Como o modo de preparo da batata influencia nos benefícios à saúde
Estudo associa consumo exagerado da versão frita a um maior risco de diabetes; outros métodos culinários fazem do tubérculo um aliado da alimentação saudável
A batata, conhecida também como inglesa, é um tubérculo com ótimas quantidade de fibras e amido resistente. Ela contém boas quantidades de polifenóis, flavonoides e antocianinas, que são compostos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. - (crédito: Pixabay/Couleur)
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Conta-se que a batata já ajudou a matar a fome de muita gente, inclusive em períodos de guerra, sobretudo por ser fonte de carboidrato. Mas, justamente por concentrar o nutriente, ela tem sido banida de vários cardápios. Só que, preparado com os métodos culinários certos, o tubérculo pode ser incluído na dieta sem nenhum tipo de temor.
É o que aponta um estudo realizado por cientistas de universidades dos Estados Unidos, publicado em agosto no "British Medical Journal (BMJ)". A pesquisa analisou dados coletados de três grandes levantamentos nacionais, abrangendo quase quatro décadas de avaliações e mais de 205 mil participantes.
Entre as conclusões, observou-se que comer muita batata frita aumenta o risco de diabetes tipo 2. Já a ingestão das versões cozidas e assadas não está associada à doença.
“O estudo mostra ainda uma relação entre o consumo de batata frita e o aumento do índice de massa corporal, o IMC”, observa a nutricionista Gabriela Mieko Yoshimura, do Espaço Einstein de Reabilitação e Esporte, do Einstein Hospital Israelita.
Embora aponte tais elos, vale destacar que se trata de uma pesquisa observacional, ou seja, não dá para estabelecer uma relação de causa e efeito. Porém, são vários os indícios que ajudam a validar os achados.
A fritura, por definição, se dá quando o alimento é imerso em óleo, sob altas temperaturas. “O processo altera completamente as características nutricionais e químicas da batata, que absorve uma quantidade significativa de gordura e se torna muito mais calórica em comparação com versões as cozidas ou assadas”, diz a nutricionista.
E, como se sabe, o excesso de calorias colabora para o ganho de peso, sendo a obesidade um dos fatores de risco para o diabetes.
Além disso, o aquecimento do óleo desencadeia reações, caso da peroxidação lipídica, que aumentam os radicais livres — moléculas que, em excesso, causam danos celulares. Há ainda a produção de compostos pró-inflamatórios.
“Esses efeitos têm relação com a resistência à insulina”, observa a nutricionista Maristela Strufaldi, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Ela refere-se ao desajuste no metabolismo da glicose que também contribui para o desenvolvimento do diabetes.
Ainda que as frituras não sejam totalmente proibidas, o conselho é evitá-las o máximo possível. Para quem gosta da consistência da batata frita, uma sugestão é lançar mão da fritadeira a ar, a air fryer. “O equipamento tende a deixar a camada externa crocante e o interior macio, com pouquíssimo ou nenhum óleo”, destaca Gabriela.
Ainda assim, a moderação e a combinação de alimentos para compor uma refeição, continuam sendo pontos fundamentais. “A chave é o equilíbrio e o contexto da dieta”, observa a nutricionista.
Batatas chips são comumente servidas como petisco, acompanhamento ou aperitivo. As chips básicas são fritas e salgadas; variedades adicionais são fabricadas com vários aromas e ingredientes, incluindo ervas, especiarias, queijos e aditivos artificiais.
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Batata chips refere-se ao produto da preparação culinária de fatias finas e onduladas de batata que foram fritas ou cozidas até ficarem crocante.
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O consumo de batata frita, portanto, deve ser moderado, pois o alimento é rico em calorias e gordura, sobretudo por causa do uso de determinas óleos.
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Outro fato problemático das batatas fritas são os acompanhamentos e molho. Geralmente, ela é consumida com manteiga, alho, queijo cheddar, bacon, carne de sol desfiada, cebola, entre outros.
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Além da fritadeira a ar (air fryer), que não utiliza óleo, a batata assada ou até feita no micro-ondas é tão saborosa quanto a versão frita e menos prejudicial à saúde.
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Dessa forma, um dos principais motivos para a batata frita ser considerada uma vilã é que qualquer óleo, quando aquecido acima de determinada temperatura, passa por transformações em sua composição química e libera uma substância tóxica chamada acroleína.
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Esse tipo de fritura pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, ansiedade e depressão, segundo estudos.
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No entanto, existem riscos no alto consumo da batata frita em virtude dos óleos utilizados, sobretudo na culinária de rua. Ela pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, ansiedade e depressão, segundo estudos.
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Existem diferentes tipos de batata, como lisa, Asterix e bolinha, que variam de acordo com a textura; a cor da polpa, amarela ou branca.
