eczema. Ele me receitou esteroides imediatamente. Lembro-me de perguntar a ele: 'Como isso aconteceu e como posso impedir?' Ele disse que não havia nada que eu pudesse fazer e que essa era a cura. Usei os esteroides tópicos e passou, mas talvez um mês depois, voltou e se espalhou”, contou ao The Mirror. 

"Voltei e me receitaram esteroides mais fortes e isso continuou pelo resto de 2023, intermitentemente. Toda vez que eu os usava, passava, mas depois voltava pior e continuava se espalhando. Fiquei presa nesse ciclo vicioso: creme com esteroides, alívio temporário e, em seguida, uma crise pior do que antes. Quando chegou janeiro de 2024, eu sabia que os esteroides eram um curativo. Então pensei: 'Vou parar de usá-los'. No final do mês, meu braço e minhas mãos estavam cobertos por uma erupção cutânea que coçava. Foi bastante assustador, porque eu não sabia bem o que estava acontecendo e, então, comecei a inchar também”, relatou. 

"Meu pulso e meu cotovelo incharam e eu não conseguia esticar os braços completamente nem dobrar os pulsos. Eu não sabia o que estava acontecendo, então eu e meu parceiro decidimos que era melhor ir ao pronto-socorro e lá fomos nós. Fomos ao médico e ele disse: 'Não sei o que é isso. Não sei se é eczema. Não sei se é psoríase'. Foi realmente revigorante ouvir alguém dizer: 'Não sei' e que procuraria ajuda em outro lugar”, destacou.

Após ser avaliada por um dermatologista, ela foi diagnosticada com eczema (dermatite atópica). O remédio eram mais cremes esteroides – ainda mais fortes. Quando aplicou o medicamento, sentiu queimação insuportável.

Essa crise durou meses antes de desaparecer, mas, novamente, ao interromper o uso de cremes esteroides, ela voltou com tudo. Francesca disse que a dor constante era "insuportável" e, depois que as manchas se espalharam, os médicos prescreveram mais cremes esteroides. Novamente, o tratamento funcionou de início, mas, ao ser interrompido, voltou a apresentar as erupções fortes.

"Parecia que meu rosto tinha sido queimado, como se eu tivesse me queimado. Eu não conseguia mexer os lábios. Comer, na verdade, ficou muito difícil. Eu me lembro, eu costumava comer uma maçã por dia, mas não conseguia abrir a boca o suficiente para comer uma maçã”, disse. 

Além da dor, a mulher passou a se isolar e teve a saúde mental afetada. "Simplesmente não há como parar", disse ela.

Solução

Quase dois anos depois de tanto sofrimento, Francesca encontrou a Rede Internacional de Conscientização sobre Esteroides Tópicos (ITSAN), uma organização sem fins lucrativos que ajuda pessoas com o mesmo problema dela. Ler os sintomas médicos e assistir aos vídeos educativos foi uma revelação: as informações refletiam perfeitamente seus sintomas.

