No mês em que se celebra o Dia dos Pais, o foco geralmente recai sobre histórias de afeto e presença. Mas para muitos homens, essa data também desperta um desejo que ainda não se concretizou: o de se construir família. O que poucos sabem é que as dificuldades de concepção não afetam apenas as mulheres, problemas relacionados à fertilidade masculina são responsáveis por metade dos casos de infertilidade conjugal, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“O imaginário coletivo ainda associa a infertilidade majoritariamente à mulher, mas na prática clínica, a contribuição masculina é quase igual à feminina nos casos de dificuldade para engravidar”, explica o ginecologista e obstetra Vamberto Maia Filho, especialista em reprodução humana. “A reprodução assistida é um cuidado de casal, envolve avaliação, tratamento e apoio emocional para os dois lados.”

Quais são as causas mais comuns?

Entre as principais causas da infertilidade do homem, estão alterações na produção e qualidade dos espermatozoides, como:

  • Oligozoospermia (baixa concentração de espermatozoides no sêmen)
  • Astenozoospermia (baixa motilidade, ou seja, espermatozoides que não se movem adequadamente)
  • Teratozoospermia (anormalidades na morfologia dos espermatozoides)
  • Varicocele (dilatação das veias testiculares, que prejudica a produção espermática)
  • Fatores genéticos ou hormonais, como disfunções da hipófise e hipotálamo
  • Hábitos de vida prejudiciais, como tabagismo, uso de anabolizantes, obesidade e exposição a calor excessivo

“Em muitos casos, o homem descobre a infertilidade apenas quando o casal começa a tentar engravidar. Por isso, o diagnóstico precoce e exames simples como o espermograma são fundamentais”, reforça o especialista.

Quais técnicas ajudam homens a realizar o sonho da paternidade?

A medicina reprodutiva avançou muito nos últimos anos e hoje oferece soluções que permitem que muitos homens realizem o sonho de serem pais, mesmo diante de dificuldades iniciais. Entre as principais técnicas estão:

  • Congelamento de sêmen: indicado para preservar a fertilidade em casos de vasectomia, tratamentos oncológicos ou mesmo para homens que desejam adiar a paternidade sem comprometer a qualidade espermática. “É uma forma eficaz de manter a possibilidade de gerar filhos no futuro com sêmen mais jovem e saudável”, explica Vamberto.
  • Fertilização in vitro (FIV): técnica em que o óvulo é fertilizado em laboratório com espermatozoides selecionados e, depois, o embrião é transferido para o útero da mulher.
  • Injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI): especialmente útil em casos de oligozoospermia ou baixa motilidade. Um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.
  • Coleta de espermatozoides por punção testicular (TESE): utilizada em casos de ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado, com boas taxas de sucesso.
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Fertilidade é saúde — e também autocuidado

Vamberto reforça que cuidar da fertilidade é uma extensão do cuidado com a saúde masculina. “Assim como as mulheres fazem o acompanhamento ginecológico, os homens também devem buscar avaliação urológica e investigar sua saúde reprodutiva com antecedência. Paternidade responsável começa antes da concepção.”

Além do acompanhamento clínico, fatores como alimentação equilibrada, prática regular de exercícios, abandono de hábitos nocivos e redução do estresse contribuem para uma fertilidade mais preservada ao longo do tempo.

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