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A batata, conhecida também como inglesa, é um tubérculo com ótimas quantidade de fibras e amido resistente. Ela contém boas quantidades de polifenóis, flavonoides e antocianinas, que são compostos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
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Além do seu sabor, a batata é rica em vitaminas, fibras, antioxidantes e nutrientes. Ela se destaca por ser um alimento de rápido e fácil preparo, sendo um petisco que agrada o paladar de adultos e crianças.
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A técnica de fritura só foi popularizada no século XIX, quando a batata frita se tornou uma especialidade culinária amplamente consumida na Europa.
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Foi, portanto, através dos espanhóis que a batata chegou ao Brasil. Ela serviu como alimentação primária para os colonos até o final do século XIX e ao longo das décadas se tornou fenômeno gastronômico.
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Nos Estados Unidos, a batata é o vegetal mais consumido, seja na forma de fritas, chips e outros produtos congelados ou processados. Por lá, ela está presente nas linhas de fast food.
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Existe um documento de 29 de novembro de 1626, sobre uma refeição oferecida por índios no Forte de Nascimento, no Chile, para os conquistadores espanhóis, em que relata a presença de batatas fritas no prato dos convidados.
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Sendo assim, as batatas foram cortadas em forma de peixinhos e depois fritas, dando assim início à tradição. Atualmente, nas barracas chamadas de fritkot, as pessoas formam filas na hora do almoço para consumí-las.
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Vale destacar que os belgas costumam consumir a batata frita através de cones de papel. Por lá, conta a lenda que no século XVII, após um inverno rigoroso na região de Namur, o rio Meuse congelou e não era possível pescar.
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Além disso, há a crença de que a batata frita tenha se originado na Europa no século XIX, tendo registros de um livro (Les Soupers de la Cour) publicado em 1825 sobre culinária francesa.
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De acordo com o TasteAtlas, uma delas menciona que o chef George Crum Speck, enquanto trabalhava em 1853 no restaurante Moon’s Lake House, em Saratoga Springs (NY), transformou uma batata na versão conhecida atualmente.
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Embora seja um alimento extremamente popular no mundo todo, existem muitas discordâncias sobre sua origem e como ela se expandiu na culinária de diversos países.
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Seja na refeição ou como acompanhamento, a batata frita é um dos alimentos mais queridos dos brasileiros, sobretudo das crianças, Presente em fast foods, ela é um fenômeno mundial na gastronomia por seu sabor único e textura crocante.
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Dicas para o dia a dia
Como a alimentação envolve aspectos culturais, sociais e emocionais, a batata tem seu lugar garantido. Basta variar as receitas. “A sugestão é priorizar o preparo no vapor, na água ou no forno”, orienta a especialista da SBD. E, sempre que possível, cozinhar com a casca, que contém fibras, as aliadas do intestino.
Se a ideia é aproveitar todas as partes do vegetal, vale caprichar na limpeza e, de preferência, adquirir a versão orgânica. Ervas como alecrim e orégano são bem-vindas, assim como a páprica. Tais ingredientes perfumam e deixam tudo mais saboroso.
Outra sugestão é a batata em forma de purê. Uma dica é substituir a manteiga e o creme de leite por água ou leite (preferencialmente desnatado) e azeite. Assim se garante a textura cremosa, com menos calorias e gorduras saturadas. “A receita vai ficar mais leve e rica em fibras, se forem acrescentados outros vegetais cozidos e amassados, como cenoura, couve-flor ou abóbora”, propõe Gabriela Yoshimura.
Batatas entram ainda nas receitas de nhoque, escondidinho, entre tantas outras. Além de oferecerem carboidrato — nutriente sinônimo de energia e indispensável ao funcionamento do organismo —, elas contêm vitaminas do complexo B, que favorecem o humor.
Há ainda sais minerais, sobretudo o potássio, guardião dos músculos e aliado contra a hipertensão arterial; e pitadas de substâncias antioxidantes, caso dos polifenóis, que resguardam nossas células.
Portanto, não hesite em incorporar esse tubérculo nutritivo em suas refeições diárias e desfrutar de todos os seus benefícios.
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Seja em pratos principais, assada, cozida ou até mesmo em sucos, a batata-doce é uma adição valiosa à dieta de qualquer pessoa que busca uma vida mais saudável.
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A batata-doce é um superalimento que oferece uma infinidade de benefícios à saúde. Seu consumo regular pode auxiliar na prevenção de doenças, no fortalecimento do sistema imunológico, na manutenção de um intestino saudável e até mesmo na melhora do humor.
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Para prepará-lo, basta cozinhar um pedaço de batata-doce até que fique macio, e então bater no liquidificador com folhas de hortelã, polpa de maracujá e água.