“Eu quero terminar meus estudos. Quero tentar viver mais, conseguir viver minha vida normal um pouco”, desabafou a jovem. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Isso porque, após a reportagem do Fantástico contatar a Secretaria de Saúde do Ceará, o estado notificou pelo Diário Oficial que o remédio foi contratado pelo Instituto do Câncer do Ceará. ©Reprodução de vídeo TV Globo
No dia 9 de novembro de 2024, Sabrina foi internada no Instituto do Câncer para passar por uma avaliação para monitoramento de suas condições físicas até que estivesse em condições de receber as doses de lutécio radioativo. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Com dificuldades para respirar, Sabrina precisou passar por uma cirurgia de emergência para implante de uma prótese na traqueia, aumentando o espaço para passagem do ar. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Em oito meses, o tumor cresceu ainda mais e passou a pressionar a traqueia de Sabrina. O órgão do sistema respiratório é responsável por conduzir o ar para os pulmões. ©Reprodução de vídeo TV Globo
No entanto, o processo se arrastou após o estado do Ceará entrar com um agravo contra a liminar. ©Reprodução de vídeo TV Globo
A família de Sabrina Gomes conseguiu uma liminar judicial, via Defensoria Pública, que obrigava o estado do Ceará a fornecer o remédio para a jovem. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Fabricado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, o lutécio radioativo precisa ser encomendado por demanda prévia e não consta da lista de medicamentos oferecidos pelo SUS. O preço da dose é da ordem de R$ 8 mil. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Para combater os impactos do ACTH na pele é preciso reduzir o tumor, mas radioterapia e quimioterapia não tiveram resultado no caso de Sabrina. A alternativa indicada pela médica seria o tratamento com aplicação pela veia de lutécio radioativo, capaz de destruir o tumor. Neste momento, entrou em cena o processo judicial. ©Reprodução de vídeo TV Globo
“Eu mudei de coloração muito rápido. Questão de meses, três, quatro meses”, contou Sabrina, referindo-se à pigmentação alterada de pacientes que têm superprodução de ACTH. - ©Reprodução de vídeo TV Globo
Com a cirurgia, Sabrina viu-se livre dos terríveis efeitos da superprodução de cortisol. No entanto, o tumor seguiu secretando ACTH. O hormônio, sem a regulação das glândulas adrenais, causam estímulos nas células que dão pigmentação à pele. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Ana Rosa, que também é médica endocrinologista, fez em 2022 uma cirurgia em Sabrina para extrair as glândulas adrenais e eliminar a Síndrome de Cushing. ©Reprodução de vídeo TV Globo
â??Se a gente não trata esse excesso hormonal, o paciente pode ir a óbito antes até do que devido a um crescimento tumoralâ?, explicou ao Fantástico Ana Rosa Quidute, professora da Faculdade de Medicina da USP. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Entre os efeitos desses níveis exacerbados de cortisol podem estar queda da imunidade, com o risco aumentado de contrair infecções, elevação da pressão arterial e retenção de água. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Essa superprodução de cortisol levou Sabrina a sofrer com a Síndrome de Cushing - doença endócrina provocada por elevados níveis do hormônio no organismo. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Para piorar o quadro, o tumor secreta o hormônio ACTH, que induz as adrenais a produzirem doses excessivas do hormônio cortisol. Essas glândulas estão situadas acima dos rins. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Passados dois anos da cirurgia, Sabrina voltou a sofrer com os sintomas e exames mostraram que o tumor não só seguiu em seu corpo como aumentou de tal forma que não poderia mais ser retirado por meio cirúrgico. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Após a descoberta, Sabrina foi submetida a uma cirurgia para retirada do tumor. “Quando operaram, disseram que tinham tirado tudo. Pronto! Então, beleza, é seguir a vida, né”, declarou a Patrícia Gomes Lopes, mãe da jovem. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Quando tinha 15 anos, Sabrina recebeu o diagnóstico de um tumor no timo, órgão linfático entre os pulmões e próximo ao coração que regula o sistema imunológico. ©Reprodução de vídeo TV Globo
Sabrina Gomes, uma jovem cearense de 25 anos, descobriu em 2015 um tumor raro que trouxe efeitos colaterais intensos para sua saúde e virou disputa judicial. A história foi tema do Fantástico, da Globo, em 10 de novembro de 2024. O FLIPAR mostrou e republica para quem não viu. ©Reprodução de vídeo TV Globo

A  Abstinência de Esteroides Tópicos ocorre quando a pele se torna dependente de esteroides e a abstinência causa inflamação grave e dolorosa, coceira e danos à pele. Apesar de estimar-se que afete 15% dos usuários de esteroides, ela permanece amplamente desconhecida entre os médicos.

O alívio de finalmente ter um nome para sua condição — e uma comunidade de pessoas passando pela mesma provação — foi imenso. Com isso, ela conseguiu entender que as erupções iniciais eram uma infecção fúngica — não eczema ou psoríase — e que nunca deveria ter usado os cremes esteroides.

"Se eu tivesse recebido o diagnóstico correto, teria superado em quatro semanas. É de partir o coração pensar nisso”, lamentou. Francesca também descobriu um tratamento para o problema: a Terapia com Plasma Atmosférico Frio é uma terapia não invasiva que reduz a inflamação, mata bactérias nocivas, estimula o reparo da pele e ajuda a restaurar a barreira cutânea.

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Ela deu o primeiro passo para o tratamento, que inclui uma avaliação do histórico médico, para verificar a potência dos esteroides e o tempo de uso. "A partir disso, eles estimaram que minha recuperação sem o tratamento poderia levar até dois anos. Com ele, minha pele voltaria ao normal em seis meses”, contou.

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