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Estado de Minas ALEXANDRE GARCIA

Xingamento a Moraes em Roma merecia simples registro

"Prendam os suspeitos de sempre". Produz-se muito barulho para n�o se ouvir o discurso do ministro Barroso na UNE


26/07/2023 04:00 - atualizado 26/07/2023 10:14
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Ministro Alexandre de Moraes foi xingado por bolsonaristas no aeroporto de Roma
Ministro Alexandre de Moraes foi xingado por bolsonaristas no aeroporto de Roma (foto: SERGIO LIMA/AFP)

 

O que merecia um simples registro ganhou manchetes e p�ginas sem fim, porque o epis�dio no aeroporto de Roma acontecera apenas dois dias depois da participa��o de um ministro do Supremo no Congresso da UNE. No dia 12, quarta-feira, o ministro Barroso afirmou, na UNE, que “n�s derrotamos o bolsonarismo”. Para a sorte dele, antes que a semana terminasse, na sexta-feira, 14, seu colega Alexandre de Moraes foi xingado no Aeroporto de Roma (Fiumicino). A fala de Barroso complementa a de Nova Iorque “Perdeu, man�, n�o amola”. O vitorioso que se gabava em Bras�lia j� havia tripudiado de um derrotado em Nova Iorque. Presen�a in�dita de um juiz do Supremo em congresso da UNE em que emo��es expuseram aquele que foi presidente da Justi�a Eleitoral num per�odo de preparo para a elei��o presidencial de 2018, �poca de debate sobre seguran�a das urnas e comprovante impresso do voto.

 

A�, sobreveio um fato quase rotineiro, de apupos em outro continente. Foi a oportunidade para desviar a aten��o da opini�o p�blica, saturando-a com o incidente de Fiumicino. At� ent�o esse tipo de xingamento a autoridades n�o merecia mais que um registro discreto nos jornais do dia seguinte, para n�o estimular esse tipo de manifesta��o. Em geral, s� aparecia nas redes sociais o v�deo colhido por algum circunstante. Igualmente as redes registravam os aplausos, como os que recebia o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo em tempos do mensal�o, o os vivas ao juiz Sergio Moro, condutor do inqu�rito da Lava-Jato.

 

Ironicamente, o alvo em Roma foi justamente o ministro que, em junho de 2018 sentenciou em voto: “Quem n�o quer ser criticado, satirizado, fica em casa”. Com tanta exposi��o do incidente, o Poder Executivo tratou de anular o est�mulo para novas manifesta��es contra autoridades, e anunciou uma proposta de lei para dissuadir os descontentes com a atua��o de servidores do p�blico. Penas

 

gigantescas de pris�o para ataques a autoridades, ultrapassando at� as penas de crimes grav�ssimos. O pr�prio presidente da Rep�blica se encarregou de qualificar os supostos agressores de animais selvagens que deveriam ser extirpados - surpreendente para um pa�s que n�o tem pena de morte.

 

Tamb�m surpreendente que o pr�prio tribunal que abriga o ministro em quest�o tenha assumido o caso, embora os supostos agressores n�o tenham foro no Supremo. Num caso de Justi�a Federal de primeira inst�ncia, foi a �ltima inst�ncia que reagiu, j� negando a possibilidade de recursos. Foi a presidente do STF quem autorizou busca e apreens�o no domic�lio das pessoas investigadas. A Pol�cia Federal entrou na resid�ncia do casal Mantovani e levou documentos, celulares, computadores - a��o in�dita para um aparente caso de vias de fato, que � contraven��o, e desacato no exterior, sem pena que justifique inqu�rito de extraterritorialidade.

 

O PDS de Gilberto Kassab tamb�m se contaminou com a ca�a aos “animais selvagens”, e sumariamente expulsou Roberto Mantovani do partido, mesmo sem apura��es conclusivas do epis�dio. O presidente da Rep�blica, discursando no Sindicato dos Metal�rgicos, aprovou a expuls�o sum�ria e lembrou que o expulso fora candidato a prefeito. N�o mencionou que a candidatura, em 2004, tinha o apoio de Lula e o vice do PT. Depois, recomendou que mesmo n�o gostando de algu�m, n�o se deve xingar. Em seguida, qualificou Mantovani de canalha. E n�o se constrangeu em revelar para uma plateia de metal�rgicos que havia avisado o chefe de governo alem�o de que o suposto agressor de Moraes se diz representante de uma empresa alem�.

 

Al�m disso, anunciou-se com estardalha�o a j� sabido no caso Marielle. Para corroborar com a a��o, prendeu-se o Suel, que j� cumpria pris�o domiciliar. O Capit�o Renault, de Casablanca, foi o modelo: “Prendam os suspeitos de sempre”. Produz-se muito barulho para n�o se ouvir o discurso de Barroso na UNE.


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