Canetas emagrecedoras e queda de cabelo: entenda a relação e a solução
Especialistas explicam por que os remédios para emagrecer causam queda e afinamento dos fios; saiba como um acompanhamento pode prevenir o problema
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Os agonistas do GLP-1, popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras, oferecem uma abordagem de alta eficácia e são consideradas inovadoras para o tratamento de diabetes e obesidade. Além da semaglutida e da liraglutida, a categoria inclui ainda a dulaglutida, a exenatida, a tirzepatida e a lixisenatida.
O uso crescente do medicamento, no entanto, trouxe à tona uma queixa cada vez mais comum nos consultórios médicos: a queda de cabelo.
O problema, no entanto, não é um efeito direto dos medicamentos, mas uma consequência da perda de peso rápida e de possíveis deficiências nutricionais associadas ao tratamento.
Essa relação foi discutida por especialistas durante o lançamento do Centro de Pesquisa e Ciência Capilar do Grupo Boticário - instalado no laboratório de Pesquisa & Desenvolvimento da fábrica de São José dos Pinhais (PR). O evento, que reuniu experts, influenciadores e imprensa, incluiu visita aos laboratórios e à estrutura fabril.
A popularidade desses fármacos é inegável. “O Brasil só fica atrás dos Estados Unidos em termos de vendas e de buscas nas redes. É um mercado que movimenta mais de R$ 5 bilhões hoje”, afirma Gustavo Dieamant, diretor executivo de P&D do grupo.
Ele ainda destaca que a projeção global aponta para “quase 150 bilhões de dólares até 2030”, impulsionada pela modernização dos fármacos e pela redução de efeitos adversos.
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Por que o cabelo cai durante o tratamento?
A médica e tricologista Romana Novais explica que a queda e o afinamento dos fios são efeitos secundários. Quando o corpo enfrenta uma redução drástica de calorias, ele entra em modo de economia de energia. Funções não vitais, como o crescimento capilar, são colocadas em segundo plano para garantir o funcionamento de órgãos essenciais.
“O paciente deixa de ingerir proteínas e nutrientes essenciais. O corpo começa a guardar energia para os órgãos vitais, e o folículo piloso não recebe o que precisa para funcionar”, detalha a especialista.
Ela acrescenta que o folículo é um “mini-órgão que demanda muita energia” e, por isso, é um dos primeiros a ser afetado.
Além da queda, outros sinais podem surgir durante o uso das canetas emagrecedoras. Entre as queixas frequentes estão:
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Unhas mais frágeis
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Cabelo opaco e sem brilho
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Flacidez corporal
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Fadiga
Esses sintomas costumam estar ligados a déficits de micronutrientes como zinco, selênio, vitamina B12 e magnésio.
Apesar disso, Romana destaca que há caminhos de prevenção e tratamento: “A ciência tem muitas ferramentas. Tenho visto aumento na busca por tecnologias como lasers, e cada vez mais pacientes chegam antes, procurando uma abordagem preventiva.”
Acompanhamento médico é a principal solução
A prevenção é o melhor caminho para evitar o problema. Segundo Carlos André Minanni, endocrinologista do Einstein Hospital Israelita, o tratamento para perda de peso precisa ser multidisciplinar.
A velocidade com que os quilos são eliminados parece ser o fator mais associado à queda capilar, e não uma ação direta do medicamento no folículo.
“Se eu reduzo o apetite do paciente, ele vai ingerir menos. Então ele precisa ingerir algo nutritivo. Muitas vezes pode ser necessário complementar”, ressalta.
Por isso, o acompanhamento com nutricionista e endocrinologista é fundamental para garantir que o corpo receba todos os nutrientes necessários, mesmo com a ingestão calórica reduzida.
E, os especialistas destacam que, antes de iniciar o uso dos medicamentos, é importante realizar uma avaliação completa da saúde do paciente.
Verificar os níveis de vitaminas, a função da tireoide e outros marcadores hormonais ajuda a minimizar os riscos. Adotar essa abordagem preventiva, embora não garanta 100% de eficácia, reduz significativamente as chances de complicações, incluindo a queda de cabelo.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.