Outro jeito bom de aproveitar os benefícios da batata-doce é através de sucos. Uma combinação refrescante é o suco de batata-doce com hortelã e maracujá. Esse suco não só é nutritivo, mas também oferece um sabor incrível.
Apesar de ser rica em carboidratos, a batata-doce possui um baixo índice glicêmico, o que significa que sua absorção de açúcar no sangue é mais lenta. Isso ajuda a evitar picos de glicose, tornando-a uma alternativa mais segura em comparação à batata inglesa para pessoas com diabetes.
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Isso é particularmente importante em épocas de mudança de estação, quando o corpo está mais suscetível a gripes e resfriados.
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O betacaroteno, juntamente com as vitaminas A e C, colabora na proteção contra infecções e doenças, aumentando a resistência do organismo.
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A batata-doce não só ajuda na saúde do intestino, mas também é um ótimo reforço para o sistema imunológico.
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A batata-doce também é uma aliada no ganho de massa muscular, tornando-se uma escolha ideal para quem deseja fortalecer o corpo de forma saudável.
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Ricas em fibras, vitaminas e antioxidantes, são ótimas para quem busca uma opção nutritiva e saborosa.
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Cook'n Enjoy
Batata-doce chips, por exemplo, são uma alternativa saudável e deliciosa aos snacks tradicionais. Feitas a partir de fatias finas de batata-doce assadas ou fritas, oferecem um sabor adocicado e crocante.
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Para aqueles que praticam atividades físicas, a batata-doce é uma excelente fonte de energia. Os carboidratos complexos presentes fornecem a energia necessária para treinos intensos, enquanto as fibras ajudam a manter a sensação de saciedade.
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Outro benefício importante da batata-doce é a sua capacidade de promover um intestino saudável. Isso se deve à presença de fibras solúveis e insolúveis, que ajudam a estimular os movimentos intestinais e combater a prisão de ventre. A eliminação eficaz de toxinas e resíduos é vital para evitar problemas digestivos e promover o bem-estar.
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A presença da vitamina C também contribui significativamente para essa proteção, tornando a batata-doce um alimento essencial para quem busca manter a pele saudável e combater os sinais de envelhecimento.
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Um dos grandes destaques da batata-doce é a sua alta concentração de betacarotenos. Este potente antioxidante, além de conferir a cor vibrante, atua protegendo as células do corpo contra danos causados por radicais livres e inflamações.
Imagem de Beverly Buckley por Pixabay
Rica em carboidratos, fibras, vitaminas e minerais, a batata-doce oferece uma série de benefícios para a saúde, que vão desde a prevenção do envelhecimento precoce até o auxílio na saúde intestinal e mental.
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Com suas diversas cores – que vão do branco ao roxo, passando pelo creme e pelo alaranjado – esse alimento é mais do que um simples acompanhamento; é um verdadeiro aliado nutricional, podendo até mesmo ser consumido em forma de suco (leia até o fim).
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A batata-doce é um tubérculo que tem conquistado cada vez mais espaço nas mesas e nas dietas de pessoas preocupadas com a saúde.
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Confira outros tipos de “batatas”
A batata conhecida como inglesa, na verdade, tem berço sul-americano, da região dos Andes. Outros vegetais também levam o nome de batata, mas guardam poucas semelhanças.
Confira exemplos e aposte na variedade no dia a dia:
Batata-baroa
Embora também seja chamada de batata-salsa, ela é mais conhecida como mandioquinha ou baroa. De coloração amarela, faz parte da família da cenoura. Também é rica carboidrato, potássio e fibras. Seu sabor adocicado fica perfeito em sopas, cremes e purês.
Batata-doce
Mais uma opção para variar a fonte de carboidrato, inclusive pode aparecer assada à mesa do café da manhã, para garantir disposição logo cedo. A batata-doce fornece um pouco mais de fibras se comparada à inglesa e contém vitaminas do complexo B. Outro destaque é a presença de betacaroteno, um precursor da vitamina A, a protetora da saúde dos olhos.
A versão roxa apresenta antocianinas, substâncias que zelam pelas artérias. Quanto ao uso, além de assadas, vão bem refogadas, em cozidos, purês, entre outras preparações.
Batata yacon
Seu nome científico é Smallantus sonchifolius. Trata-se de mais um alimento de origem andina. A yacon oferece um tipo de fibra especial, conhecido como inulina, que tem ação prebiótica, ou seja, favorece a proliferação de microrganismos probióticos do intestino, contribuindo para o equilíbrio da microbiota.
Esse feito traz impactos positivos no funcionamento intestinal, no humor e até na imunidade. Com textura diferente das outras, costuma ser consumida em saladas e até em sobremesas.